Ritmo de desaceleração continua e inadimplência ainda pressiona
Saldo de crédito continua tendência desaceleração. Em maio, na comparação com maio de 2022, o saldo total avançou 10%, contra 11% observado em abril na mesma métrica. Entre as pessoas jurídicas, o saldo avançou 4,4% na comparação com o mesmo período do ano anterior, ante avanço de 4,8% no mês passado. O resultado foi fruto da desaceleração no saldo de recursos livres, que saiu de 2,8% em abril para 1,8% em maio, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Por outro lado, o saldo de recursos direcionados acelerou, saindo de 8,6% em abril para 9,4% em maio. Entre as pessoas físicas observamos desaceleração, mas o crescimento continua robusto, com o saldo avançando 14,7% em maio na comparação com maio de 2022, com o saldo desacelerando tanto entre os recursos livres, quanto no direcionado. No primeiro, o saldo cresceu 12,9% em maio na comparação com maio de 2022, vindo de 14,2% no mês anterior, enquanto entre os recursos direcionados, o saldo avançou 16,75% em maio, também na comparação anual, ante alta de 17,9% em abril.
Concessões de crédito somam R$492,7 bilhões em maio no dado dessazonalizado, apresentando alta de 1,5% frente a abril. É a primeira alta desde janeiro desse ano. Na comparação com maio de 2022 o avanço foi de 0,2%, e nos últimos 12 meses as concessões acumulam alta de 10,9%. As concessões para PJ melhoraram consideravelmente no mês, avançando 4,2% na comparação com abril, no dado com ajuste sazonal. Entretanto, as concessões permanecem em patamar bastante deprimido, apesar da melhora, recuando 6,3 % em maio na comparação com maio de 2022. Na comparação com maio de 2022, entretanto, o crédito livre recuou 7,5% e o crédito direcionado avançou em 19%, com o primeiro acelerando e o segundo desacelerando frente ao mês anterior.
Entre as pessoas físicas, observamos uma queda de 0,5% no mês e uma aceleração na comparação com maio de 2022, crescendo 5,3 % ante alta de 3,6% em abril. As concessões de recursos livres aceleraram em maio, avançando 7% na comparação com maio de 2022, ante alta de 1,6% em abril na mesma comparação. E a desaceleração nas concessões totais foi amplamente influenciada pela concessão de crédito direcionado, que apesar do avanço de 18% no mês no dado sem ajuste sazonal, apresentou aprofundamento da desaceleração na comparação anual, com as concessões recuando 12% em maio na comparação com maio de 2022, ante recuo de 8% em abril na mesma métrica. Chama atenção o mau desempenho do financiamento imobiliário, que apesar do avanço de 7,2% no mês no dado sem ajuste sazonal, recuou 23% na comparação anual. Por outro lado, o crédito com recursos do BNDES avançou 56% em maio na comparação com maio de 2022.
Inadimplência volta a aumentar, alcançando 3,6%, maior valor desde outubro de 2017. Observamos aumento as PJs e manutenção entre as PFs, alcançando 2,5% e 4,2%, respectivamente. A inadimplência entre as PJs está no maior valor desde outubro de 2019, enquanto entre as PFs é o maior valor desde maio de 2016. Em pessoas físicas destacamos o cartão de crédito que segue em níveis recordes reportando 8,7%, além de outras linhas que se mantém em níveis elevados versus a média pré-pandemia como veículos e crédito pessoal não consignado. Em PJ destacamos a alta inadimplência entre as micro, pequenas e médias empresas, cuja taxa é de 3,9%, que vem aumentando continuamente desde junho de 2022, acumulando alta de 130 bps no período.
Boa parte do aumento da inadimplência se deve ao elevado custo. O índice de custo calculado pelo banco central recuou 0,1 p.p no mês, apesar do aumento das taxas de juros em 40 bps e dos spreads em 50 bps. A taxa de juros para PFs voltou a aumentar, alcançando 38,2%, enquanto para PJs recuou na margem para 21%. Os spreads para pessoas físicas aumentaram 50 bps e 10 bps para as pessoas jurídicas. Frente ao mesmo período do ano anterior, o spread para as pessoas físicas é 570 bps maior.