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Inter Strategy - Os 50 recordes do S&P 500

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Gabriela Joubert

Publicado 11/nov4 min de leitura

Assunto da Semana: Os 50 recordes do S&P 500

Na última sexta-feira, o S&P 500, o principal índice da bolsa norte-americana, bateu o seu 50º recorde do ano. O feito por si só já é memorável, ainda mais se lembrarmos que estamos presenciando um ciclo de forte aperto monetário, ou seja, de juros historicamente altos para a economia norte-americana.

Vamos também relembrar que, normalmente, quando os juros estão em níveis muito altos, a bolsa tende a recuar, afinal o apetite do investidor para ativos de riscos diminui. Por que eu iria comprar ativos de maior risco se eu posso correr risco praticamente zero e investir em títulos públicos ganhando 5% ao ano? Isso falando de juros nos Estados Unidos, né?! No Brasil, a gente tá falando de uma Selic em 11,75%, fica ainda mais difícil de competir.

Mas essa regra parece que não se aplica ao S&P 500. O índice manteve sua tendência de alta ao longo de todo o ano, refletindo o avanço do lucro das empresas e a super tendência da inteligência artificial, bem como a resiliência da economia norte-americana, mesmo em meio a juros mais altos. Esse movimento foi ainda mais impulsionado pelo resultado das eleições na semana passada, com o mercado apostando em ganhos ainda maiores para as empresas no novo governo Trump. Resta saber se essas apostas se consolidarão. E aí, arrisca um palpite?

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Por que o Ibovespa não participa da festa?

Enquanto lá fora mercados celebram os ganhos da bolsa norte-americana, no Brasil o Ibovespa continua pressionado por forças que ultrapassam o racional e os fundamentos.

O desempenho do mercado de ações tende a refletir os resultados das empresas que compõem o índice. No caso do Ibovespa, hoje temos 86 papéis dentro do índice, sendo 83 listadas no Brasil. Destes papéis, assim como nos Estados Unidos, temos uma grande concentração em alguns setores. No caso da bolsa brasileira, vemos uma grande representatividade de companhias do setor de commodities e do setor financeiro. Geralmente, a bolsa reflete o quadro econômico do país. No Brasil, temos grandes exportadoras de commodities e grandes bancos. Nos Estados Unidos, temos o setor de tecnologia, a indústria e setor financeiro.

Quando a economia cresce, vemos também os resultados das empresas melhorarem, ou seja, vemos aumento de receitas e de lucros, na maioria das vezes. Isso leva a melhora nas projeções dos analistas e nas expectativas do mercado e assim, passamos a ver um reflexo disso nas análises das empresas e no valor de mercado delas, consequentemente. O resultado disso? A bolsa sobe!

Apesar dos bons resultados, cenário local tem pesado no Ibovespa. Nas últimas semanas, o Matheus Amaral tem comentado os resultados das empresas referente ao 3T24 na nossa Inter News de Renda Variável, e no geral, a temporada tem sido satisfatória. Mas, por que então o Ibovespa cai 5% este ano enquanto as demais bolsas globais sobem? Infelizmente, essa é uma realidade amarga de se engolir. No desempenho anual, na média, os principais índices globais avançam impressionantes 15% no ano. Até na China e na Europa, onde a situação está bem complicada, as bolsas operam no azul.

Mas, infelizmente, o cenário fiscal local tem pesado nos ativos. As preocupações com o excesso de gastos que temos visto têm elevado o prêmio de risco e pressionado os ativos. O tal IPCA+6% (ou quase +7% recentemente) que todos têm falado ou as taxas de ativos pré-fixados a 13%, são tudo resultado dessa maior preocupação com o futuro das contas públicas no país. E, claramente, isso acaba pesando na bolsa brasileira também. Em outubro, os investidores estrangeiros tiraram R$ 2,9 bi da B3, acumulando uma debandada de cerca de R$ 30 bi no ano.

Existe limite para a bolsa americana?

No ano, o S&P 500 avança mais de 25% até a última sexta-feira (08/11/24), ultrapassando a marca dos 6 mil pontos, após bater mais de 50 recordes em 2024. Por lá, o movimento que vemos de uma economia saudável e crescente sendo refletido na bolsa fica mais claro. Com o PIB norte-americano surpreendendo positivamente, vimos os resultados das empresas também refletirem esse comportamento. Mas, claro, não é só isso.

Desde o ano passado, temos visto também uma grande evolução dos papéis das empresas de tecnologia, por conta da Inteligência Artificial, a tese do século. E sendo os Estados Unidos o principal país das grandes empresas globais de tecnologia, naturalmente, veríamos esse movimento de alta também na bolsa. Mas, ressalto que em um primeiro momento o S&P 500 ia realmente puxado apenas pelas Big Tech, mas recentemente, já vemos outros setores também avançando fortemente.

Vejamos: no ano, o subíndice de tecnologia avança 35%, enquanto o financeiro sobe quase 33%. O pior desempenho, por enquanto, fica com o setor de Real Estate, que sobe “apenas” 9% em 2024 (é de matar de inveja, mesmo, né?!).

E quanto às expectativas? Alguns acreditam que os valuations, ou seja, as análises destas empresas estão muito esticadas, muito caras. Outros, não! Veem realmente que o céu é o limite. As projeções de Wall Street para o próximo ano são de crescimento de 13% nos lucros das empresas e isso poderia significar mais avanço na bolsa norte-americana. No entanto, vale ressaltar que estamos em momento de troca de governo por lá, o que pode movimentar ainda mais os mercados nos próximos meses.

Àqueles ainda na dúvida, lembro que estudos mostram que ficar de fora dos 30 melhores dias do S&P 500 nos últimos 30 anos teria reduzido sua rentabilidade em 83%. Isso significa que, melhor que tentar acertar o momento certo de entrar ou sair do mercado, o ideal é estar sempre alocado em ativos que mantém sua trajetória ascendente. Neste caso, o S&P 500.

Bons investimentos e conte com a gente!

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