Resultado fraco ainda mostra desafios para os próximos trimestres
A Itaúsa reportou um resultado fraco no 4T22, com lucro líquido recorrente de R$ 3.360 milhões (-18,7% a/a e -5,4% t/t) e ROE de 18,7% (-7,3 p.p. a/a e -1,8 p.p. t/t). Apesar de termos visto os efeitos de maior provisionamento do Itaú no 4T22 e mesmo assim trazendo um resultado sólido, os demais negócios trouxeram resultados mais fracos no trimestre, com o varejo sofrendo com menores volumes, afetados pelo ambiente macroeconômico desafiador e com as companhias de infraestrutura sentido pressão das despesas financeiras com o aumento da taxa de juros. Apesar de um ano de 2022 resiliente, diante de um ano desafiador, ainda enxergamos um 2023 com maiores desafios tanto para o setor financeiro, varejo e infraestrutura, dado o ambiente macro ainda trazendo desafios. Entendemos que o ano deve ser de maior foco na gestão do portfólio sobretudo na assimilação das recentes aquisições. 2022 terminou com um payout de 31% e esperamos uma manutenção destes níveis enquanto seu principal investimento, o Itaú mantiver níveis mínimos de payout por lá, que podem permanecer em 2023, dado o cenário ainda de cautela no setor bancário.
Setor Financeiro | Itaú mantendo resultado sólido e compensando retração na XP. As companhias do setor financeiro reportando resultado de R$ 2.841 milhões (+4,3% a/a e -9% t/t) no 4T22, vindo do bom desempenho do Itaú Unibanco, que compensou um fraco resultado da XP no trimestre. O Itaú segue trazendo solidez nos resultados e registrando para a holding R$ 2.784 milhões (+8% a/a e -7,3% t/t) mesmo em um período mais desafiador e com provisionamento para o caso Americanas pressionando do custo do risco, a rentabilidade do Banco se manteve em nível elevado de 18%. Confira nosso comentário sobre o resultado do Itaú Unibanco para o 4T22 aqui. Por outro lado, a XP (investimento non-core) contribuiu com apenas R$ 53 milhões para a holding (-60% a/a e -52,1% t/t), refletindo tanto a menor participação da holding sobre a companhia e pela significativa retração na receita líquida no trimestre, afetada pelo momento desafiador no mercado de capitais, com efeitos sobre o faturamento em renda variável no varejo e em distribuições no Mercado de Capitais. O lucro líquido na XP retraiu 21% a/a e o ROE reportou 18,2% com queda de 10,3 p.p. a/a.
Setor Não Financeiro | Varejo em mal momento e despesas com juros pressionam. As companhias não financeiras contribuíram com R$ 158 milhões para a holding (-81,6% a/a), com a principal retração nos resultados vindo da NTS que contribuiu com um resultado negativo de R$ 13 mm para a holding, versus um lucro de R$ 608 milhões no 4T21, causado pelo ajuste ao valor justo sobre ações e despesas sobre a parcela a prazo em dólar do valor investido e a respectiva variação cambial. Além da NTS, as demais companhias de infra também contribuíram menos para a holding no período com a Aegea Saneamento trazendo resultado de R$ 10 milhões (-61,5% a/a) sofrendo impactos de maiores despesas financeiras devido à alta dos juros e a CCR com resultado negativo de R$ 22 milhões para a holding, devido a efeitos de impairment parcial do ativo relativo à concessão da ViaOeste. No varejo, resultados mais fracos da Alpargatas de R$ 19 milhões (-54,8% a/a) refletiram efeitos da redução do volume de vendas no Brasil e maiores gastos com distribuição e marketing, além de provisionamento para perda de um caso específico. Na Dexco a redução do volume de vendas também afetou a companhia, que contribuiu com R$ 91 milhões (-43,5% a/a) para a holding, com efeitos da pressão inflacionária sobre os custos, principalmente em fretes e insumos dolarizados, além de maiores despesas financeiras com a alta da taxa de juros. O único avanço nos resultados veio da Copa Energia que contribuiu com R$ 78 mm (+457% a/a) beneficiado pela melhor margem bruta no período.
Gestão de Portfólio | 2023 deve servir para digerir as recentes aquisições. O ano de 2022 trouxe importantes movimentações no portfólio da Itaúsa, contando com o aporte na oferta da Alpargatas, ampliação no setor de infraestrutura com a aquisição de 10,33% da CCR e redução de exposição da XP para 6,5% do capital da companhia, utilizando os recursos reduzir a alavancagem. Consideramos que com desafios atuais no mercado de capitais e a desvalorização das ações da XP no mercado possa causar uma pausa no processo de desinvestimento, já que as condições se mostram desfavoráveis. Acreditamos que 2023 deve ser um ano de acompanhamento das recentes aquisições e foco na gestão das companhias para um ano que vem se mostrando desafiador tanto para a setor financeiro, quanto para o setor não financeiro.