Ambiente segue restritivo em PF e PJ e qualidade de crédito mantém ritmo de deterioração
Saldo de crédito continua tendência desaceleração. Em abril, na comparação com abril de 2022, o saldo total avançou 11%, contra 12% observado em março na mesma métrica. Entre as pessoas jurídicas, o saldo avançou 4,6% na comparação com o mesmo período do ano anterior, ante avanço de 5,7% no mês passado. O resultado foi fruto da desaceleração no saldo de recursos livres, que saiu de 4,7% em março para 2,7% em abril, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Por outro lado, o saldo de recursos direcionados acelerou, saindo de 7,5% em março para 8,5% em abril. Entre as pessoas físicas observamos desaceleração, mas o crescimento continua robusto, com o saldo avançando 15,7% em abril na comparação com abril de 2022, apresentando o mesmo padrão que foi observado entre as pessoas jurídicas, com o saldo desacelerando entre o crédito livre, mas acelerando na margem no crédito direcionado.
Concessões de crédito somam R$484,8 bilhões em abril no dado dessazonalizado, apresentando queda de 1,2% frente a março. Na comparação com abril de 2022 a queda foi de 2%. As concessões para PJ melhoraram levemente na margem, mas continua em patamar bastante deprimido, recuando 9,3% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Essa queda é fruto do forte recuo tanto no crédito livre quanto no direcionado, que na comparação com março de 2023 recuaram 23% e 30%, respectivamente. Na comparação com abril de 2022, entretanto, o crédito direcionado aumentou em 27%, enquanto o crédito livre recuou 15%. Entre as pessoas físicas, observamos uma queda de 0,4% no mês e uma desaceleração na comparação com abril de 2022, crescendo 3,4% ante alta de 6,3% em março. As concessões de recursos livres recuaram 10% na comparação com março de 2022, mas apresenta alta de 1,1% frente a abril de 2022, desacelerando fortemente do dado observado em março, quando avançava 9,3%. E a desaceleração nas concessões totais foi amplamente influenciada pela concessão de crédito direcionado, que recuou 25% no mês e 6,80% na comparação com abril de 2022. Chama atenção o mau desempenho do financiamento imobiliário que recuou 25% entre março e abril, acelerando a contração na comparação com o mesmo período do ano anterior. Em março o financiamento imobiliário havia sido 11% menor que março de 2022. Em abril, o recuo foi de 16%. Portanto, vemos que o crédito direcionado tem tido mau desempenho tanto entre as PJs quanto entre as PFs, indo na contramão das medidas anunciadas pelo governo federal.
Inadimplência aumenta na margem, saindo de 3,3% para 3,4%. Observamos aumento tanto entre as PJs e as PFs, cada uma avançando 0,2 p.p, alcançando 2,3% e 4,2%, respectivamente. A inadimplência entre as PJs está no maior valor desde outubro de 2019, enquanto entre as PFs é o maior valor desde maio de 2016. Em pessoas físicas destacamos o cartão de crédito que segue em níveis recordes reportando 8,7%, além de outras linhas que se mantém em níveis elevados versus a média pré-pandemia como veículos e crédito pessoal não consignado. Notamos um avanço de 20 bps m/m na inadimplência do crédito imobiliário que reportou taxa de 1,9% e segue uma tendência de deterioração. Em PJ destacamos o microcrédito que segue em níveis elevados a 21,1% de inadimplência, além de um avanço do imobiliário de 170 bps para 2,9%.
Boa parte do aumento da inadimplência se deve ao aumento do custo. O índice de custo calculado pelo banco central avançou 0,3 p.p no mês, refletindo principalmente o aumento das taxas de juros para PFs, que avançou 0,6 ponto percentual. Com isso, a taxa de juros para PF alcança 37,7%, enquanto a de PJ recuou marginalmente, de 21,5% para 21,3%. Além disso, o spread aumentou 0,8 p.p no mês, refletindo principalmente o aumento de 1 p.p no spread para PFs. Frente ao mesmo período do ano anterior, o spread está 4,3 p.p maior.