Metais Básicos surpreende. Receitas avançam, mas EBITDA abaixo do esperado
A receitas consolidadas ficaram 5,1% acima das nossas expectativas, somando US$ 11,9 bi, avançando 20% ante o 3T22, mas em queda de 9% a/a. Contudo, o EBITDA veio 6,5% abaixo das nossas estimativas, em US$ 4.626 mm, reflexo de um desempenho aquém do esperado em Ferrosos, por conta de preços realizados menores e custos mais elevados.
Destacamos a operação de Metais Básicos, agora chamada de _Materiais para Transição Energética_, que reportou um forte crescimento tanto de receita, mas principalmente no EBITDA, com recuperação dos volumes e preços ainda em patamares elevados. Reconhecemos os avanços da companhia para estabilização de suas operações em 2022, o que pavimenta o caminho para melhores entregas neste ano.
Ainda vemos desafios na demanda de minério de ferro, carro-chefe da companhia, por conta das incertezas quanto ao ritmo da produção siderúrgica chinesa.
Sendo assim, vemos a Vale devidamente precificada nos patamares atuais e mantemos a recomendação neutra, com preços-alvos de R$ 94/ação e US$18/ ADR para o fim deste ano. No entanto, para uma carteira voltada a proventos, ainda vemos a companhia como uma forte geradora de caixa, devendo seguir remunerando bem seus acionistas. Em 2022, a companhia pagou o equivalente a US$ 12,6 bi entre dividendos, JCP e recompra de ações.
Minerais Ferrosos: volumes retomam, mas EBITDA fica abaixo do esperado.A unidade de Minerais Ferrosos, agora repaginada para Soluções para a Siderurgia, trouxe receitas de US$ 9.330 mm, 5,2% acima das nossas projeções e 9% maior t/t (-14% a/a), refletindo, principalmente, a normalização dos volumes vendidos. O preço realizado de finos da Vale ficou em US$ 95,6 levemente acima dos US$ 92,6/t do 3T22, impactado pelo efeito positivo do sistema de precificação, com maior presença de preços futuros. O percentual de produtos premium no portfólio voltou a subir e ficou em 83%, mas conforme observado no relatório de produção (leia nosso comentário aqui), os prêmios recuaram novamente, para US$ 5,4/t (ante US$ 6,6/t no 3T22), em reflexo à menor contribuição dos preços dos contratos de pelotas, quando comparados ao 3T22, mas também à uma dinâmica menos favorável nos mercados internacionais, onde temos visto uma busca equivalente a produtos de menor qualidade, em razão das compressão nas margens das siderúrgicas. O Cash Cost C1 ex-terceiros registrou US$ 19,5/t, em linha t/t, compondo: (i) menor diluição de custo fixo pela menor produção no trimestre, (ii) maiores custos de produção no sistema Sul, e parcialmente compensados por (iii) consumo de estoques com custos menores e (iv) menor custo do diesel. Considerando o volume de terceiros, o C1 ficou em US$ 21,7/t, melhor na comparação trimestral. O frete também teve menor impacto nos custos gerais, registrando US$ 18,8/t, seguindo a queda dos preços de combustíveis. Assim, o EBITDA da operação totalizou US$ 4.626 mm, ficando 7,4% menor que nossos cálculos, mas 25% acima do 3T22 (e 26% menor a/a). O EBITDA de Pelotas somou R$ 743 mm, queda de 20% t/t, refletindo a queda nas receitas por conta de menores preços realizados.
Metais Básicos: 2023 em rota de crescimento.Reconhecemos os importantes avanços observados na operação ao longo do ano, após as constantes e longas paradas para manutenção, principalmente nas operações em Sudbury, e vemos a unidade, que agora se chama Materiais para Transição Energética, pronta para entregar seu potencial a partir de agora. Com (i) Sudbury estável, (ii) avanços com segundo forno em Onça Puma, (iii) ramp up em Salobo e Sossego e o (iv) start up de Salobo III, a unidade pavimenta seu caminho rumo ao futuro da transição energética e do mercado de baterias. No trimestre, as receitas somaram US$ 2.549 mm, ficando 7,6% acima do projetado e avançando 20% t/t (+14% a/a). O EBITDA da operação também surpreendeu ao somar US$ 775 mm. No níquel, as receitas avançaram 43% t/t, com retomada das operações, somando US$ 1.795 mm e o EBITDA fechou em US$ 594 mm versus 198 mm no 3T22. Os preços realizados ficaram 13% acima t/t, mas avançaram um pouco menos que os preços na LME, em razão do aumento de produtos Classe II no portfólio e aumento vendas de FeNi para Ásia, com desconto. No Cobre, as receitas ficaram em US$ 498 mm (+4% t/t), refletindo volumes menores, mas compensados por maiores preços t/t, enquanto o EBITDA registrou US$ 165 mm +6,5% t/t.
Endividamento e Resultado Financeiro. A dívida bruta da companhia ficou em US$ 11,2 bi, enquanto a dívida líquida fechou em US$ 7,9 bi, levando a alavancagem para 0,4x. A dívida líquida expandida, a qual inclui débitos de Brumadinho, Renova e Samarco, somou US$ 14,1 bi. O resultado financeiro líquido fechou negativo em US$ 658 mm, refletindo receitas de US$ 92 mm, despesas de US$ 291 mm, impacto negativo de variação cambial e monetárias de US$ 735 mm, adição de US$ 99 mm pelas Debêntures Participativas e operações com derivativos positivas de US$ 373 mm. Desta forma, o lucro líquido fechou em US$ 3.724 mm ante US$ 4.554 mm no trimestre anterior (e em linha com nossas estimativas). O FCL ajustado (excluindo dividendos e recompra de ações) totalizou US$ 13 mm, impactado pelos fortes dispêndios de capex e capital de giro.
Resultado Consolidado: receitas avançam, mas EBITDA fica abaixo do esperado. A Receita líquida da companhia totalizou US$ 11.941 mm, 5,1% acima das nossas estimativas, e +20,3% t/t, mas 8,9% menor a/a. O CPV totalizou US$ 7.155 mm, 2% menor que nossas projeções (+16% t/t) pressionando o EBITDA, que fechou em US$ 4.626 mm, 6,5% abaixo das nossas estimativas, 35% maior que o 3T22 e 4,2% abaixo do 4T21.
Avanços em ESG
E. A empresa avançou e eliminou em 40% as suas estruturas a montante e retirou a barragem B3/B4 do nível mais alto de risco. A companhia também anunciou a Vale Ventures que deverá investir cerca de US$ 100 mm em startups focadas em descarbonização da mineração e metais de transição energética.
S. A empresa firmou acordos com comunidades indígenas no Pará, bem como comunidades indígenas atingidas por Brumadinho.
G. Não houve menção sobre avanços em governança no período.