Resultado operacional bom, mas vendas ainda em patamar aquém
A Vale reportou seus números operacionais com recuperação e certa estabilidade em sua produção, com destaque para maior participação de produtos de melhor qualidade ajudando no mix e na realização de preços, além de desempenho razoável das operações de Níquel e Cobre, porém com sinais de que a demanda pelo seu produto principal, o minério de ferro, continua enfrentando desafios com dados macroeconômicos chineses mais fracos.
A produção de minério de ferro subiu 17,9% ante o 1T23, retomando após os efeitos climáticos sazonais, mostrando excelente desempenho de S11D, após a instalação dos novos britadores, e com boa contribuição de Itabira e Vargem Grande, sítios com produtos de maior qualidade, o que ajudou a impulsionar o portfólio da companhia. A produção de pelotas também avançou 9,5% t/t (+6,5% que o projetado), com Tubarão contribuindo positivamente. Já com relação às vendas, conforme esperado, apesar da recuperação trimestral após nível muito ruim no 1T23, o patamar seguiu abaixo do potencial, mesmo com amenização das restrições no Terminal Ponta da Madeira devido às condições climáticas do início do ano. Em nosso relatório de revisão de preço (leia aqui) reduzimos nossas projeções de vendas para o ano, uma vez que a demanda na China segue com seus desafios, o que deve limitar a recuperação do volume vendido no 2S23. No que tange preços, os preços realizados de minério de ferro ficaram em US$ 98,5/t, seguindo a queda do produto referência, porém limitado pelo melhor mix de produtos, apesar dos menores prêmios nos mercados internacionais.
Na operação de níquel, o volume produzido ficou 12% menor que nossas estimativas e 21,5% abaixo do 1T23, apesar de 7,9% acima do mesmo período do ano passado. No trimestre, vimos efeito das paradas para manutenção e devemos esperar ainda desafios na operação, conforme empresa busca estabilização. No cobre, a produção teve avanço de 17,6% t/t e 41% a/a (+2,3% R/E), com ramp up de Salobo III mais que compensando a parada para manutenção em Salobo I e II que devem seguir ao longo do 2S23. Com relação às vendas, no níquel os volumes ficaram estáveis t/t, com utilização dos estoques formados no 1T23 e subiram 2,5% a/a. Para o cobre, o desempenho seguiu a evolução nos volumes produzidos, avançando 17,7% t/t e 43,3% a/a. Os preços realizados tiveram comportamento semelhante ao observados nos preços internacionais, na LME, que também sentiram os impactos da menor demanda na China.
Seguimos com a recomendação Neutra, com preços-alvos de R$ 77/ação e US$ 16/ADR para o final de 2023.