Abertura da Semana
A semana começa com o mercado de olho nas eleições americanas e os índices em Wall Street fecharam em queda nesta segunda-feira antes das aguardadas eleições. Investidores parecem relutantes em montar posições direcionais significativas dado que as pesquisas seguiram acirradas entre os candidatos. A semana também conta com decisão de juros pelo Fed, desta vez na quinta-feira. Apesar do movimento de correção nos mercados, papéis da Nvidia avançavam levemente com a notícia de que a ação substituirá os papéis da Intel no índice Dow Jones.
Por aqui, o Ibovespa abre a semana com forte alta, após o ministro Fernando Haddad cancelando sua viagem à Europa e indicando que as novas medidas fiscais devem ser anunciadas nesta semana. A curva de juros despencou por aqui e o dólar também cedeu após a notícia, que tomou os holofotes no dia. No cenário corporativo, papéis da Magalu e Cognasaltaram 10% após queda da curva de juros.
Além do já mencionado, também ficam no radar: PMIs em diversos países e IPCA por aqui.
Acompanhando a temporada de resultados
Seguimos com o olho de Sauron sob a temporada de resultados e tivemos nomes importantes na semana passada como: Santander, Transmissão Paulista, Weg, Bradesco, CCR e Eztecdivulgando seus números. Nesta semana a agenda está tão cheia que me limitei aos ativos do Ibovespa para colocar aqui e divulgam nomes como: BB Seguridade, Itaú, Klabin, Gerdau, Pão de Açúcar, Prio, Tim e outros, confira na tabela abaixo.
Santander | Melhorando a Rentabilidade. O Santander mostrou avanço de 34% no lucro líquido na comparação com o ano anterior, computando R$ 3,7 bilhões neste trimestre com o ROE melhorando e indo para 16,6%. O resultado positivo foi reflexo de um controle na inadimplência e no foco do banco em produtos de maior rentabilidade e clientes de perfil mais seguro, o que pôde trazer um alívio na PDD. Tem sido claro o foco de melhoria na rentabilidade do Santander, apesar do menor crescimento da carteira de crédito no período vindo da cautela em manter a qualidade de crédito e a rentabilidade nas operações. SANB11 negocia a 1,2x seu valor patrimonial, valor 20% menor que no passado, quando reportava ROE acima de 20%, o que o banco tem buscado como meta de melhoria para resultados a frente. O resultado recente, mostra que o banco está no caminho certo e gradual de recuperação.
Bradesco | Recuperação lenta. O banco de Osasco segue na sua caminhada rumo à recuperação da rentabilidade, assim como Santander, que enfrentaram pressão tanto na inadimplência quanto nos resultados com tesouraria. Neste trimestre o banco mostrou avanço de 13% a/a no lucro líquido, mas a rentabilidade do banco segue bem abaixo dos pares com 12,9% registrados no terceiro trimestre, um avanço de 1,4 p.p. na comparação anual. Apesar de mostrar tendência positiva em indicadores como inadimplência, custo do crédito, o crescimento das margens de crédito e da carteira podem ter ficado a desejar para o mercado, e dado que o ROE segue abaixo do custo de capital médio do mercado, o banco segue negociando abaixo do seu valor patrimonial em cerca de 0,9x.
Transmissão Paulista | Endividamento pressionando margem. O Resultado da Isa CTEEP veio positivo, impulsionado pela evolução das receitas, principalmente de Reforços e Melhorias e contratos licitados. Pontos positivos neste aspecto foram a incorporação da reajustes com a revisão tarifária, reajustes no ciclo tarifário para 24/25 além de energização de projetos greenfield, aumento de encargos regulatório e maior volume de outras receitas com prestação de serviços. Nos demais pontos do resultado, a companhia segue com custos controlados, refletindo em melhora da margem líquida que registrou 81,3%, avançando 1 p.p. a/a. Apesar do bom desempenho operacional, o endividamento da companhia ainda pressiona o resultado financeiro, que piorou em 37,9% a/a com os custos de dívidas atrelados ao CDI e Inflação pressionando as despesas financeiras.
Weg | Exterior forte é destaque. A Weg como uma boa exportadora sentiu efeitos positivos da variação cambial no período, mas também mostrou bom crescimento da operação no exterior, tanto no segmento de Equipamentos Eletroeletrônicos Industriais (EEI), quanto em Geração, Transmissão e Distribuição de Energia (GTD). Para além do operacional, a incorporação da Regal Rexnordtambém trouxe efeitos positivos para o trimestre. Apesar do bom desempenho no mercado externo, no Brasil produtos ligados à geração eólica não performaram bem no trimestre, mas nada que tirasse o brilho do consolidado, onde as receitas avançaram 22% a/a e o EBITDA 28% a/a.
