Renda Variável


Suzano | Resultado 4T22

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Gabriela Joubert

Publicado 01/mar

Melhor que o esperado

Novamente, a Suzano surpreendeu positivamente com receitas acima do esperado, apesar da dinâmica mais apertada que foi observada ao longo do último trimestre do ano e que levou a um menor apetite dos clientes, limitando o avanço dos volumes vendidos na celulose. No papel, demanda no mercado interno seguiu forte, mesmo com a sazonalidade natural do período, compensando a queda nas exportações. Os preços tanto na celulose quanto no papel seguiram resilientes, mas já vemos arrefecimento na celulose por conta das margens apertadas nas papeleiras chinesas e demanda arrefecendo na ponta em razão da desaceleração das principais economias globais. O ponto negativo do trimestre ficou por conta dos custos de produção e despesas VG&A que ficaram bem acima do esperado, comprometendo a maior evolução do EBITDA no período.

No ano, vimos as receitas avançarem 22%, totalizando R$ 49.830 mm, enquanto o EBITDA encerrou em R$ 28.194 mm, um crescimento de 20%. A Suzano encerra 2022 com mais um resultado recorde, trazendo uma excelente base para iniciar 2023, que lembramos deve ser um ano de ajustes de preços e pressão de margens, mas ainda assim, de desempenho forte, mesmo que em menor patamar. Dessa maneira, confirmamos nosso preço-alvo visando o fim de 2023 em R$ 63/ação, mantendo a recomendação de Compra.

Resultado Consolidado: receitas avançam, mas custos e despesas pesam. A receita líquida da companhia somou R$ 14.370 mm, 6,9% maior que as nossas estimativas, 1,2% acima do 3T22 e 25% maior a/a, em razão de (i) maiores preços realizados tanto no papel quanto na celulose, o que acabou compensando os menores volumes vendidos de celulose no período. O CPV totalizou R$ 6.793 mm, quase 20% maior que nossas estimativas e 5% acima do 3T22 (+19% a/a), refletindo maiores custos de produção em ambos os negócios e impacto maior das paradas programadas para manutenção. As despesas com vendas somaram R$ 660 mm, 12% acima do esperado, enquanto as despesas G&A totalizaram R$ 615 mm, ficando 13% maior R/E. Contudo, no trimestre, houve benefício de R$ 980 mm com variação do valor do ativo biológico, o que acabou elevando o EBIT para R$ 7.299 mm (+7,6% R/E). O EBITDA, por sua vez, fechou em R$ 8.175 mm, ficando em linha com nossas projeções. A margem EBITDA fechou em 57%. No total de 2022, o EBITDA somou R$ 23.471 mm, um avanço significativo de 20% ante 2021.

Endividamento e Resultado Líquido. A dívida bruta da companhia segue em patamar elevado, totalizando R$ 74,6 bi, e a dívida líquida encerrou o trimestre em R$ 57,1 bi. A alavancagem, medida pela dívida líquida sobre o EBITDA, ficou em 2,0x em R$ e em US$, abaixo da meta de 3,0x. O resultado financeiro ficou positivo em R$ 2,0 bi, com as despesas financeiras totalizando R$ 1.190 mm, receitas ficando em R$ 345 mm, efeito de variação cambial e monetária positivo em R$ 1.594 mm, além do efeito positivo de hedge de R$ 1.251 mm. Com isso, a Suzano reportou um lucro líquido de R$ 7.459 mm, ante os R$ 5.448 mm do 3T22. O FCL ajustado, ex-Capex e Dividendos, somou R$ 3.701 mm.

Celulose: Demanda arrefece, mas preços mantêm bom desempenho. Apesar do modo “hold and see” observado na China pós-processo de reabertura, que limitou o avanço nas vendas de celulose no trimestre (-1% t/t), os preços da commodity seguiram em patamar elevado, contribuindo para receitas de R$ 11.975 mm, ainda em linha no t/t e 6% maior que nossas projeções. Na média trimestral, os preços realizados pela Suzano ficaram em US$ 826/t, 2% maior que o 3T22 e 31% acima do 4T21. No entanto, com margens pressionadas nas papeleiras e demanda enfraquecendo na Europa, vimos pressão por parte dos clientes, o que levou ao anúncio de redução de preços pela Suzano efetivo a partir de janeiro deste ano, e já devemos observar um preço realizado menor no 1T23. O custo caixa C1 fechou em R$ 937/t (+6% t/t e +25% a/a), afetado novamente pelo maior custo de madeira, tanto pelo maior raio médio quanto pela maior participação de terceiros, além de maior consumo de insumos, apesar da leve redução dos preços no período. Houve também efeito de menor diluição de custo fixo e maior custo com mão-de-obra. Assim, o EBITDA da operação totalizou R$ 7.274 mm, queda de 5% t/t, mas alta de 26% a/a. em 2022, o EBITDA somou R$ 25.099 mm, avanço de 17% ante 2021.

Papel: mercado doméstico segue sólido, apesar da sazonalidade. O consumo de papel no mercado doméstico segue resiliente e as vendas da companhia avançaram 6% t/t, mais que compensando a queda de 9% t/t nas exportações. Os preços realizados também tiveram bom desempenho e avançaram 3% ante o 3T22, ficando em R$ 7.079/t. A Receita do segmento totalizou R$ 2.395 mm, 13% maior que nossas estimativas, +4,8% t/t e 26% maior a/a. O EBITDA finalizou o trimestre em R$ 901 mm, com leve queda na comparação trimestral, por efeito de maiores custos, mas 50% maior que o nível do 4T21. No ano, o EBITDA da operação somou R$ 3.096 mm, avanço de 52% a/a.

Avanços em ESG

A companhia foi confirmada no ISE, Índice de Sustentabilidade da B3, bem como no Índice Dow Jones de Sustentabilidade para Emergentes.

E. No trimestre, a empresa participou da COP 27 do Clima e da COP 15 de Biodiversidade, além de ter lançado o Biomas, parceria com Itaú, Santander, Marfrig, Rabobank e Vale em prol da restauração, conservação e preservação das florestas no Brasil. Ainda, no período, a companhia contratou nova linha de crédito, um Export Credit Supported Facility, para financiamento de equipamentos do projeto Cerrado, no valor de US$ 800 mm, atrelado ao acordo com a International Finance Corporation (IFC) e seus Standards ESG. Por fim, a empresa assinou novo Sustainability-linked Loan (SLL) no valor de US$ 600 mm, atrelados à (i) diminuição de emissão GEE e (ii) ao aumento do percentual de mulheres na liderança.

S. A companhia foi reconhecida com o Supplier Sustainability Awards da Procter&Gable, sendo a única empresa latino-americana a compor o grupo de seis companhias reconhecidas na premiação.

G. Houve evolução no ranking de alguns índices, como MSCI e CDP, em conformidade aos avanços da companhia em suas ações ESG, inclusive na melhor performance, engajamento, comunicação e transparência.


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