Renda Variável


Itaú Unibanco | Resultado 2T23

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Matheus Amaral

Publicado 07/ago3 min de leitura

Bom resultado, mas qualidade de crédito no varejo pressiona

O resultado do Itaú Unibanco no 2T23 veio acima das nossas expectativas e do consenso de mercado, com lucro líquido de R$ 8,7 bilhões (+3,6% t/t e +2,4% Inter Research) com ROAE de 20,9% (+0,2p.p. t/t e +0,6p.p. Inter Research). O 2T23 mostrou mais uma vez a melhor performance do Itaú frente aos pares privados, suportado pela qualidade dos seus ativos. Neste trimestre os principais vetores para o bom desempenho vieram do NII com clientes, que ainda performa bem e da tesouraria que mostrou melhor resultado que o trimestre anterior, mais que compensando um aumento do custo do crédito. A inadimplência mostrou leve avanço de 10 bps t/t sendo mais pressionada pelo segmento de MPMEs com o segmento de Pessoas Físicas estável, mas assustando no NPL creation de varejo. Apesar disso, os indicadores de atraso ainda se mostraram relativamente estáveis. As receitas com serviços mostraram tom misto, sustentado pela adquirência, recuperação das receitas com mercado de capitais e bom desempenho em seguros, que compesaram quedas em conta corrente e administração de fundos. O guidance passou por um leve ajuste, apenas reduzindo as expectativas de crescimento das receitas com serviços para uma faixa e 5% a 7% (anteriormente 7,5% e 10,5%) e reduzindo a taxa efetiva de impostos para a faixa de 27% e 29% (anteriormente 28,5% e 31,5%). Tendo em vista as novas projeções, se considerarmos o meio do guidance, o banco espera um ROAE de 20,5% para 2023 próximo ao que esperamos de 20%. O Itaú Unibanco tem mantido sua performance melhor que os pares e segue garantindo seu lugar de best in class entre os incumbentes, mantemos nossa recomendação de Compra, com preço-alvo de R$ 34/ação FY23.

NII com números positivos e tesouraria em recuperação. Carteira de crédito praticamente estável. A margem financeira bruta reportou saldo de R$ 25.997 milhões (+5,3% t/t e +1,8% Inter Research) nos surpreendendo principalmente no resultado com tesouraria, que foi beneficiado por maiores ganhos na gestão de ALM e maior remuneração de investimentos no exterior. No NII com clientes vimos uma boa evolução beneficiada pelo maior volume médio no trimestre, melhor margem com passivos e resultado com operações estruturadas no atacado. O NIM registrou taxa de 8,8% avançando 10 bps t/t e mesmo ajustada pelo risco de crédito registrou 5,4% avançando os mesmos 10 bps. A carteira de crédito sem garantias financeiras mostrou queda de 1,7% t/t devido a variação cambial na carteira Latam e na Pessoa Jurídica. Por outro lado, em Pessoas Físicas houve crescimento de 0,7% t/t impulsionado pelo crédito pessoal, imobiliário e veículos.

Custo do Crédito aumenta e inadimplência traz um tom misto com piora no NPL creation de varejo. A despesa com PDD expandida registrou R$ 9.441 milhões (+3,9% t/t e +3,8% Inter Research) pressionada por maior provisionamento para os negócios de atacado no banco devido à normalização do fluxo de provisionamento no segmento. Por outro lado, a recuperação de crédito trouxe efeitos da venda de carteira de R$ 2,5 bilhões. O custo do risco registrou taxa de 4,2% (+20 bps t/t) pressionada pela inadimplência, que aumentou 10 bps t/t registrando 3%, com destaque para o avanço do segmento de MPMEs, que têm se mostrado maior detrator neste trimestre nos resultados do banco e dos pares. Ainda observamos estabilidade no indicador de atraso de 15 a 90 dias e no NPL Creation, que viu uma inclinação nos negócios de varejo, tirando um pouco a impressão de pico. Mesmo assim, as perdas de crédito caíram e o banco praticamente provisionou toda a NPL Formation no período. Por fim, o Itaú manteve um bom índice de cobertura em 212%.

Receitas com serviços com efeitos compensatórios e eficiência continua com tendência positiva. Nas receitas com serviços e seguros vimos o saldo ficar praticamente estável (+0,6% t/t e -3,6% Inter Research) pressionados pela redução de 3,1% t/t nas receitas de conta corrente e 3,9% t/t na administração de recursos, que foram compensadas pelo bom desempenho em cartões, principalmente em adquirência que se beneficiou do teto da taxa de repasse ao emissor. Também observamos uma tendência de recuperação nas receitas com mercado de capitais e bom desempenho em seguros, em linha com o mercado. O índice de eficiência do banco mostrou mais uma queda no trimestre com taxa de 39,6%, alcançando o menor patamar da série histórica, beneficiado pelo avanço das receitas, que tem compensado a pressão dos investimentos em tecnologia e despesas de pessoal após acordo coletivo.


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