Mineração perde protagonismo e siderurgia patina
A Usiminas reportou números prejudicados pelo desempenho mais fraco na mineração, com preços mais baixos do minério de ferro nos mercados internacionais, e custos ainda elevados de insumos, fazendo com que seu EBITDA ficasse 19,6% abaixo das nossas projeções, 57% menor t/t e 71% inferior ao 3T21. Com período sazonal mais fraco, a companhia espera vender cerca de 850 – 950 kton de aço no 4T22, além de vislumbrar menor pressão de custos para suas operações advindas do arrefecimento dos preços dos insumos nos últimos meses.
Lembramos que em 2023 a companhia entrará em processo de reforma do AF#3 em Ipatinga, o que exigirá formação de estoques para compensar o período de parada. Precificamos, portanto, redução de pressão de custos abaixo do que se esperaria em virtude da queda de preços de insumos esperada para o ano que vem. Do lado da demanda, as expectativas são de estabilidade no geral para a siderurgia, mas na mineração as incertezas prevalecem com a situação mais delicada na China. Assim, mantemos o preço-alvo da companhia para o fim de 2023 em R$ 11/ação e a recomendação neutra para o papel.
Resultado Consolidado: Mineração prejudica resultado. As receitas da Usiminas totalizaram R$ 8.434 mm no 3T22, ficando 7,4% acima das nossas expectativas, com desempenho melhor que o esperado na Siderurgia e, principalmente, na Soluções Usiminas. Na comparação trimestral, o resultado ficou 1,1% menor, pela contribuição mais baixa da Mineração. O CPV registrou R$ 7.430 mm, 12,3% maior que nossas projeções e 17% acima do 2T22, sob efeito de preços de maiores insumos na Siderurgia. As despesas com VG&A recuaram 18% t/t, com menores volumes vendidos na Mineração. O capital de giro totalizou R$ 10,7 bi, alta de 6,7% t/t, com estoques subindo R$ 142 mm em razão da formação de estoques de placas para a parada do AF#3 no próximo ano, processo esse que deve se repetir no próximo trimestre. Por fim, o EBITDA registrou R$ 836 mm, ficando 19,6% abaixo das nossas expectativas, 57% menor que o 2T22 e recuando 71% ante o 3T21.
Endividamento e Resultado Líquido. A dívida bruta da Usiminas somou R$ 6,1 bi, enquanto a dívida líquida fechou em R$ 965 mm, levando a um nível de endividamento, medido pela dívida líquida sobre o EBITDA, de 0,14x, bastante confortável. O resultado financeiro fechou positivo em R$ 170 mm, refletindo despesas de R$ 238 mm e receitas de R$ 434 mm. Assim, a companhia reportou um lucro líquido de R$ 608,6 mm contra os R$ 1.059 mm reportados no 2T22.
Mineração: preços menores limitam receitas. A produção de minério de ferro totalizou 2.513 kton, 7% maior t/t. Contudo as vendas tiveram recuo de 6% ante o 2T22 com menor demanda de terreiros no mercado interno e fecharam em 2.242 kton. A receita líquida da unidade somou R$ 833 mm, ficando 5,2% abaixo das nossas estimativas e 28% menor t/t (-39% a/a), refletindo menores volumes vendidos e preços mais baixos de MF nos mercados internacionais, parcialmente compensadas pela variação cambial favorável. O Custo Caixa C1 ficou em US$ 20,5/t versus US$ 21,1/t no 2T22. Por fim, o EBITDA da operação totalizou R$ 157 mm.
Siderurgia: custos na máxima consomem EBITDA: A produção de aço bruto somou 660 kton, queda de 2% t/t. Já as vendas ficaram no topo do guidance, em 1.043 kton, 4,5% acima do projetado, mas mostrando forte queda nas exportações (-23% t/t). A receita líquida da unidade recuou 3,7% t/t e 6,1% a/a, mas ficou 6,2% acima das nossas estimativas, em R$ 7.451 mm. O custo caixa por tonelada registrou R$ 5.292, 2,8% maior t/t, espelhando custos de placas mais elevados, bem como maiores preços de insumos, como coque e carvão. Com isso, o EBITDA fechou em R$ 401 mm, contraindo 4,1% t/t.
Transformação do Aço. Receitas avançam, mas custos pesam. A Soluções Usiminas seguir em franca recuperação de vendas, aproveitando do momento mais favorável para a demanda e as receitas totalizaram R$ 2.629 mm, ficando 19,5% maiores que nossas projeções e 8,8% acima do 2T22, beneficiadas também por preços mais elevados no período. Contudo, os custos também avançaram, somando R$ 2.453 mm, alta de 16,2% t/t, levando a um EBITDA de R$ 148 mm.
Avanços em ESG
Não houve destaque em índices no trimestre.
E. A companhia avançou nas suas metas de Sustentabilidade, reportando um nível de recirculação de água em 94,8% no 3T22 (versus meta de 94,6%). Também elevou para 12% o uso de energia renovável contratada em seu portfólio, além de ter evoluído no processo de inventário de emissões de CO2, incluindo o avanço no mapeamento da cadeia de fornecedores para redução de emissões no Escopo 3.
S. Destacamos o avanço do projeto Cadeia do Aço, no qual a companhia se comprometeu a mapear suas emissões de CO2 Escopo 3, atuando diretamente com sua cadeia de fornecedores, e no trimestre foram feitas reuniões com sua cadeia, além de recolhimento de questionários de seus principais fornecedores. Ainda, a companhia avançou no quesito diversidade, com presença de mais de 60% de mulheres no curso de formação de aprendizes (meta = 55%).
G. A empresa também avançou na agenda de transparência com a entrega de relatórios como o de Indicadores de Sustentabilidade à WSA (World Steel Association) e à Alacero (Associação Latino-americana do Aço), além do questionário CDP. Destaque também para o Projeto de Compliance Ambiental, em linha com o planejado.