IPCA x IGP-M
Provavelmente você já sabe o que é inflação e já deve ter ouvido falar em como ela pode gerar impactos no seu bolso e em seus investimentos. Mas você sabia que existem diferentes ferramentas de medida desses efeitos e que o monitoramento deles pode ser de suma importância para as suas aplicações financeiras? Nesse relatório te explicaremos os dois indicadores mais relevantes de inflação e o seu respectivo funcionamento.
O IPCA e o IGP-M são indicadores que permitem o monitoramento da inflação, efeito econômico que designa um aumento geral de preços na sociedade. Utilizando diferentes cestas de produtos, com avaliação de seus preços em diferentes intervalos de tempo, esses indicadores permitem avaliar as variações de preços em determinados produtos, com a intenção de formar uma cesta de consumo representativa o bastante ao ponto de possibilitar a mensuração desse efeito geral nos preços de toda a economia e consequentemente do poder de compra da população.
IPCA
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é utilizado como métrica oficial da inflação no Brasil. Ele é calculado pelo IBGE e parte de uma cesta de produtos e serviços com aproximadamente 300 a 400 itens, estabelecida pela Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), para apontar o custo médio de famílias brasileiras que apresentam renda mensal entre 1 e 40 salários mínimos.
A cesta é dividida entre 9 diferentes grupos, sendo eles: Alimentação e Bebidas, Saúde e Cuidados Pessoais, Artigos Residenciais, Vestuário, Despesas Pessoais, Habitação, Educação e Transporte. Essa lista é calculada mensalmente, e pode sofrer algumas alterações em sua composição, mas sempre engloba alguns produtos que já estão enraizados no consumo do brasileiro médio, como arroz, feijão, carne, serviços hospitalares, transporte público etc.
IGP-M
Já com o IGP-M, a principal diferença é que ele não capta somente a variação do preço final dos produtos. Sigla para Índice Geral de Preços-Mercado, o indicador é calculado pela FGV e leva em conta variações de preços em diversas etapas da cadeia produtiva, abrangendo preços de matérias-primas industriais e agrícolas, além de serviços como fornecimento de energia, por exemplo.
O cálculo final do IGP-M leva em conta 3 índices menores, com os seus respectivos pesos. São eles:
- IPA (Índice de Preços por Atacado): com 60% de peso no IGP-M, este índice leva em conta a variação de preço em produtos do agronegócio e de indústrias do setor de atacado, ao longo de toda a cadeia produtiva.
- IPC (Índice de Preços ao Consumidor): representando 30%, o IPC representa a mudança de preços entre diferentes itens de despesas de diversos setores da economia, como alimentação, habitação, educação, saúde etc.
- INCC (Índice Nacional de Custos de Construção): por fim, com 10%, o INCC avalia variações no preço de insumos utilizados em obras de construção habitacionais, calculado mensalmente pela FGV. Este índice é muito utilizado para reajustar contratos de compra e venda de imóveis.
Aplicações práticas
Como se trata da métrica oficial de inflação no Brasil, o IPCA é comumente utilizado como indexador de alguns produtos financeiros como em Debêntures Incentivadas e no Tesouro IPCA+, por exemplo. Ele também acaba se tornando o parâmetro utilizado pelo Bacen para perseguição de suas metas de inflação.
Por outro lado, o IGP-M acaba apresentando uma maior visibilidade do mercado, dando atenção a outras etapas da cadeia produtiva. Ele acaba sendo mais utilizado em contratos de aluguel e de financiamento imobiliário, o que consequentemente também pode impactar os FII’s. Levando em conta commodities, como o aço e outras matérias-primas, o IGP-M também se torna mais sensível a variações de câmbio. Ele apresenta uma tendência de alta em períodos em que se tem uma desvalorização do real, reflexo do aumento do preço destes produtos que são cotados em dólar.
Ambos os indicadores servem como termômetro da economia local, reportando, porém, de perspectivas diferentes. Para os investidores, o monitoramento desses indicadores de inflação pode ser crucial para a mensuração do ganho real de seus investimentos, onde só existirá aumento de seu poder de compra caso os rendimentos de suas aplicações financeiras sejam superiores aos efeitos inflacionários.
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