Abertura da Semana
A semana começou otimista para as bolsas em Nova York após a nomeação de Scott Bessentpara secretário do Tesouro, por Donald Trump. O nome vem de Wall Street e agradou, correspondendo às expectativas prévias, e as declarações de Bessent em reduzir o déficit público ajudaram em um arrefecimento do dólar frente às demais moedas, além de alívio dos juros das Tresuries. Bolsa chinesa segue reagindo às expectativas pessimistas do mercado quanto à eficácia dos estímulos recentes e ao futuro das relações comerciais com Trump no governo, podendo complicar ainda mais a reação da atividade chinesa. Na Europa, vimos a agenda de M&A agitar o mercado por lá, com a oferta de aquisição feita pelo banco italiano Unicredit pelo conterrâneo BPM por US$ 10,5 bilhões, criando um dos maiores conglomerados europeu.
Por aqui, após a Petrobras anunciar seu novo plano estratégico e dividendos extraordinários, ajudando o índice Ibovespa na semana passada, nesta segunda-feira a companhia passou por leve correção. Mas o foco do mercado mesmo está para o possível anúncio do pacote de corte de gastos, com Haddad já dando como pronto. Além disso, também toma conta do noticiário a crise da carne, desencadeada pelo CEO global do Carrefour, que afirmou que não importará carne do Mercosul para a rede na França, mas que agora enfrenta boicote dos frigoríficos no Brasil após declaração.
Rapidinhas do Mercado
A semana passada foi intensa e mais curta, divulgamos por aqui a nossa projeção para o Ibovespa para 2025. Veja aquiporque achamos que o Ibovespa deveria negocia a 143.200 pontos. Além disso, fizemos uma live na qual você pode conferir todo esse papo super construtivo sobre o cenário esperado para o ano que vem. Clique no vídeo abaixo para conferir.
Falando em lives...Longe de mim ser mais um “Mad Money” brasileiro mas agora estou todas as manhãs ao vivo a partir das 10 horas, de segunda à sexta-feira, no canal de Investimentos do Inter para falar da abertura do mercado e de bolsa sob o aspecto fundamentalista. Então espero vocês por lá!
O nem tão novo plano da Petrobras
A Petrobras divulgou o seu plano estratégico para os próximos 5 anos (2025-2029) e para além do que se esperava em termos de investimentos da companhia, os quais acabaram ficando em linha com que o mercado esperava em termos de direcionamento do capex para Exploração & Produção versus Refino, Transporte e Comercialização. Mas, o mercado gostou mesmo foi da aprovação do pagamento de dividendos extraordinários. Resumindo, a companhia vai despender de cerca de 69,3% do guidance total para E&P e o restante dividido entre RTC, Gás, Energias de baixo carbono e Corporativo, o que sofreu leve alteração para cima das áreas ex-E&P, mantendo em linha com às expectativas de mercado e o direcionamento da nova gestão. O ponto positivo foi a aprovação de uma faixa de US$ 45 e US$ 55 bilhões em dividendos ordinários e mais uma faixa de US$ 5 e US$ 10 bilhões em dividendos extraordinários, o que geraria um dividend yield anual de aproximadamente 10% a 12%. O mercado parece ter gostado, agora foca em acompanhar os investimentos da companhia pela frente, inclusive querendo ampliar sua participação no mercado de etanol através de participação minoritária e controle compartilhado com players relevantes da indústria. Falando nisso, viram a notícia que a Raízen quer achar um parceiro para o negócio de etanol?
Negociando a 2,9x EV/EBITDA, PETR4 parece baratíssima. Com um plano já desenhado e dividendos contratados, a companhia se mostra uma pechincha, mas é preciso ficar de olho no sócio.
La crise de la viande
O CEO global do grupo Carrefour, Alexandre Bompard, resolveu agradar os agricultores franceses, mas por outro lado “causar” com o mercado de carnes brasileiro e sulamericano. Isso porque o front man global do grupo resolveu informar que o Carrefour francês não importaria mais carne do Mercosul, alegando ainda que países do Mercosul não seguem as mesmas regras, principalmente ambientais que eles. A declaração gerou uma série de notas de repúdio dos representantes por aqui e também acarretou em suspensão de fornecimento dos frigoríficos brasileiros ao Carrefour Brasil, fato que causou queda de quase 5% das ações na abertura do mercado da segunda-feira, mas que se recuperaram ao longo do dia. A situação ainda é delicada para ambas as partes, mas com preocupações de desabastecimento em breve das redes no país, que passam por boicote dos frigoríficos por aqui, enquanto não há retratação do tema por parte dos franceses.
Segundo noticiário, somente a JBS corresponde a 80% do fornecimento de carnes do Carrefour Brasil, e desde sexta-feira as redes do Atacadão e Sam’sClub não recebem reposição do estoque de carnes e, segundo estimativas, nos 200 supermercados do grupo a média do estoque de carnes é de 8 dias, o que pode refletir em problemas até o final da semana. Por fim, o noticiário parece ser negativo para ambas as partes, contudo, com maiores impactos para a rede varejista, já que o boicote tem se expandido para cooperativas e indústrias de aves e suínos e também com o congresso discutindo projeto de reciprocidade ambiental.
Pacote saiu para entrega?
O mercado está em ritmo de um comprador corriqueiro de qualquer e-commerce, esperando pela sua encomenda. Parece até mesmo os velhos tempos que importávamos algo e ficava parado uma eternidade em Curitiba para os desembaraços aduaneiros – uma nostalgia não muito boa. Nesta segunda-feira, as reuniões no Palácio do Planalto foram retomadas e o mercado aguarda ansioso por algum desfecho, Haddad chegou a prometer que iria apresentar o pacote entre segunda e terça-feira e segundo ele, a Fazenda está pronta para o anúncio. O mercado anda um pouco cético, mas não quanto ao tamanho do pacote ou se ele será lançado esta semana mesmo. A espera é de algo em torno de R$ 40 bilhões de economia, mas o ceticismo mesmo é quanto aos problemas estruturais do gasto público e pode ser que só o pacote a ser anunciado não convença alguma parte do mercado. E aí teremos rali de fim de ano dentro desse pacote?