Renda Variável


Usiminas | Resultado 4T22

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Gabriela Joubert

Publicado 10/fev

Fraco, conforme esperado, com siderurgia sob pressão

A Usiminas trouxe resultados que julgamos fracos para o trimestre, com margens muito pressionadas na Siderurgia (em 4%, versus média histórica de 10% - 15%) e que impactaram os números da companhia no período. Os preços realizados mais baixos no trimestre também não ajudaram, o que, somado com custos menores, mas em patamar ainda elevado, levou a um EBITDA de R$ 579 mm no 4T22, redução de 31% t/t e 76% a/a, e margem EBITDA de apenas 7,6%, queda de 23 p.p. a/a. Houve também impacto de impairment, no montante de R$ 1,4 bi, o que comprometeu o resultado líquido do período.

O ano de 2023 deve ser ainda desafiador para a empresa que passará por um processo importante de reforma em seu principal alto forno, o que deve pressionar ainda os custos e exigir uma alta capacidade de execução da empresa para lidar também com um cenário de demanda mais acomodada. Contudo, o 1T23 deve reportar um desempenho relativamente melhor, com preços realizados maiores, em virtude dos aumentos de preços com as negociações no automotivo e melhores preços de aço no período, além de custos menores por conta do delay de alguns produtos do estoque. Do lado da mineração, ainda vemos como incerto o cenário de demanda na China para o ano – o que pode pressionar os preços do minério de ferro nos mercados internacionais – apesar de vislumbrarmos preços realizados melhores no 1T23, o que pode compensar a sazonalidade de volumes mais fracos no trimestre. Assim, mantemos o preço-alvo da companhia para o fim de 2023 em R$ 11/ação e a recomendação neutra para o papel.

Resultado Consolidado: Siderurgia pesa negativamente. As receitas da Usiminas totalizaram R$ 7.659 mm no 4T22, ficando 8,2% acima das nossas expectativas, mas recuando 9% t/t e 5% a/a, com menor desempenho da siderurgia. O CPV somou R$ 6.886 mm, redução de 7% ante o 3T22, refletindo a queda dos preços das placas no período. Na linha de despesas, vimos impacto de R$ 1,7 bi de impairment, advindo principalmente da siderurgia. O capital de giro da companhia deve seguir pressionado por conta do aumento dos estoques, em razão do acúmulo de placas em preparação para a reforma do alto forno, o que deve se normalizar ao longo do ano. O EBITDA da companhia totalizou R$ 579 mm, queda de 31% no t/t e de 76% a/a. O lucro líquido, por sua vez, encerrou o trimestre negativo em R$839 mm versus R$ 608 mm no 3T22.

Endividamento e Resultado Líquido. A dívida bruta da Usiminas somou R$ 6,2 bi, enquanto a dívida líquida fechou em R$ 1,1 bi, com alavancagem ainda em nível bastante confortável. O resultado financeiro fechou positivo em R$ 188 mm, refletindo despesas de R$ 224 mm e receitas de R$ 290 mm, bem como efeito de variação cambial de 122 mm. No trimestre, a companhia divulgou a sua 9ª emissão de Debêntures, no valor de R$ 1,5 bi.

Mineração: preços menores limitam receitas. A Usiminas fechou o ano com vendas de 8,9 Mt, dentro do guidance, e com vendas levemente abaixo, em 8,6 Mt, seguindo o efeito da menor produção no 1S22 por conta das chuvas e o processo de recomposição de estoques ao longo do ano. No trimestre, a produção de minério de ferro totalizou 2.317 kton, 8% menor t/t, enquanto as vendas somaram 2.400 kton, 7% acima do 3T22. A receita líquida da unidade somou R$ 812 mm, ficando 8,2% acima das nossas estimativas e 2,5% menor t/t, refletindo menores preços de MF nos mercados internacionais. O Custo Caixa C1 ficou em US$ 21,4/t versus 20,5/t no 3T22. Por fim, o EBITDA da operação totalizou R$ 171 mm, 9,9% maior que o trimestre anterior.

Siderurgia: margens pressionadas e devem continuar como tal. A produção de aço bruto somou 650 kton, queda de 2% t/t (-10% a/a), enquanto as vendas registraram 963 kton, em linha com o projetado, mas recuando 7% t/t. Na comparação anual, contudo, vemos aumento de 10% nas vendas no mercado interno, em detrimento de queda de 66% nos volumes exportados a/a. A receita líquida da unidade ficou em R$ 6.569 mm, 3,2% maior que nossas estimativas, mas 12% menor t/t (-5% a/a). O custo caixa por tonelada registrou R$ 5.142, com queda nos custos de placas parcialmente compensando maiores preços de outros insumos, como coque e carvão. Com isso, o EBITDA fechou em R$ 264 mm, contraindo 34,1% t/t.

Guidance 2023. A companhia divulgou seu guidance para 2023 com algumas mudanças importantes no que tange o capex esperado para o ano. A Usiminas agora espera um desembolso total de R$ 3,2 bi, sendo R$ 2,6 bi para a Siderurgia, dos quais R$ 1,2 bi fica para a reforma do AF#3 e demais para reparos paliativos na coqueria e nas aciarias. Na Mineração, a companhia pretende investir R$ 500 mm, visando a descaracterização da barragem de Samambaia e estudos do projeto Compactos. Por fim, no operacional, a empresa manteve o guidance de vendas de 8,5 – 9,0 Mt de minério de ferro e projeta vendas de 950 – 1.050 kton de aço no 1T23.

Avanços em ESG

A companhia foi selecionada para compor o ISE da B3, sendo a única empresa de siderurgia no índice. A companhia manteve o Selo Ouro GHG Protocol.

E. A companhia avançou nas suas metas de Sustentabilidade, reportando um nível de recirculação de água em 94,7% no 4T22 (versus meta de 94,6%).

S. Destacamos o avanço do projeto Cadeia do Aço, que no 4T22 deu novo passo com envio de carta de recomendações aos seus fornecedores engajados ensta ação. Ainda, a companhia avançou no quesito diversidade, com presença de mais de 58% de mulheres no curso de formação de aprendizes (meta = 55%). Na agenda da descarbonização, a companhia realizou um amplo treinamento com seus colaboradores sobre o tema.

G. A empresa assinou a nova carta de compromisso com o Desenvolvimento sustentável da WSA em 2022, além de ter sido reconhecida pela participação no processo de relato de indicadores de sustentabilidade no ano.

Fonte: Companhia e Inter Research

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