A Porto apresentou um resultado abaixo nas nossas expectativas, com lucro líquido de R$ 131 milhões (-80% a/a e -59% Inter Research) e ROAE de 5,6% (- 23,6 p.p. a/a e - 7,5 p.p. Inter Research). A Porto mostrou bom desempenho comercial no trimestre, com forte crescimento double digit em todas as verticais na comparação anual, totalizando um crescimento de 36,7% a/a no 2T22 e de 29,1% a/a no 1S22. Por outro lado, o resultado ainda foi impactado pela alta sinistralidade no seguro automotivo. Destacamos o bom avanço das receitas na Porto Seguros, com crescimento de 35,8% a/a vindo de uma maior precificação das apólices e adição de 29 mil itens no segmento de empresas e 796 mil vidas no segmento de cobertura pessoal. Na Porto Saúde também vimos forte crescimento de beneficiários de mais 103 mil vidas (+35,2% a/a). Na Porto Bank também destacamos o avanço de 10% a/a em cartões e 8,1% a/a em financiamentos com uma carteira de crédito evoluindo 24,5% a/a. Por fim, na vertical de Serviços, o Carro Fácil mostrou forte adição de contratos ativos de mais 4 mil contratos (+45,7% a/a). Apesar do bom desempenho operacional, principalmente comercial, a rentabilidade da companhia ainda é duramente afetada pela sinistralidade do ramo auto, mas observamos um ponto de inflexão, já que o índice combinado da Porto mostrou queda pela primeira vez desde o 2T21, registrando 98,9%, ainda em nível elevado, mas indicando tendência melhora para os próximos trimestres a partir de uma maior reprecificação nos prêmios emitidos. Mantemos nossa recomendação neutra para PSSA3, com Preço-alvo de R$ 24 FY22.
Consolidado | Sinistralidade no auto retirando o brilho do bom desempenho em todas as verticais: A receita total da Porto foi de R$ 6,8 bilhões no 2T22, com alta de 32% a/a, vindo do forte crescimento em todos os negócios, com a Porto Seguros avançando 32,1% a/a, Porto Seguro Bank +32,5% a/a, Porto Saúde +45,7% a/a e Serviços +44,8% a/a. Apesar do aumento das despesas administrativas de 5,7% a/a no 2T22 com maiores impactos vindo das despesas com Pessoal, a companhia mostrou um índice de eficiência recorrente com melhora de 220 bps a/a caindo para 13,5% em função do aumento das receitas. Seu resultado operacional caiu 91% a/a registrando R$ 45,5 milhões vindo de um desempenho mais fraco na Porto Seguros. Destacamos o bom desempenho na Porto Saúde, que demonstra um controle na sinistralidade e bom ritmo de vendas. O lucro líquido recorrente acabou sendo impactado pelos efeitos mencionados acima, totalizando R$ 89 milhões, gerando uma rentabilidade de 3,8%, ainda abaixo da média histórica da companhia, o que esperamos que deve começar a melhorar a partir dos próximos resultados com as maiores receitas e amenização da alta sinistralidade vindo da maior precificação de apólices no ramo auto.
Porto Seguros | Um momento ainda sinistro, mas há sinais de inflexão. O segmento de seguros registrou um lucro líquido de R$ 105 milhões (-51,1% a/a) e ROAE de 10,7% (-14,6 p.p. a/a), refletindo uma piora de 14,6 p.p. a/a do índice combinado, que registrou 98,9% no 2T22, causada principalmente pela alta sinistralidade, que registrou 59,4% com piora de 13,9 p.p. a/a, causada pela alta no ramo auto de 23,4 p.p a/a, registrando 67,5%. Em termos de receitas, a vertical de seguros foi muito bem, totalizando R$ 4,5 bilhões em prêmios emitidos (+32,1% a/a) vindo de uma maior reprecificação nos produtos, principalmente no auto para compensar a forte elevação dos sinistros. A frota segurada avançou pouco (+0,6% a/a totalizando 5.689 mil, com a reprecificação sendo o principal vetor para o crescimento das receitas, mas destacamos o bom crescimento em vidas seguradas que totalizou 4.835 mil (+12,7% a/a).
