Renda Variável


Usiminas | Resultado 2T22

GAbi Joubert perfil 2

Gabriela Joubert

Publicado 29/jul5 min de leitura

Em linha: com receitas avançando e compensando custos elevados

Os resultados trimestrais da Usiminas vieram em linha com nossas estimativas, reportando receitas crescentes, mas ainda impactada por custos elevados, especialmente pelos problemas nas coquerias, que limitaram os avanços das margens, apesar da forte recuperação diante do 1T22, que foi fortemente afetado pelos números aquém da Musa. No geral, vemos um cenário desafiador para custos no 2S22, de fato, em razão dos correntes infortúnios nas coquerias e que devem perdurar até 2S23. Contudo, acreditamos que as receitas possam seguir em patamares elevados, especialmente com o avanço de preços que vimos até o momento, amenizando as pressões de custos nas margens, que podem, inclusive, ser beneficiadas por menores preços de outros insumos e menor pressão de inflação no restante do ano. Assim, mantemos o preço-alvo da companhia para o fim de 2022 em R$ 17/ação e a recomendação de Compra para o papel.

A companhia anunciou, por meio de Fato Relevante, o retorno das operações do AF#2 de Ipatinga, previsto para o fim de outubro e com expectativa de investimentos de R$ 35 mm, visando planejar-se quanto à produção e estocagem de placas para a parada programada para manutenção no AF#3 em abril de 2023. Além disso, a empresa informou que segue enfrentando problemas em suas coquerias e apesar dos processos paliativos em curso, a expectativa é de que a situação seja solucionada apenas no 2S23 e, portanto, devemos esperar pior desempenho da operação nos próximos trimestres.

Agenda ESG: boas entregas e no caminho. No trimestre, a companhia divulgou seu Relatório de Sustentabilidade 2021, seguindo o padrão GRI Standard Essential, incorporando também alguns requerimentos SASB e TCFD. Ainda, ressaltamos a criação da Diretoria Corporativa de Sustentabilidade e Relações com Investidores. Dentre os objetivos colocados pela empresa, damos destaque aos avanços na eficiência hídrica, bem como ao combate às mudanças climáticas por meio dos avanços no mapeamento de fornecedores, visando a redução de emissão de escopo 3, além da elevação do número de mulheres em formação e aprendizes, importante gargalo das companhias no setor, ao nosso ver.

Resultado Consolidado: custos avançam, mas receitas limitam corrosão das margens. A receita líquida da companhia somou R$ 8.531 mm, 5,2% maior que nossas estimativas, 8,8% acima t/t, mas 11,1% menor que o 2T21, com recuperação dos volumes na Mineração, após o chuvoso 1T22, e melhores preços realizados tanto na Siderurgia quanto na Transformação. O CPV avançou mais uma vez e ficou em R$ 6.344 mm, alta de 3,5% t/t, sentindo maiores efeitos de custos de insumos, em especial carvão, e menor disponibilidade das coquerias, na Siderurgia, além dos maiores volumes na Mineração. Com isso, o EBITDA ajustado da companhia totalizou R$ 1.930 mm, ficando em linha com as projeções do Inter Research, e avançando 23,7% ante o 1T22.

Endividamento e Resultado Líquido. O resultado financeiro fechou negativo em R$ 248 mm revertendo o resultado positivo do 1T22, com receitas financeiras de R$ 290 mm, despesas de R$ 232 mm e variação cambial negativa de R$ 307 mm. O lucro líquido reportado foi de R$ 1.060 mm, ante R$ 1.263 mm no trimestre anterior. A Dívida Bruta subiu para R$ 6,1 bi e a companhia segue caixa líquido, com a Dívida Líquida em R$ 455 mm. A companhia efetuou a sua 8ª Emissão de Debêntures no período, no valor de R$ 700 mm, em processo de liability management. O prazo da dívida em reais ficou em 37 meses e em dólar, em 43 meses.

Mineração: volumes recuperam e compensam queda dos preços. A produção de MF da Musa totalizou 2.342 kton, avançando 35% t/t, retomando o nível após os fortes efeitos de chuvas que prejudicaram o desempenho no 1T22. Com isso, as vendas também cresceram, subindo 48% t/t e totalizando 2.389 kton e acabaram compensando os preços realizados menores no t/t. Assim, as receitas totalizaram R$ 1.160 mm, 43% acima t/t e 7,8% maior R/E. O custo caixa C1 ficou em US$ 21,1/t contra US$ 21,5/t no 1T22. O CPV somou R$ 635,5 mm, alta de 59,8% t/t, impactado por maiores volumes vendidos, maior despesa de frete marítimo e maior representatividade de vendas CFR. Por fim, o EBITDA encerrou em R$ 385 mm, 12% maior t/t.

Siderurgia: preços avançam, impulsionando receitas, mesmo com volumes menores. A produção de aço bruto ficou praticamente estável no t/t, em 671 kton, assim como a produção de laminados, que somou 1.072 kton, recuo de 2% t/t, refletindo, novamente, pior desempenho operacional no AF#2. As vendas, conforme guidance, recuaram ante o 1T22, ficando em 1.088 kton, com as vendas no mercado interno subindo 9%, apesar do importante recuo nas exportações, movimento que deve continuar no próximo trimestre. As receitas somaram R$ 7.738 mm, 10% maior que nossas estimativas e 11% acima do 1T22, beneficiadas pelos avanços dos preços realizados, em especial no setor automotivo. O custo caixa por tonelada registrou R$ 5.146/t, alta de 16% t/t, mais uma vez afetado pela menor disponibilidade nas coquerias, forçando compras de coque a preços mais elevados. Mesmo assim, o EBITDA totalizou R$ 1.454 mm, 44% maior que o 1T22.

Transformação do Aço: As receitas avançaram 13% ante o 1T22, vindo 8,1% acima das nossas estimativas e totalizando R$ 2.416 mm, reflexo de maiores preços realizados no período e demanda ainda em recuperação. O EBITDA totalizou R$ 269 mm, 300% maior que o trimestre anterior, com margem de 11,1%.

Fonte: Companhia e Inter Research

Compartilhe essa notícia

Notícias Relacionadas

Receba nossas análises por e-mail