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Papel e Celulose | Prévias 3T22

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Gabriela Joubert

Publicado 24/out8 min de leitura

Prévias 3T22: Receitas avançam, ajudando margens

Esperamos resultados resilientes para o setor de Papel e Celulose na temporada do 3T22, em reflexo aos maiores preços realizados de celulose frente ao trimestre anterior, bem como volumes de vendas fortes que, juntos, devem compensar os custos mais elevados no trimestre, levando a margens ainda robustas.

Revisamos nossos modelos e trouxemos novos preços-alvo 2023 para as companhias do setor. Veja o relatório completo aqui.

Celulose: demanda resiliente e preços realizados mais altos. Apesar da queda dos preços das commodities nos mercados internacionais, os preços da celulose mantiveram-se em patamar elevado, seguindo a demanda ainda forte e as restrições de oferta que vem desbalanceando a dinâmica do mercado desde o ano passado. Apesar dos preços estáveis, devemos ver os preços realizados das companhias brasileiras acima do observado no 2T22, refletindo a alta dos preços do primeiro semestre que não havíamos visto antes por conta dos prazos mais longos do transporte transoceânico. A demanda na China mostra sinais de desaceleração, mas devemos ver volumes ainda fortes em virtude de novos mercados acessados pelas empresas, os quais ficaram desassistidos por conta das restrições de oferta, em especial na Europa. Com isso, devemos ter um trimestre de fortes receitas de celulose, ajudando a impulsionar o resultado consolidado das companhias. Já para os custos, mais uma vez devemos ver forte impacto dos preços de combustíveis, mas o destaque negativo ainda fica por conta dos custos de madeira, ainda em linha com a estratégia das empresas em preservar florestas próprias, optando por elevar o consumo de madeira de terceiros neste momento.

Papel: demanda interna não mostra sinais de desaceleração. O segmento de papel continua forte, em especial no mercado doméstico, onde a demanda se mantém aquecida, seguindo o bom momento econômico do país. Dados da Empapel mostram que as vendas de papelão ondulado ficaram acima da média dos últimos cinco anos para o trimestre, resultado da recuperação do e-commerce, bem como das exportações de Alimentos e Bebidas, importante consumidor de produtos para embalagens. A forte demanda de caixa de P.O. também impulsionou o consumo de papeis para embalagens, contribuindo para volumes em alta no período. Para kraftliner, os preços nos mercados internacionais mostram arrefecimento, conforme as exportações dos Estados Unidos voltam ao mercado internacional. Contudo, internamente a demanda continua aquecida, o que proporcionou repasse de preços no trimestre. Devemos ver também papel de Imprimir&Escrever avançando em vendas em razão do período eleitoral e do retorno aos escritórios. Para papel cartão, a demanda aquecida, juntamente com oferta ainda limitada, continua a impulsionar os preços no segmento, enquanto os volumes de vendas seguem robustos.

Irani (RANI3): Margens avançam

Esperamos um 3T22 com leve melhora ante o 2T22 e o 3T21, com receitas compensando os custos ainda elevados, levando a ganhos de margens. Os preços realizados maiores devem contribuir para receitas robustas, mesmo com volumes de vendas em linha, uma vez que a companhia já opera em plena capacidade. Os resultados da companhia devem refletir a boa dinâmica do mercado doméstico, conforme antecipado pelos dados da Empapel no período. O top line robusto deve compensar os custos ainda elevados, apesar de já podermos observar leve redução no custo de aparas, conforme a cadeia normaliza, e do frete, em virtude dos menores preços de combustível no t/t. Na linha de G&A, as despesas com pessoal devem apresentar crescimento, em razão do acordo coletivo, porém mais evidente no 4T22.

Esperamos que a receita consolidada reporte R$ 421,4 mm em linha com o trimestre anterior e 2,6% menor que o 3T21. O resultado financeiro deve sentir o impacto dos juros mais elevados, levando a um lucro líquido 14% menor que o 2T22. Já o EBITDA deve se manter elevado, em R$ 142,5 mm, 6,7% maior t/t e 6,3% acima do 3T21, com uma margem EBITDA de 34%, 2,7 p.p. maior t/t e a/a.

