Renda Variável


Panorama de Crédito | Junho 2023

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Matheus Amaral

Publicado 27/jul5 min de leitura

Desaceleração continua, mas inadimplência dá sinais de pico

Saldo de crédito continua tendência desaceleração. Em junho, na comparação com junho de 2022, o saldo total avançou 7,6%, contra 10% observado em maio na mesma métrica. Entre as pessoas jurídicas, o saldo avançou 3,4% na comparação com o mesmo período do ano anterior, ante avanço de 4,5% no mês passado. O resultado foi fruto da desaceleração no saldo de recursos livres, que saiu de 1,9% em maio para 1,1% em junho, na comparação com o mesmo período do ano anterior. O saldo de recursos direcionados também desacelerou, saindo de 9,4% em maio para 8,1% em junho. Entre as pessoas físicas a tendência é a mesma, com desaceleração no saldo, mas o crescimento continua robusto, com o saldo avançando 12,8% em junho na comparação com junho de 2022, com o saldo desacelerando tanto entre os recursos livres, quanto no direcionado. No primeiro, o saldo cresceu 10,6% em junho na comparação com junho de 2022, vindo de 13,5% no mês anterior, enquanto entre os recursos direcionados, o saldo avançou 15,7% em junho, também na comparação anual, ante alta de 16,5% em maio.

Concessões de crédito somam R$495,4 bilhões em junho no dado dessazonalizado, apresentando alta de 0,8 % frente a maio. Na comparação com junho de 2022 o avanço foi de 2,14%, e nos últimos 12 meses as concessões acumulam alta de 9%, abaixo dos 10,9% observados em maio. As concessões para PJ continuam tendência de melhora iniciada em maio. Em junho, as conceções avançaram 3% frente a maio de 2023, enquanto em maio o avanço havia sido de 4,4%. Na comparação com junho de 2022 também se observa melhora, com o crescimento saindo de -5,9% em maio para 1% em junho. Entretanto, no acumulado em 12 meses observamos continuidade da desaceleração, saindo de 6,3% em maio para 4,9% em junho. O crédito livre avançou fortemente em junho, crescendo 6,5% na comparação com maio no dado sazonalmente ajustado, mantendo tendência iniciada em maio, quando avançou 6,6%. Tal melhora também é notada na comparação anual, avançando 0,5% em junho ante recuo de 7,5% em maio. Por outro lado, as concessões livres para PJ desaceleraram no acumulado em 12 meses, avançando 3,2% em junho ante avanço de 4,6% em maio. Entre as pessoas físicas as concessões avançaram 0,4% em junho na comparação com maio no dado sazonalmente ajustado. Na comparação com junho de 2022 o avanço foi de 3,1%, abaixo dos 4% observados em maio. A desaceleração também é notada no acumulado em 12 meses, saindo de 13,9% em maio para 12,5% em junho, mas ainda em patamar elevado de crescimento. O avanço no mês foi fruto da melhora no crédito livre, que avançou 8,5% em junho na comparação com junho de 2022, acima dos 7,6% observados em maio. Por outro lado, a deterioração no crédito direcionado continua, com o mesmo recuando 24,9% em junho ante recuo de 21,4% em maio. Chama atenção o mau desempenho do financiamento imobiliário, que recuou 28,9% na comparação com junho de 2022, intensificando o recuo de 22,6% observado em maio.

Inadimplência fica estacionada em 3,6%, maior valor desde outubro de 2017, dando sinais de pico. Observamos queda na inadimplência no crédito direcionado e estabilidade no crédito livre. A inadimplência entre as PJs ficou estável em 2,5% e entre as PFs houve recuo para 4,2%. Destacamos a queda de 10bps na inadimplência de cartão de crédito e cheque especial entre as PFs, e de 20bps na aquisição de veículos. Apesar do patamar de inadimplência ainda muito elevado, os dados de junho indicam que o pico foi atingido e que devemos observar melhora gradual nessa estatística, especialmente com o início do ciclo de cortes na taxa de juros pelo Copom.


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