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Inter Dica | Recessão

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Gabriela Joubert

Publicado 11/jul5 min de leitura

O que é Recessão?

O tema “recessão” voltou ao palco global e preocupa o mercado e cidadãos pelo mundo todo. Observamos o Bear Market fazendo parte do dia a dia dos investidores e a pauta no cenário global é o risco de recessão. Mas afinal o que caracteriza uma recessão? O que difere uma recessão econômica de uma depressão econômica? Como o investidor reage ao risco de recessão? Neste Inter Dica explicaremos tudo sobre este assunto.

Definição

No contexto da ciência econômica, uma recessão é a contração da atividade econômica de maneira generalizada. A desaceleração tem suas consequências macroeconômicas, entre muitas delas podemos citar (i) o impacto negativo na renda das famílias que diante do cenário consumirão menos; (ii) a queda dos investimentos ocasionada pela instabilidade e o risco do investimento diante da conjuntura; (iii) o aumento da capacidade ociosa e, por fim; (iv) a queda do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Em um artigo para o New York Times em 1974, o economista americano Julius Shiskin levantou alguns pontos que identificam uma recessão, entre eles, sua consideração mais importante dita que consideramos uma recessão a partir do momento que o PIB decresce dois trimestres seguidos, esta definição é usada até hoje, mas sem claro consenso. Por exemplo, entre os dois primeiros trimestres de 2014, o Brasil apresentou queda do PIB de -0,2% e -0,6%, respectivamente. Para economistas, o sinal de alerta de recessão fora ativado, mas na visão do Ministério da Fazenda da época, caracterizaria recessão caso o desemprego aumentasse e a renda média caísse.

Não existe uma “receita” para uma recessão, é importante ressaltar que o contexto nacional e internacional que leva uma economia à desaceleração é influenciado por inúmeras variáveis. De maneira geral, a economia cresce em ciclos de oferta e demanda e, quando há um desbalanceamento entre os dois, uma recessão é a resultante do necessário ajuste. Quando analisamos a história, crises internas ou externas, o desbalanceamento fiscal do governo e bolhas de crédito são as maiores causas dos desbalanceamentos econômicos pelo mundo. O que nos trás ao risco de recessão nos dias atuais é a elevação da demanda, devido aos estímulos durante a pandemia, enquanto restrições de oferta, e mais recentemente a guerra na Ucrânia, resultaram em uma forte aceleração da inflação. Esse cenário requer dos Bancos Centrais uma elevação mais expressiva dos juros que pode resultar em queda da atividade. Viu como a “receita” fica complicada?

O que difere uma recessão econômica de uma depressão econômica?

Observamos a utilização dos termos de maneira equivalente, apesar das causas de uma recessão econômica serem análogas às causas de uma depressão econômica, devemos diferenciá-las em dois pontos essenciais: o resultado geral diante da recessão, nesse sentido, quanto pior forem as consequências de uma recessão, mais próximo de considerá-la uma depressão se a durabilidade das taxas negativas de crescimento real se estenderem por um período maior que apenas alguns meses.

Enquanto uma depressão se estende por períodos mais longos que uma recessão, observamos também o aumento do desemprego acompanhado de quedas intensas do PIB, que por sua vez tem impactos duradouros no crescimento potencial do país.

Percepção e reação ao risco de recessão

O investidor diante do risco de recessão buscará investimentos mais perenes e de menor risco como títulos do tesouro americano, por exemplo. O investimento em renda variável tende a cair, levando os preços de índices e papéis a seguir a mesma propensão, criando o Bear Market. Os preços descontados consideram o cenário desafiador que as empresas listadas enfrentam, mas abrem oportunidades de investimentos em empresas e setores descontados frente sua tendência antes do receio de recessão.

Analisando as tendências de pesquisas na internet pelo Google Trends ao redor do mundo, notamos que pesquisas com os termos “Recession” e “Depression” (“recessão” e “depressão” em inglês, respectivamente) tem maior procura em momentos incertos da economia, ressaltamos em cinza no gráfico acima momentos de recessão global, com a Crise do Subprime (2008-2009) e a Crise da Covid-19 (2020).

A forma que a pesquisa de tendência do Google é feita apresenta valores entre 0 e 100 onde 100 representa o maior pico de popularidade do termo pesquisado e 0 onde os dados não mostram relevância para o número de pesquisas.

A tendência se mantém quando analisamos somente o Brasil, os mesmos choques anteriores são vistos e há um leve repique nas pesquisas pelo assunto durante a “Grande Recessão Brasileira” de 2015-2016.

Observamos também que em ambos os gráficos os dias atuais mostram uma tendência de aumento no interesse de pesquisa, reafirmando o que sabemos do período de incerteza que passamos no mercado hoje em dia.

Gostou? Fique ligado para mais dicas!


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