Pressão continua, em especial com as Big Techs
Bolsas globais seguem em tendência de correção, confirmando a tendência negativa para o mês de setembro, com destaque ao setor de tecnologia que pressiona índices no mundo todo. Investidores seguem atentos aos dados macro nos EUA. No Brasil, Ibovespa segura, mas real perde valor ante o dólar.
Estados Unidos:
Os índices norte-americanos encerraram em forte queda ontem, puxado pelo tombo de mais de 4% no setor de tecnologia, o que fez com que Nasdaq tivesse pior desempenho em um mês, conforme investidores vão se distanciando dos papéis, enquanto aguardam dados macro divulgados ao longo da semana. As ações da Nvidia já caem quase 10% no mês, apagando cerca de US$ 280bi em valor de mercado, pressionadas também por um processo regulatório antitrust. Ontem dados de manufatura mostraram contração pelo quinto mês consecutivo. A mudança no cenário com projeções de uma desaceleração mais aguda na maior economia do mundo tem pressionado os ativos de risco, bem como os juros. Até o momento, o mercado vem antecipando o início do ciclo de cortes pelo FED em setembro, com apostas de 100 p.b. ainda este ano e mais 100 p.b. ao longo dos próximos 12 meses, no que se tornaria o ciclo de cortes mais agudo desde a década de 80. Hoje teremos o relatório Jolts, e as expectativas são de arrefecimento nos números de mercado de trabalho. Mercado aguarda também ansioso pelo payroll na sexta-feira.
Mundo:
O mau-humor global também contaminou os ativos asiáticos e as bolsas por lá tiveram um dia de queda, com destaque para o Nikkei que recuou mais de 4%, pressionado pelo setor de semicondutores, que sentiu o impacto com o recuo dos papéis da Nvidia. Na China, o governo anunciou cortes nas taxas de hipoteca, visando reduzir o custo para as famílias. Na Europa, bolsas recuam, mas a queda perdeu força do início da sessão, após dados de PMI mostrarem que a economia na zona do euro cresceu em maior ritmo nos últimos três meses. Mas, as discussões sobre o rumo da política monetária adotada pelo BCE ainda pesam na região, pressionando diferentes setores, bem como o mercado de bonds.
Brasil:
O Ibovespa encerrou em queda de 0,41% ontem, com desempenho relativo melhor que seus pares internacionais, mesmo com recuo das mineradoras e petroleiras por conta da queda das commodities nos mercados externos. Ajudou por aqui dados do PIB que mostraram que o país cresceu mais que o esperado, em 1,4%, turbinado pelos gastos do governo, que impulsionaram o consumo das famílias no período. Por outro lado, o PIB mais forte reforçou as apostas de alta na Selic para este ano. No político, as tratativas sobre orçamento seguem no cerne das discussões. Hoje, mercado aguarda dados de produção industrial, com expectativas de queda na base mensal.
Abertura:
Na abertura, o índice dólar (DXY) recua levemente, enquanto futuros em Wall Street caem, assim como os juros das Treasuries. Commodities operam mistas. Minério de ferro tem forte recuo, mas petróleo avança, diante de revisão de oferta por parte da OPEP. Criptoativos são pressionados pela aversão ao risco.
O que esperar?
Apesar do mau humor lá fora, a bolsa brasileira tem segurado bem, com as blue chips ajudando, em especial bancos. No entanto, as commodities mistas podem trazer volatilidade ao índice, enquanto mercado monitora exterior e dados de produção industrial aqui.