Sinistros ainda impactando no 2T
A Sulamérica (SULA11) reportou um resultado acima da nossa expectativa, com lucro líquido de R$ 140 milhões (+363% a/a e +487% vs. Inter Research) com ROAE de 5,1% (-260 bps a/a e +80 bps Inter Research). Apesar do resultado acima do esperado, o lucro líquido foi beneficiado pela alíquota positiva beneficiada pela “Lei do Bem” de incentivos fiscais. Vimos um operacional ainda fraco, com pressão da sinistralidade, que piorou com maior demanda por procedimentos eletivos e leve pico de covid-19 no período, e registrou 88,4%. As despesas administrativas também pressionaram o lucro antes dos impostos, mas foram parcialmente compensadas pelo avanço do resultado financeiro. Reconhecemos o crescimento das receitas, que subiram 8,1% impulsionadas pela alta de 6,9% (ex-Sompo Saúde) da base de beneficiários em planos de saúde e odonto, mas não foram suficientes para conter a pressão da sinistralidade no período. Apesar do momento ainda pontual no ano, temos boas perspectivas de longo prazo para a companhia com o fim de efeitos mais graves da pandemia e com a aquisição pela Rede D’Or, onde entendemos que há um prêmio quando a conversão de ações ocorrer para os acionistas da Sulamérica. Reiteramos nossa recomendação de compra para SULA11 e mantemos nosso preço-alvo 2022E em R$35/unit.
Após aprovada em assembleia de acionistas das duas companhias, a incorporação da Sulamérica pela Rede D’Or segue com o protocolo, e em seu último comunicado, a Susep deu o aval positivo para a operação, que agora aguarda a ANS, CADE e Bacen.
Seguro Saúde e Odonto: A Margem bruta do ramo totalizou R$ 136 milhões (-51,3% a/a) com desempenho direcionado pela elevada sinistralidade, que atingiu 89,7% no 2T22, piorando 400 bps a/a, com fatores como: (i) alto patamar de frequência de procedimentos eletivos, sendo mais internações e consultas, acima de níveis pré-pandemia; (ii) sazonalidade típica do 2T; (iii) os prêmios ainda não capturam os reajustes de preço, que devem ter maior efeito no 3T; (iv) efeito do reajuste negativo em planos individuais e (v) impacto de R$ 77 mm em custos relacionados à covid-19. Apesar disso, a companhia ainda vê que os sinistros relacionados à covid-19 são 60% menores que o 1T, indicando uma situação mais controlada em relação à pandemia em termos de internações e casos graves. No desempenho das receitas, a companhia mostrou avanço de 8,9% a/a, avançando 9,4% no total de beneficiários, refletindo o avanço no porfólio de PME (+14,2% a/a) e seguindo a boa dinâmica de demanda no segmento e a gradual aplicacão de reajustes nos planos. Os planos individuais caíram e continuam refletindo o reajuste negativo estabelecido pela ANS ao segmento. O principal ramo da companhia mostrou bom crescimento em beneficiários e também nas receitas, mas ainda sente efeitos da atual dinâmica no setor e acreditamos que gradualmente os resultados podem refletir uma maior reprecificação dos planos, garantindo à companhia melhor rentabilidade no futuro.
Vida e Previdência: o segmento reportou uma margem bruta de R$ 58,3 mm, revertendo o prejuízo de R$ 44,1 mm no 2T21, refletindo principalmente a melhora significativa na redução dos casos de óbitos por covid-19, resultando em um índice de sinistralidade de 44,6% (melhora de 46 p.p. a/a). As receitas avançaram 7,5% a/a, mostrando a tendência de recuperação nas vendas de seguro viagem, além de uma melhor performance dos seguros coletivos. Em previdência, a margem bruta contribuiu com R$ 19,8 mm, revertendo prejuízo de R$ 6,1 mm no 2T21, com ligeiro crescimento das reservas de 0,2%, mas as receitas tiveram desempenho fraco com queda nas contribuições em VGBL.
Despesas e resultado financeiro: As despesas avançaram 30,3% a/a, registrando R$ 396,6 mm, com uma base comparativa que foi beneficiada por uma reversão de provisão no 2T21 referente à taxa de saúde suplementar da ANS na linha de tributos, mas quando desconsideramos essa provisão e outros efeitos não-recorrentes, as despesas estariam em patamar equivalente aos 6,7% registrados no 2T21. O resultado financeiro foi um ponto positivo do resultado e reportou R$ 194,5 mm (+463% a/a), espelhando principalmente o forte avanço dos resultados com investimentos que acompanharam a alta da taxa Selic.