Fonte Inter Research e Companhia.

Klabin (KLBN11): Receitas limitam pressão dos custos no trimestre

Esperamos que as receitas da Klabin avancem tanto na base anual quanto na trimestral, espelhando volumes maiores de venda de celulose nos mercados internacionais, bem como preços realizados mais altos, favorecidos pelas dinâmicas de mercados ainda apertadas, com demanda resiliente e oferta restringida por conta de choques produtivos e logísticos. A companhia deve, mais uma vez, trazer preços realizados de celulose acima de seus pares, em virtude de menor participação da China em suas vendas, mercado com preços normalmente mais depreciado. No papel, a Klabin deve reportar vendas ainda fortes e preços mais elevados no segmento de cartões, impulsionando receitas. Em kraftliner, devemos observar preços menores nos volumes vendidos externamente, seguindo as cotações internacionais, mas a demanda interna ainda aquecida deve abrir espaço para aumentos de preços no mercado doméstico. Já para embalagens, o 3T é o período sazonal mais forte para o segmento e devemos ver os volumes de caixas de P.O. com forte avanço t/t, uma vez que os impactos de menor exportação de frutas que limitaram as vendas de P.O. da empresa no 2T22 agora estão normalizados.

Os custos devem seguir pressionando, principalmente na comparação anual, fazendo com que a margem apresente contração ante o 3T21. Contudo, na base trimestral, devemos ver leve ganho frente o 2T22, pelas receitas que avançam mais fortemente. Neste trimestre, devemos ver insumos ainda pesando, em especial combustível, apesar do menor impacto t/t, contudo os custos com madeira devem seguir avançando, devendo chegar ao pico no 4T22.

Assim, esperamos que as receitas totalizem R$ 5.313 mm, um avanço de 5,4% t/t e 22% maior a/a. O EBITDA, por sua vez, deve ficar em R$ 2.027 mm, 10% maior que o 2T22 e 5,1% acima do 3T21, com uma margem de 38%, 1,6 p.p. maior t/t.

Fonte Inter Research e Companhia.

Suzano (SUZB3): Preços de celulose avançam, limitando contração nas margens.

Os resultados do 3T22 da Suzano devem mostrar receitas de celulose maior t/t e a/a, beneficiada pelo avanço dos preços da commodity nos mercados internacionais, vis-à-vis o patamar do 3T21, bem como melhores preços realizados quando comparado ao 2T22. Além disso, devemos ver também forte contribuição nas receitas de volumes vendidos superiores ao observado no trimestre anterior, recuperando o ritmo normalizado. No segmento de papel, devemos ver a continuidade da forte recuperação da demanda no mercado interno, que já vem acontecendo desde o início do ano. Os volumes devem seguir em patamares elevados, enquanto os preços também avançam, cerca de 8%, espelhando os aumentos de preços e reajustes inflacionários. O período eleitoral deve impulsionar as vendas de papel Imprimir&Escrever. Com preços e volumes em alta, devemos ver as receitas consolidadas subirem 12,7% t/t, somando R$ 12.984 mm, com as receitas de celulose avançando 14,7% no período.

Do lado negativo, os custos devem seguir pressionando as margens, principalmente na comparação anual, em virtude da alta das commodities e das pressões inflacionárias. Mas, na comparação com o 2T22, devemos ver alguns insumos arrefecendo, como químicos e combustíveis (apesar de ainda em nível acima da média histórica). O custo com madeira deve seguir elevado, pesando nas margens. Esperamos, então, um EBITDA no trimestre reportado em R$ 7.175 mm, 14% maior que o 2T22, com margem EBITDA em 55,3%, levemente acima t/t, mas abaixo do observado no 3T21.

Fonte Inter Research e Companhia.

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