Porto Saúde | Bom desempenho em vendas e sinistralidade controlada mas com efeitos de covid ainda impactando resultado. A Porto Saúde registrou um lucro líquido de R$ 22,1 milhões, revertendo o prejuízo do 2T21 e ROAE de 17,3%, revertendo uma maior rentabilidade nos últimos 2 trimestres, com um resultado direcionado pelo forte avanço das receitas, mas ainda compensado por uma sinistralidade elevada, mas com maior controle contra o ano passado. As receitas do segmento registraram R$ 789 milhões, um avanço de 45,7% a/a, que refletiu o bom desempenho operacional com acréscimo de 88 mil beneficiários (+7,9% a/a) totalizando 1.200 mil vidas cobertas, com o segmento de saúde crescendo +35,2% a/a em número de beneficiários totalizando 395 mil vidas, com leve queda em odonto e outros de -1,5% e -3,4% a/a, respectivamente. A sinistralidade no segmento de saúde mostrou leve aumento na comparação trimestral, mas ainda abaixo de 2021 com uma persistência de casos de ômicron elevando custos no sistema e saiu de 76,9% no 1T22 para 82,7% no 2T22, mas ainda abaixo dos 85,4% reportados no 2T21, mostrando maior controle do indicador através da reprecificação e renovações compatíveis com o risco atual.
Porto Seguro Bank | Receitas avançam, mas PDD pressiona resultado: Nos negócios financeiros, o lucro líquido foi de R$ 74 milhões (+6,8% t/t e -9,7% a/a) com ROAE de 20,3% (+1,5 p.p. t/t e -9,7 p.p. a/a). O resultado tem mostrado melhor desempenho na comparação trimestral, refletindo maiores spreads contribuindo para a receita e também o bom crescimento na geração de crédito, mas na comparação anual, o menor desempenho vem do aumento das despesas com PDD, refletindo a deterioração do cenário macroeconômico e da qualidade da carteira, onde observamos a deterioração da inadimplência e o consumo do índice de cobertura, mesmo com a elevação das PDDs. As receitas totalizaram R$ 1,1 bilhão (+3,6% t/t e +32,5% a/a) mostrando bom resultado tanto na operação de crédito (R$ 714,5 milhões, +7,5% t/t e +7,4% t/t), quanto em soluções de locação e garantia (R$ 209,2 milhões, -12% t/t e +23,3% a/a). A carteira de crédito, mesmo com maiores restrições na concessão dado ao ambiente macroeconômico, cresceu 24,5% a/a e +5,6% t/t totalizando R$ 14,3 bilhões no 2T22, com cartões de crédito mostrando bom avanço de 28,5% a/a e empréstimos e financiamentos com +10% a/a. Na qualidade de crédito, como mencionamos, houve deterioração, com a inadimplência avançando para 6,8% no 2T22 (+60 bps t/t e +260 bps a/a) pressionando o índice de cobertura que caiu para 115%, caindo -4 p.p. t/t e -32 p.p. a/a.
Serviços | Chegada da Assistência na vertical e ajustes no Carro Fácil. Em serviços, a companhia mostrou um resultado negativo de R$ 3,9 milhões, revertendo lucro de R$ 4,9 milhões no 2T21. Destacamos a cisão ocorrida dos serviços de assistência da Porto Seguros para a Porto Assistência, que deve trazer melhor otimização da gestão e operação no grupo. As receitas acabaram avançando significativamente com ao acréscimo de assistência saindo de R$ 85,1 milhões no 2T21 para R$ 301,1 milhões no 2T22. Além disso, destacamos as receitas no Carro Fácil que cresceram 79,5% a/a e 18,1% t/t vindo de um bom crescimento dos contratos ativos na comparação anual de 45,7% totalizando 12 mil contratos. Por outro lado, o resultado negativo da vertical foi impactado por ajustes no produto Carro Fácil, vindo da baixa entrega de veículos 0Km pelas montadoras, que se regularizaram a partir de mar/22.