Itaú Unibanco | The best in class. O Itaú segue demonstrando porque é o melhor da turma entre os bancões incumbentes. Seu resultado no terceiro trimestre trouxe um lucro de R$ 10,7 bi, crescendo 3% t/t e 35% a/a com um ROE de 22,7%, maior nível desde 2019. O banco mostrou bom crescimento nas margens financeiras e além disso manteve controlado o custo do crédito e viu a qualidade de crédito melhorar no trimestre com a inadimplência total reduzindo para 2,6%. Com o forte resultado o banco registrou aumento do seu índice de capital (CET1) melhorar para 13,7%, o que pode dar mais gordura para o banco distribuir mais dividendos. Negociando com desconto de 15% versus a média histórica do seu P/L Itaú superou as estimativas do mercado neste trimestre e segue defendendo sua posição de destaque no setor.
Eleições americanas e o que Itapecerica da Serra tem a ver.
Hoje é o tão esperado dia das eleições americanas. Você já deve estar por dentro dos principais temas importantes sobre investimentos no que tange os efeitos econômicos e nos mercados para caso de vitória de Donald Trump ou KamalaHarris.
Caso você tenha perdido nosso conteúdo, veja esse excelente material aqui, preparado pela Gabriela Joubert, nossa estrategista-chefe, e pelo Gustavo Menezes do time de macroeconomia, no qual explica tudo sobre os diversos impactos do resultado das eleições nos seus investimentos. Eu gostei do gráfico que traça como o S&P 500 se comportou ao longo de cada administração partidária.
Decisões políticas costumam afetar a atividade econômica. Apesar disso, nos EUA, o mercado de renda variável e a própria economia já possui tamanho estágio de liberdade econômica, que praticamente andam sozinho. Além disso, o juro e inflação historicamente baixos por lá, acabam tirando boa parte do efeito macro sobre os papéis e o mercado passa a dar maior peso ao olhar micro das companhias, ou seja, resultados, competitividade e vantagens e desvantagens inerentes das companhias e seus mercados de atuação.
Sabemos que cada candidato possui inclinações à decisões que impactam alguns negócios.Por exemplo, quanto a impostos às empresas, Harris pretende ampliar os impostos para 28%, enquanto Trump pretende reduzir a carga tributária, chegando a prometer uma redução dos atuais 21% para 20% e até mesmo 15%.
Já em relação ao meio ambiente e energia, Harris tem visão pró-meio ambiente, com maior preocupação quanto às mudanças climáticas. Trump, por sua vez, não mostra uma preocupação aos eventos climáticos quanto Harris, e chegou a mencionar que pode reverter benefícios fiscais como o de veículos elétricos.
E quanto às relações comerciais dos EUA, o que pode afetar diretamente nossas empresas exportadoras por aqui, os dois candidatos tendem a convergir ao protecionismo dos negócios norte-americanos. Portanto, ambos falam de taxação de produtos importados, com destaque à produtos chineses. Já vimos em ambos os governos esta política em ação. Portanto, nossas exportadoras aqui em ambos os governos podem sentir efeitos tarifários.
Demos uma olhada no desempenho dos setores nos EUA em cada presidência. E como mencionamos anteriormente, o mercado caminha por si só ao longo do tempo.
Ao observamos apenas os números, notamos que o setor vencedor em governos democratas, é o de tecnologia, seguido de Consumo Discricionário e demais segmentos na média de 15% ao ano, não evidenciando nenhum benefício específico. Na ponta contrária, os menores retornos em governos democratas vieram de Utilities, Imobiliário e Commodities.
Já em governos republicanos, onde desconsideramos o período da crise de 2008, os setores com maior desempenho foram: Consumo Discricionário, Bens de Consumo, Indústria e Serviços de Comunicação. Do outro lado, o segmento de Energia foi o que mais sofreu, seguido por Utilities, Financeiro e Imobiliário.
E como as eleições americanas impactam “Itapecerica da Serra”? Primeiramente, a escolha de Itapecerica da Serra para esse título foi aleatória, eu só queria um nome típico do interior mesmo. Sabemos que o Brasil sente impactos da variação cambial na veia, então tudo que acontece por lá, acaba respingando para nós no final das contas, em forma de inflação.
Por outro lado, o tema eleições traz de primeiro impacto, decisões que possam afetar as relações comerciais dos Estados Unidos e logo lembramos que somos um país primordialmente exportador de commodities.
Os Estados Unidos é o nosso segundo principal importador, atrás da China. Segundo estimativas da Factset, cerca de 5,5% das receitas das companhias do Ibovespa vem dos Estados Unidos.
Ativos brasileiros mais expostos à economia norte-americana. Sabemos que não necessariamente as medidas por lá afetam diretamente e consistentemente os mercados de renda variável no longo prazo. Nem lá nem cá, mas quem possui as companhias abaixo, acho que vale ficar de olho nas medidas comerciais dos EUA. Casos como a Embraer, JBS, Gerdau, Petrorio, Braskem, Minerva e Weg por exemplo. Veja a lista das 20 empresas com maior exposição da receita aos Estados Unidos.