Macroeconomia


Análise | Balança Comercial | Nov.24

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Gustavo Menezes

Publicado 05/dez2 min de leitura

Balança comercial recupera em novembro, mas fica abaixo do esperado

A balança comercial foi superavitária em US$ 7,0 bilhões em novembro, contrastando com as expectativas de mercado de US$ 7,5 bilhões. O mês anterior também foi revisado negativamente, de US$ 4,3 bilhões para US$ 4,2 bilhões. No acumulado dos últimos doze meses, o saldo comercial foi de US$ 79,2 bilhões, sendo US$ 341,1bilhões de exportações e US$ 261,9bilhões de importações. O resultado mensal ex-petróleo foi de US$ 3,3 bilhões e o saldo ex-minério foi de US$ 4,7 bilhões, ambos representando uma redução frente aos saldos atingidos em novembro de 2023, de R$ 5,5 bilhões e R$ 6,2 bilhões respectivamente.

Termos de troca

Os termos de troca não oscilaram em novembro, porém houve revisão positiva nos termos de outubro mostrando leve tendência de alta, em meio à alta de igual magnitude no preço das exportações e importações. O qualitativo foi misto, com bens de capital registrando queda de 9% após oscilação positiva de 6% em outubro, que foi compensada pela alta de 3,1% nos bens intermediários, que são mais relevantes na pauta. Assim como o resultado agregado, a linha de bens de consumo não apresentou alteração.

Exportações

As exportações aumentaram 0,5% frente a novembro de 2023, com destaque para o café cujo preço apresentou alta de quase 60% em meio à temores de oferta que não se materializaram neste relatório. Os volumes reduzidos de soja estão sujeitos à viés dado que novembro não é um mês de colheita, situação contrária do milho que registra queda de mais de 30% nos volumes em meio à um mês de colheita, numa conjuntura melhor abordada no nosso Relatório Agro. Em contrapartida, a frustração no agro foi compensada por melhora na exportação de petróleo, cuja expansão no volume exportado compensou a queda recente nos preços.

Importações

As importações cresceram 9,9% frente a novembro de 2023, com o qualitativo dando mais indícios de uma atividade na indústria e na construção civil que, apesar de ainda aquecida, demonstra um ritmo de crescimento mais ameno do que registrado meses atrás. Em conjunto com o arrefecimento disseminado nos insumos de transformação para novembro, o resultado para os bens de consumo e para os insumos de agro foram mistos, e o resultado mais importante foi a variação difusa nos preços das principais pautas, sem tendência clara de concentração entre os grupos e que pode ser indicativo de gargalos pontuais na oferta dos insumos.

Estresse das cadeias de oferta

A situação logística apresentou melhora para os exportadores desde o último relatório, com preços de frete oriundos de Santos atingindo as mínimas de meados de 2023. Ao mesmo tempo, a antecipação das compras de produtos chineses pelos americanos antes do aumento tarifário mantém os fretes oriundos de Shanghai pressionados e prejudicando os importadores brasileiros, que mesmo assim mantém ritmo firme acompanhando a atividade doméstica robusta. Também temos visto progresso no tratado comercial UE-Mercosul que geraria mais abertura comercial no Brasil, apesar de tensões com a França em particular que se mostraram mais evidentes com o boicote da Carrefour e o PL da Reciprocidade que visa punir importações francesas.

Perspectivas futuras

Nossa perspectiva é de um dezembro mais fraco que o anterior mas com indícios de estabilização no saldo de 12 meses. Ficamos atentos a fatores que podem motivar essa reversão na tendência dos últimos relatórios: apesar da depreciação cambial vista ao longo do último mês prejudicar o saldo comercial no curto prazo via rigidez de contratos de importação, a mesma deve acabar beneficiando os exportadores brasileiros em meados de 2025 com a maior atratividade dos produtos brasileiros no mercado global, situação que pode ganhar breve estímulo com movimentos de antecipação de importações pelas firmas americanas em dezembro e no início de 2025 frente aos aumentos de tarifas esperados durante o próximo governo. Adicionalmente, conforme nosso relatório recente, vemos tendência favorável para o preço das exportações agropecuárias, em particular para a soja.

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