Macroeconomia


Análise | Balança Comercial | Out.24

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Gustavo Menezes

Publicado 06/nov3 min de leitura

Balança comercial foi superavitária em US$ 4,3 bilhões em outubro

A balança comercial foi superavitária em US$ 4,3 bilhões em setembro, contrastando com as expectativas de mercado de US$ 4,6 bilhões. O mês anterior também foi revisado negativamente, de US$ 5,4 bilhões para US$ 5,0 bilhões. No acumulado dos últimos doze meses, o saldo comercial foi de US$ 81,1 bilhões, sendo US$ 341,1 bilhões de exportações e US$ 260 bilhões de importações. O resultado mensal ex-petróleo foi de US$ 1,6 bilhões e o saldo ex-minério foi de US$ 2,1 bilhões, ambos representando uma redução frente aos saldos atingidos em outubro de 2023, de R$ 6,1 bilhões e R$ 6,4 bilhões respectivamente.

Termos de troca

Os termos de troca oscilaram 0,7% em outubro, mostrando estabilidade na margem desde junho, causada por quedas tanto no preço das importações quanto no preço das exportações. A melhora foi concentrada nos bens de capital, com variação mensal de 6% revertendo a queda do mês anterior, enquanto os bens de consumo reverteram parte da forte alta do mês passado, caindo 1,9%.

Exportações

As exportações reduziram 0,7% frente a outubro de 2023, com destaque para a celulose, que teve queda de 25% no volume e 28% no preço. Como reflexo das queimadas, outubro foi marcado por uma redução geral nos volumes exportados frente ao mesmo período do ano anterior, em particular para o café, celulose, carne bovina e açúcar cujas safras e abates já foram imediatamente impactados. Esperamos impactos defasados na soja e no milho, que tiveram longos atrasos no plantio em decorrência do clima mais extremo observado ao longo deste ano. Olhando além das pautas agropecuárias, o resultado foi mais ameno, com algumas reduções na margem e um forte aumento, de 75%, no volume de aço exportado.

Importações

As importações cresceram 22,5% frente a outubro de 2023, com volatilidade continuada no gás natural, cuja importação avançou 170% no volume e 43% no preço frente ao mesmo período do ano anterior. As variações de preço para as principais pautas foram difusas, porém tendendo mais para a queda especialmente para os grupos de insumos de transformação, petróleo e derivados. As variações de volume, por outro lado, foram largamente positivas frente ao último outubro, e contrastam com a redução de volume observada no último relatório. Em termos gerais, a tendência de aumento das importações se mantém, em particular para os volumes, como reflexo da atividade robusta que tem sido observada na indústria de transformação. Nota-se, ainda, que o impacto recente das queimadas na agropecuária representa uma possível ameaça para a quebra dessa tendência nos próximos meses.

Estresse das cadeias de oferta

As tensões portuárias notadas no relatório anterior já normalizaram sem impactos ao Brasil, e o arrefecimento da economia chinesa em geral aparenta ter contribuído para a tendência de afrouxamento das condições logísticas observadas desde abril. Ressalta-se, ainda, as possíveis implicações para a cadeia de oferta global com a eleição de Trump, que planeja criar uma tarifa global mínima de 10%. Apesar das relações comerciais entre o Brasil e os EUA serem relativamente diminutas nos últimos anos, particularmente para as importações, uma redução no volume global de comércio deve amenizar ainda mais o preço dos fretes, especialmente nas rotas para a China, que é bastante exposta ao comércio americano.

Perspectiva para o próximo mês

Mantemos a perspectiva de um novembro mais fraco que o anterior, com continuidade na piora do saldo em 12 meses. A tendência do aumento das importações continua em meio a um ambiente subjacente bem robusto na atividade industrial, e a tendência de queda nas commodities retornou após um breve ânimo causado pelas notícias do pacote de estímulos chinês. Adicionalmente, os impactos das queimadas ainda não foram completamente realizados nas pautas agropecuárias, e os impactos do atraso de plantio na produtividade da soja e milho devem ser acompanhados de perto para a próxima safra. Mais à frente, percebemos dados de expectativa e estoques que indicam uma indústria ainda forte, mas com perda de cadência, num cenário que caso materializado irá agir para arrefecer o volume de importações.

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