Celulose fazendo o seu papel
A Suzano surpreendeu, mais uma vez, as expectativas, trazendo resultados impulsionados pelos negócios de celulose, com receitas avançando em velocidade bem acima do esperado, mais que compensando a alta dos custos observada no trimestre. Finalmente, a implementação dos aumentos de preços feitos ao longo do ano reflete nos resultados das empresas do setor, e no caso da Suzano, fez as receitas avançarem 23% ante o 2T22 e cerca de 30% ante o mesmo trimestre do ano passado, ficando 9,4% acima das nossas projeções. Com números fortes e baseados nos bons fundamentos que ainda vemos para a indústria, mesmo vislumbrando queda de preços para a celulose a partir do próximo ano, conforme explicitado em nosso relatório de Revisão de Preços do setor (leia aqui), confirmamos nosso preço-alvo visando o fim de 2023 em R$ 63/ação, mantendo a recomendação de Compra.
Após a aprovação na nova fábrica de papéis para fins sanitários (tissue) em Aracruz anunciada no trimestre anterior, com capacidade de 60 kton por ano, a Suzano informou neste trimestre sobre a aquisição da totalidade das quotas detidas pela Kimberly Clark Brasil dos ativos referentes à fabricação, marketing, distribuição e venda no país de produtos de tissue, incluindo a marca Neve, pelo valor de US$ 175 mm. O principal ativo refere-se a uma fábrica de tissue em Mogi das Cruzes (SP), com capacidade de produção de 130 kton por ano. Com isso, a Suzano dá mais um passo no seu processo de diversificação, alavancando sua atuação no segmento de bens de consumo, focado em tissue. A transação ainda aguarda aprovação do Cade.
Ainda, a companhia informou que concluiu os seus dois programas de recompra de ações no 3T22, totalizando a recompra de 40 milhões de ações. E com o resultado reportado, a Suzano anunciou novo Programa de Recompra de até 20 milhões de ações, aproximadamente 2,9% das ações em circulação da companhia, com prazo de 18 meses, a serem adquiridas a preço de mercado, via utilização de suas reservas de lucro.
Resultado Consolidado: avanços significativos. A receita líquida da companhia somou R$ 14.199 mm, 9,4% maior que as nossas estimativas, 23% acima do 2T22 e 32% maior a/a, em razão de (i) maiores volumes vendidos, (ii) preço médio mais alto e (iii) contribuição positiva da variação cambial, com valorização do dólar ante o real. O CPV totalizou R$ 6.473 mm, 1,4% menor que o projetado pelo Inter Research e apenas 5,7% acima t/t, mesmo com os impactos de custos mais elevados de insumos em ambos os segmentos, além do maior volume vendido no período. As despesas VG&A somaram R$ 778 mm, 24% menor que o esperado com impacto de R$ 239 mm de outras receitas. As despesas com vendas registraram R$ 625 mm (em linha t/t), enquanto G&A avançou 8% t/t, ficando em R$ 393 mm, refletindo gastos maiores de pessoal, em razão de aumento de quadro. O EBITDA fechou em R$ 8.596 mm, surpreendentes 20% acima das nossas projeções e 36% maior que o reportado tanto no 2T22 quanto no 3T21. A margem EBITDA também impressionou, ao avançar 5,8 p.p. t/t, fechando em 60,5%.
Endividamento e Resultado Líquido. A dívida bruta da companhia segue em patamar elevado, totalizando R$ 76,1 bi, e a dívida líquida encerrou o trimestre em R$ 57,8 bi. A alavancagem, medida pela dívida líquida sobre o EBITDA, ficou em 2,2x em R$ e em 2,1x em US$, abaixo da meta de 3,0x. O resultado financeiro fechou negativo em R$ 1.527 mm, com as despesas financeiras totalizando R$ 1.216 mm, receitas ficando em R$ 270 mm, efeito de variação cambial e monetária consumindo R$ 1.470 mm do resultado, parcialmente compensados pelo resultado positivo de R$ 890 mm das operações com derivativos A Suzano reportou um lucro líquido de R$ 5.448 mm, bem acima dos R$ 182 mm do trimestre anterior. O FCL ajustado, ex-Capex e Dividendos, somou R$ 2.732 mm.
Celulose: momento de a líder brilhar. Com uma demanda forte de celulose tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, que vem contrapondo o recuo de consumo na China, além de restrições de oferta na cadeia global, os anúncios de preços efetuados ao longo do 1S22 foram devidamente implementados, ficando mais visíveis nos resultados da companhia neste trimestre. Vimos avanço de 12% t/t e 25% a/a nos preços médios realizados da celulose da Suzano que, juntamente com ritmo de vendas ainda acelerado, totalizando 2.797 kton no trimestre (+5% t/t e +5% a/a/) levaram a uma receita líquida no segmento de R$ 11.913 mm, 9,2% acima das nossas estimativas, 25% maior t/t, e 31% acima do 3T21. O custo caixa C1 fechou em R$ 883/t (+3% t/t e +24% a/a), afetado novamente pelo maior custo de madeira, tanto pelo maior raio médio quanto pela maior participação de terceiros, além de custos mais elevados de insumos, como combustíveis e químicos, e pela variação cambial. Por fim, o EBITDA do segmento totalizou R$ 7.665 mm, 37% maior que o 2T22.
Papel: demanda doméstica segue forte. O segmento de papel continua mostrando ritmo forte de recuperação, refletindo o melhor momento da economia doméstica, o que vem permitindo, inclusive, repasses de preços. As vendas de papel no trimestre subiram 2% t/t, apesar do recuo de 2% a/a, somando 331 kton. O preço médio do papel da Suzano ficou em R$ 6.905/t alta de 14% t/t e 40% a/a) com os repasses de preço, fazendo com que a Receita do segmento totalizasse R$ 2.286 mm, 10% maior que nossas estimativas, +13,6% t/t e 37,6% maior a/a. O EBITDA, então, finalizou o trimestre em R$ 931 mm, 30% maior que o 2T22 (+61% a/a).
Avanços em ESG
A companhia já lista nos principais índices ESG existentes. Destacamos o 2º Call ESG sediado pela companhia no trimestre a fim de apresentar e discutir os avanços na agenda ESG da empresa e seus compromissos assumidos.
E. Com a matriz de materialidade destacando Mudança Climática e Biodiversidade na pauta Ambiente, a companhia apresentou ferramentas de monitoramento de clima, além de avanços no processo de descarbonização, participando do projeto piloto da ACT, visando reduções de Escopo 1 e 2. Além disso, no trimestre, a empresa deu início à jornada de conexão de florestas nativas visando a restauração de habitats via corredores ecológicos.
S. A companhia assumiu o compromisso de remover cerca de 200 mil pessoas da linha da pobreza até 2030 (20% da população nas regiões onde a Suzano atua).
G. A Suzano apresentou duas novas políticas sendo uma para Nomeação do Conselho de Administração, com meta de diversidade de 30%, e outra de Remuneração, com cláusulas Malus e Clawback. Além disso, a companhia agora possui três mulheres em seu CA e cinco membros independentes.