Desaceleração esperada, mas com boas margens no trimestre.
De modo geral esperamos bons resultados para as seguradoras neste trimestre, com um desempenho operacional beneficiado por prêmios ainda em crescimento e sinistros pressionando um pouco menos os resultados. Temos observado a sinistralidade perdendo força principalmente por conta dos reajustes nas precificações dos prêmios. Seguradoras que atuam no ramo automotivo e rural ainda podem colher boas margens neste trimestre. Além disso, resultados financeiros podem continuar performando bem, se beneficiando das elevadas taxas de juros.
Prêmios Desacelerando. Apesar de esperarmos uma desaceleração para os prêmios emitidos no setor de seguros no 2T, ainda enxergamos com um bom crescimento do setor dado o forte desempenho ocorrido no ano passado devido ao maior movimento de reajustes. O setor de seguros cresceu 10,5% a/a no bimestre de abril a maio deste ano, sustentado ainda por um bom avanço nos segmentos automotivo, rural, e com destaque para os seguros massificados. Neste sentido, em termos de receitas, continuamos observando um bom cenário para BB Seguridade e Porto Seguro, que respectivamente, atuam com relevância nos mercados rural e automotivo. Para o IRB Re ainda esperamos uma receita mais fraca, conforme observamos os últimos dados mensais e pela estratégia de re-underwriting da companhia.
Sinistralidade reduzindo gradualmente com certa normalização e ajuda de reajustes nos prêmios. Continuamos observando uma tendência de redução da sinistralidade para este trimestre, contudo esse movimento é favorecido por um nível maior dos prêmios ganhos causados por reajustes relacionados a maiores riscos percebidos, principalmente nos ramos automotivo e rural, que continuam com tendência de queda. Neste sentido, esperamos um resultado positivo também para a BB Seguridade e para a Porto Seguro, lembrando que a Porto Seguro tem colhido boas margens com os reajustes ocorridos e o avanço dos sinistros perdendo força com a normalização de preços e produção no setor automotivo. Para o IRB Re, vimos uma piora da sinistralidade nos últimos dados de maio da companhia, mas ainda devem ser resultados melhores que o observado no ano passado, quando o setor rural pressionava.
Resultado financeiro ainda se beneficiando da Selic elevada. Ainda sobre efeitos de uma elevada taxa Selic, que favorece as carteiras de aplicações das seguradoras, esperamos um 2T mais forte que no ano passado em termos de resultado financeiro para estas empresas. Esperamos bom desempenho para a BB Seguridade e Porto Seguro. Por outro lado, IRB pode ter resultado financeiro contido pela queda do dólar, dado a sua exposição de cerca de 40% das aplicações em moeda estrangeira.
Revisão de Preços
Estamos atualizando nossas recomendações para o setor, incorporando novas perspectivas macroeconômicas, que refletem majoritariamente em uma redução no custo de capital para as companhias. Consequentemente, a redução esperada dos juros pela frente também implica em uma redução no resultado financeiro dessas empresas. Além disso, incorporamos os últimos resultados e dados do setor de seguros às nossas projeções.
BB Seguridade | Mantendo a resiliência do negócio.Apesar de esperarmos uma redução nos resultados financeiros por conta do que esperamos para a curva de juros, a companhia ainda reporta bons resultados operacionais, impulsionados principalmente pelo bom desempenho na Brasilseg e BB Corretora. Por outro lado, ainda precisamos ficar atentos à Brasilprev e a competição no setor, o braço de previdência da companhia ao menos tem defendido suas captações líquidas nos últimos resultados. Seguimos otimistas com BBSE3 e mantemos nossa recomendação de Compra com preço-alvo de R$ 42/ação FY23.
IRB Re | Turnaround chegando ao fim, mas preço importa.Esperamos que 2023 seja de vez um ano de recuperação da lucratividade para a companhia. Todo o processo de turnaround parece estar terminando, com a redução de exposição a contratos não-rentáveis para a empresa, principalmente no exterior. Podemos ver isso no nível de sinistralidade, que vem caindo gradualmente versus os anos anteriores, não fosse o evento pontual do segmento rural no ano passado a recuperação da companhia poderia ter vindo antes. Apesar disso, ainda vemos a situação de suficiência um pouco delicada, o que não deixa tanta margem para erros e maiores prejuízos pela frente, mas vale lembrar que o segmento rural, onde a companhia tem boa exposição no Brasil, está suscetível a eventos climáticos por vezes mais intensos que o esperado. Por fim, as ações da companhia valorizaram cerca de 55% em 2023, e nos preços atuais, um valuation de 1x seu valor patrimonial, achamos justo comparado a resseguradoras internacionais. Porém, considerando a entrega atual da companhia e nossas perspectivas de recuperação nos resultados, que resultam em um ROAE de longo prazo de 14% com custo de capital de 14,4%, o que gera um P/VP estimado de 0,7x FY23, não ficamos confortáveis com o valuation atual, o que significa que uma recomendação de compra requer hoje um desconto para assumir os riscos. Desta forma, alteramos nossa recomendação Neutra para Venda para IRBR3 com preço-alvo de R$ 36/ação FY23 (anteriormente R$ 27/ação).
Porto Seguro | Momento de superação no seguro auto e drivers de crescimento mantém papel atrativo. A Porto Seguro passa por um período de recuperação nas margens do seu principal negócio, o seguro automotivo. Com reajustes ocorridos no ano passado para fazer frente às despesas com sinistros, que evoluíram de forma significativa após a inflação de veículos seminovos e peças, a companhia agora passa por um momento de melhores margens no seguro, o que temos constatado através da melhora nos seus indicadores de sinistralidade. A Porto Seguro ainda conta com a opcionalidade do crescimento em suas novas verticais como a Porto Saúde, Porto Seguro Bank e Serviços. Com a companhia recuperando a normalidade nos resultados e consequentemente maior nível de rentabilidade, mantemos nossa recomendação de Compra para PSSA3 com preço-alvo de R$ 34/ação FY23 (anteriormente R$ 31/ação).