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Vale | Revisão de Preço e Prévias 3T22

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Gabriela Joubert

Publicado 26/out

Revisitamos nosso modelo para a Vale, incorporando os dados reportados no 1S22, bem como os volumes de produção e vendas do 3T22, além de atualizar nossas expectativas para o próximo ano tanto para o lado da demanda, que deve mostrar arrefecimento com a desaceleração esperada para a economia mundial, em especial na China, quanto para o lado da oferta, em razão de gargalos e desafios logísticos globais ainda em curso.

O cenário macroeconômico global traz desafios adicionais para 2023 com perspectivas de crescimento reduzido do PIB, refletindo um cenário de preços ainda elevados e taxas de juros mais altas, encarecendo o crédito e limitando o avanço do consumo nas principais economias do mundo. Na China, principal país consumidor de minério de ferro global, as projeções são ainda mais desafiadoras. A probabilidade de um hard landing no país asiático ganha força, potencializado pela política de zero tolerância à covid, em curso no país desde a eclosão da pandemia, e que vem limitando a retomada das atividades, além da crise que atinge o setor imobiliário, importante driver de crescimento na economia. O PIB do 3T22 mostrou avanço de 3,9%, melhor que as expectativas de 3,3%. Contudo, dados de setembro já reportam importações recuando no país, reflexo de menor demanda interna, o que pode confirmar uma projeção não-oficial do PIB chinês em 3,5% para este ano.

Ainda, a renovação do mandato político de Xi Jinping eleva receios de um terceiro governo pautado por ideais políticos, limitando medidas necessárias ao avanço econômico do país. Durante o Congresso do Partido Comunista Chinês, o governo ressaltou a mudança de diretrizes para o próximo ciclo de investimentos, agora focado na transformação do país por meio de investimentos em tecnologia e inovação. Assim, poderemos ver um redirecionamento de recursos para outros setores, além do já exaurido setor de Real Estate, limitando a demanda por aço e, consequentemente, minério de ferro para os próximos anos.

Do lado da oferta, contudo, ainda devemos ver certa limitação na capacidade produtiva das companhias, que já revisaram seus guidances para baixo este ano, em virtude de gargalos operacionais e logísticos que têm impactado não apenas os volumes produzidos, mas também as vendas. Com as restrições na oferta, as quais devem continuar em 2023 (mesmo que em menor magnitude), estamos projetando um preço médio do MF 62 (produto padrão) em US$ 94/t para o próximo ano, mantendo as projeções em US$ 60/t no longo prazo. Os prêmios de qualidade seguem em tendência de queda, refletindo as pressões de custos nas siderúrgicas, forçando descontos maiores.

Com relação aos custos, estes devem trazer alívio para o próximo ano, conforme esperamos correções nos preços das commodities energéticas, o que deve contribuir para menores despesas de frete marítimo.

Na operação de Metais Básicos, após os estresses dos últimos trimestre, a companhia mostrou recuperação de sua capacidade de produção, mas ainda opera aquém do potencial. Como falamos em nosso relatório sobre o Vale Investor Tour (leia aqui), vemos grande potencial na operação para destrave de valor à companhia, em especial com a ascensão dos veículos elétricos, processo de descarbonização da cadeia, agenda ESG e regionalização da cadeia de suprimentos. Contudo, vemos ainda desafios internos que precisam ser ultrapassados para que o retorno esperado seja alcançado.

Já estamos considerando preços de níquel e cobre menores para 2023 quando comparados a 2022, seguindo a tendência de correção externa, espelhando uma demanda em patamar inferior aos atuais.

Com o acima exposto, calculamos um preço-alvo para VALE ADR em US$ 16/ADR (antes US$ 17) e para VALE3 em R$ 84/ação, ambos para o final de 2023, e mantendo a recomendação Neutra, apesar de ainda a considerarmos um excelente ativo para compor uma carteira dividendos. Nosso modelo considera o modelo de fluxo de caixa descontado, com um WACC de 10% e crescimento na perpetuidade de 3,5%.

Fonte: Inter Research.

Prévias 3T22: Resultados normalizando

Apesar da produção normalizando e a recuperação nas vendas no t/t, os volumes vendidos no trimestre ficaram abaixo do potencial (e do esperado), devendo limitar a expansão nas receitas que esperávamos por conta do não-impacto de chuvas que vimos no 1S22 e que afetou fortemente a produção no Sistema Sudeste. Além disso, observamos preços menores ante o trimestre anterior, tanto para MF quanto para Níquel e Cobre, o que deve prejudicar as receitas de cada setor. Estamos projetando uma receita consolidada 10,5% menor que o 2T22, com Ferrosos recuando 12% t/t. Os custos devem pesar mais uma vez, porém menos que o visto no trimestre anterior, em virtude de menor participação de terceiros no período, favorecendo o C1, bem como frete marítimo melhor que o esperado. As despesas devem vir em linha com o 2T22, levando a um EBITDA de US$ 4,4 bi, recuo de 16% t/t e 36% a/a, e uma margem EBITDA de 45,1%

Projeções

 


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