Investimentos no Exterior


O dia depois de Nvidia

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Gabriela Joubert

Publicado 29/ago2 min de leitura

Ela superou as expectativas, mas não foi suficiente

  • Mesmo acima do consenso, o mercado queria mais e os papéis da Nvidia recuaram 7% após o fechamento do mercado;

  • A euforia com a trend secular de AI parece ter perdido um pouco do momentum;

  • Mesmo assim, bolsas norte-americanas sobem hoje, precificando um cenário de juros mais baixos à frente;

  • Setores defensivos e bancos são os destaques de alta no mês

A Nvidia reportou ontem seus resultados referente ao 2T24 e, apesar de bater o consenso de Wall Street com resultados fortes, o mercado parece não ter se impressionado tanto assim. Logo depois do anúncio e do call de resultados, os papéis da companhia chegaram a despencar 9%, encerrando em queda de 7% no after-market.

Mesmo tendo mostrado números acima do esperado e reforçado um guidance ainda robusto para o restante do ano, o mercado esperava mais. Na verdade, a impressão é que esperava-se apenas um motivo para que os investidores pudessem, desta vez, realizar parte dos lucros e encerrar um ciclo de alta que prevalece há meses. A companhia reportou mais um trimestre de margens acima de 50%, número cinco vezes maior que a média das empresas do S&P 500, de acordo com levantamento da Bloomberg. Um outro ponto de atenção aos investidores foi a dificuldade da empresa em entregar sua nova geração de chips ao mercado, o Blackwell.

O movimento de ontem e hoje, podem indicar que a trend secular de AI está perdendo um pouco do momentum, um pouco do frisson. Mas, não necessariamente o estouro de uma bolha. Os resultados da Nvidia continuam sólidos e crescentes, mas de fato, um P/L de 35x coloca em dúvida a velocidade de crescimento das entregas daqui pra frente.

Mesmo com a correção dos papéis da fabricante de chips de US$ 3 trilhões em valor de mercado, as bolsas hoje sobem em Nova Iorque, na esteira de melhores expectativas quanto à economia norte-americana. A curva de juros segue antecipando cortes à frente de até 100 p.b., ao mesmo tempo que o PIB divulgado hoje em 3% (ante expectativa de 2,8%) corrobora a resiliência da atividade na maior economia do mundo.

Investidores se preparam para o PCE amanhã, que deve mostrar que a inflação avançou 0,2% m/m em julho, levemente acima da leitura anterior, registrando alta anual de 2,5%, mas ainda em tendência baixista.

Com a precificação de um cenário de afrouxamento na política monetária no país, setores mais sensíveis aos juros vem se beneficiando ao longo do mês, mas também alguns calls mais defensivos. Consumo não-discricionário já avança mais de 5%, assim como Real Estate. Na semana, o setor financeiro tem ganhos de mais de 2%, enquanto S&P 500 recua 0,75%.

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