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Global Markets - It's Nvidia Day

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Gabriela Joubert

Publicado 28/ago2 min de leitura

Como a Nvidia virou o principal barômetro do mercado

  • It’s Nvidia Day e o mercado não fala em outra coisa, já que os papéis da empresa têm funcionado como um termômetro do mercado;
  • Com expectativas elevadas quanto aos números da empresa, mercado precifica movimentações de cerca de 10% tanto para cima quanto para baixo a depender da divulgação;
  • Em razão da grande participação da companhia nos índices, resultados abaixo do esperado poderiam gerar um trigger de correção, impactando o S&P 500.
  • Mais que isso, mercado pode absorver guidance da empresa como mais um sinalizador do que esperar para a economia norte-americana para o restante do ano.

Enfim chegou o tão aguardado dia em que Nvidia divulgará seus balanços trimestrais. Assim como payroll ou PCE (medida de inflação preferida do FED), a divulgação dos resultados da maior fabricante de chips do mundo se tornou um grande evento mercadológico, fazendo com que o movimento dos papéis da empresa funcionem hoje como um bom termômetro do humor do mercado.

Desde o início deste ano, as ações da companhia já avançam mais de 150%, beneficiada por constantes resultados acima das expectativas e guidancescrescentes. O movimento reflete a incontestável liderança da empresa na nova tendência do século, a inteligência artificial, o que levou o valor de mercado da companhia a ultrapassar a marca dos US$ 3 trilhões. Com importante participação nos índices, qualquer movimento nos papéis, seja para cima ou para baixo, podem levar a similar correção nos índices. Hoje, o mercado de opções, por exemplo, precifica um ajuste de 10% em qualquer uma das direções a depender do resultado divulgado pela companhia.

Os papéis da empresatêm movido, em média, cerca de 8% nos dias de publicação de resultados, de acordo com um levantamento feito pelo Bespoke Investment Group, colocando a Nvidia em um grupo seleto, composto por Meta, Tesla e Alphabet, outras gigantes que também já foram afetadas pelo calor do momento do mercado.

Referente a este trimestre, o consenso em Wall Street espera um crescimento de 70% nas receitas da companhia vis-à-vis o mesmo período do ano anterior. Com expectativas tão altas, o desafio da companhia se torna ainda maior. O mercado tem acompanhado os resultados da empresa como um termômetro do apetite das Big Tech em relação aos seus negócios de Inteligência Artificial (AI). Nos últimos anos, os investimentos de empresas como Microsoft e Alphabet foram massivos nesta frente, impulsionando a demanda por chips e beneficiando toda a cadeia de fornecedores.

Mas agora, o mercado passa a demandar resultado destes investimentos bilionários que foram feitos em estruturas de AI, ansiosos pelo retorno que esses avanços vão trazer às Mag7, mas também à economia em geral, seja por maior eficiência operacional, seja por ganhos de produtividade ou por tecnologias disruptivas que evoluirão do que temos disponível hoje.

Olhando no curto prazo, os resultados e o guidance de Nvidia podem ser lidos também como um sinalizador de como a economia deve se comportar à frente. As discussões sobre um soft landing nos Estados Unidos e o início de ciclo de cortes de juros pelo FED ganharam força no início de agosto, destacando até a possibilidade de uma recessão.

Qualquer sinalização de que a demanda por seus produtos possa estar arrefecendo, poderá indicar ao mercado que a economia desacelera e acionar um trigger de correção nos ativos, especialmente os mais esticados. Dada a participação de Nvidia nos índices hoje, isso poderia causar uma correção importante, ao menos no curto prazo, do S&P 500, enquanto o movimento de rotatividade entre setores poderia ganhar ainda mais força.


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