Renda Variável


Santander | Resultado 2T22

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Matheus Amaral

Publicado 28/jul5 min de leitura

NII fraco com tesouraria, mas NPL mostrou estabilidade. Alteramos nosso preço-alvo.

O Santander reportou um resultado acima da nossa expectativa, com um lucro líquido de R$ 4,1 bi (+2% t/t e +5% Inter Research) e ROAE de 20,8% (+20 bps t/t e +120 bps t/t). Apesar de um resultado acima do esperado, o desempenho operacional foi fraco, com o NII prejudicado mais uma vez pelo resultado com tesouraria, ainda afetado negativamente pelo movimento de alta na taxa de juros. Além disso, apesar de uma estabilidade no NPL no trimestre, o banco realizou mais provisões, acompanhando a evolução do NPL em Pessoas Físicas. Nos resultados com serviços e tarifas, o banco mostrou boa expansão, além de um controle nas despesas operacionais, que refletiram um bom controle de custos, mas vindo de uma redução de agências (-49 unidades) e pessoal (-684 funcionários) no trimestre. Não fosse também uma tributação efetiva bem abaixo do normalizado, o banco reportaria um resultado mais fraco que o esperado no trimestre, visto o resultado antes dos impostos, que reduziu 12,3% t/t.

Aproveitamos os recentes resultados para revisar nosso preço-alvo para o Santander e atualizamos para R$ 36,00 (antes R$ 41,00) e mantemos nossa recomendação como neutra. Apesar do Santander reportar boa expansão operacional, vide o crescimento de clientes digitais (+13% a/a) e clientes ativos totais (+7% a/a), e uma boa agenda em M&A nos últimos meses, além de iniciativas no varejo de investimentos como o Santander AAA, continuamos com maior cautela em relação ao seu resultado financeiro, já que esperamos maiores desafios na sustentação de um ROAE acima de 20% e esperamos ainda um cenário de deterioração da qualidade de crédito no segmento PF em 2022, no qual o banco possui maior sensibilidade versus os pares incumbentes.

Sensibilidade à curva de juros continua penalizando NII, mas spreads avançam. O resultado com crédito no banco desapontou, com uma margem financeira bruta de R$ 12,8 bilhões (-8,3% t/t e -11,5% Inter Research), direcionada principalmente pelo resultado com tesouraria negativo de R$ 1,5 bilhão, que é explicado pela sensibilidade negativa do banco à curva de juros. Por outro lado, a margem com clientes foi positiva e avançou 3,1% t/t (+1,4% Inter Research) registrando R$ 14,3 bilhões com o aumento do spread para 11,5% (+20 bps t/t) vindo de um mix de produtos de maiores taxas e melhor spread frente as captações. Por fim, a margem financeira líquida foi de R$ 7 bilhões, com queda de 24,6% t/t (-27,6% Inter Research), refletindo o aumento das despesas com PDD de 24,6% t/t (+21,6% Inter Research), que acompanhou o crescimento da carteira de crédito nas linhas de maior risco e da deterioração da qualidade de crédito. Desta forma, o banco reportou avanço do custo de crédito de 80 bps t/t para 4,3%.

Carteira no atacado volta a crescer e qualidade de crédito se mantém estável, mas ainda com avanço em PF. A carteira de crédito avançou 2,9% reportando saldo de R$ 468,5 bilhões. No segmento PF, a evolução foi de 1,9% t/t, com o banco priorizando o crescimento em créditos com garantia e maior qualidade frente ao atual cenário, por isso vimos pouco crescimento em cartão de crédito (+0,3% t/t) e maior avanço em consignado (+2,9% t/t), que reflete também o aumento de margem ocorrido para pensionistas do INSS. No segmento PJ, houve bom crescimento de 4,8% t/t, vindo principalmente da variação cambial na carteira de Comércio Exterior (+24% t/t) e Crédito Rural (+30,3% t/t). O NPL do banco mostrou estabilidade no trimestre, registrando taxa total de 2,9%, influenciada principalmente pela queda no segmento PJ de 30 bps t/t para 1,1%, enquanto o segmento PF reportou aumento de 10 bps t/t atingindo 4,1%, nível acima do período pré-pandemia. Por outro lado, o NPL de 15 a 90 dias total permaneceu estável a 4,2%, sem se movimentar em todos os segmentos, bem como o NPL formation que avançou apenas 2 bps t/t, registrando 1,86%. Em consequência de maior provisionamento no período e da estabilidade nos indicadores de NPL, a cobertura avançou 90 bps t/t registrando 224%.

Serviços avançam e bom controle de custos, mas houve redução de agências e pessoal no trimestre. As receitas com serviços avançaram 5,7% t/t, registrando R$ 4,9 bilhões, com destaque para as linhas que esperávamos como seguros (+11,5% t/t) e cartões (+5,5% t/t), vindo da maior transacionalidade em cartões e do maior volume de originações em seguros no período. Além destas, conta corrente segue nos surpreendendo, avançando 1,5% t/t, com aumento da base de clientes e maiores receitas com pacotes e tarifas. As despesas gerais totalizaram R$ 5,4 bilhões, com queda de 1,9% t/t, refletindo o bom controle de custos feito pelo banco, no qual as despesas administrativas permaneceram estáveis e as despesas com pessoal caíram 4,1% t/t, com queda de 11% nas despesas com remuneração. Frente a isto, observamos uma redução de 49 agências e 684 funcionários no período, além de uma redução de 23 PABs, 320 caixa eletrônicos próprios e 130 da rede 24h. Com isso, o índice de eficiência do Santander foi de 33,9%, reduzindo 210 bps t/t.

ESG. Os avanços do Santander no período no aspecto ambiental foram de viabilização de R$ 15,3 bilhões em negócios sustentáveis com a criação de uma estrutura Green Finance com foco local e global. No mercado de CBIOs, o banco mantém 55% de market share, mais de 30% dos projetos eólicos no país foram financiados pelo banco. No aspecto social, o banco se tornou membro da Aliança pela Inclusão Produtiva, para promover capacitação e inclusão da população de menor renda no mercado de trabalho. No programa Prospera Finanças, a carteira de crédito para microempreendedores totalizou R$ 2,2 bilhões (+43% a/a), com meta de crescer +27% até 2023. Em governança, é desenvolvida a capacitação interna e inclusão de critérios ESG na remuneração dos executivos. O banco atinge 27% de membros mulheres no Conselho de Administração. E como reflexo, o Santander foi reconhecido pela Exame como Melhor Empresa ESG de 2022, na categoria serviços financeiros.


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