Produção recupera, mas vendas decepcionam
Os números apresentados pela Vale mostraram certa recuperação na produção de minério de ferro vis-à-vis o 1T22, porém o avanço de 5,8% acabou decepcionando um pouco. Destaque para a retomada do ritmo em S11D, que vinha apresentando problemas e agora volta com maior contribuição de produtos de maior qualidade ao portfólio. No quesito vendas, o desempenho foi ainda pior. Na comparação anual, mantendo a sazonalidade do período de chuvas, as vendas recuaram 9%, sendo que o 1T22 já havia sido bem ruim. Isso pode explicar, em partes, a manutenção dos preços de MF nos mercados internacionais em patamares mais elevados ao longo do 1T23, uma vez que os volumes vendidos pela Vale no período ficaram 28% abaixo de sua média histórica. Falando em preços, os números ajudaram, mas vimos novamente os prêmios por qualidade recuarem, o que, juntamente com a queda de volumes, deve pressionar o topline da companhia. Não acreditamos que a empresa possa entregar o guidance de vendas de ferrosos para o ano.
Na parte de Metais Básicos, a companhia segue evoluindo, mas ainda há um grande trabalho a ser feito na estabilização e otimização das operações. A produção de níquel ficou acima do esperado e vendas em linha, conforme as operações vão se estabilizando. Já para o cobre, a produção e as vendas foram prejudicadas pela continuidade de paradas para manutenção nas operações em Salobo e Sossego, que devem seguir no 2T23. No que tange os preços, estes mantiveram-se em patamar elevado, o que deve contribuir para minimizar os efeitos de menores volumes nas receitas.
Mantemos a cautela com relação à companhia, uma vez que vemos desafios à frente tanto para o desempenho operacional da empresa quanto para o cenário de demanda na China. Com isso, seguimos com a recomendação Neutra, com preços-alvos de R$ 94/ação e US$ 18/ADR para o final de 2023.