Resiliente, com EBITDA levemente menor que esperado
Os resultados do 3T22 da Irani mostraram mais uma vez firmeza nas entregas, com leve expansão de receitas, em razão de um cenário doméstico mais favorável, apesar de um EBITDA levemente abaixo do esperado, com custos pressionando, mesmo que em menor nível. A companhia se beneficia de recuperação da demanda interna, especialmente no segmento de Embalagens Sustentáveis, o qual vem sendo impulsionado pelas exportações no setor de Alimentos e Bebidas. Além disso, vemos os efeitos da Plataforma Gaia na operação da companhia e já esperamos maior visibilidade à frente, conforme nosso relatório de revisão de preços (leia aqui). Desta maneira, mantemos nossa recomendação de Compra para RANI3, com TP YE23 em R$ 11/ação.
Resultados Consolidados: receitas avançam, EBITDA com leve pressão. A receita da companhia somou R$ 441.405 mil, 4,7% acima das nossas projeções, 2,9% maior t/t e 2,1% superior ao 3T21, em reflexo ao bom desempenho do segmento de Embalagens Sustentáveis e maior capacidade advinda de Gaia II. Os custos com aparas tiveram novo recuo na comparação anual, mas ficaram 3,4% acima do 2T22, em R$ 790/t. O CPV totalizou R$ 271.785 mil, 5,8% maior que o 2T22 e 1,8% superior a/a. As despesas VG&A somaram R$ 53.869 mil, 7,7% acima das nossas projeções, mas 17,4% menor t/t, com despesas de vendas impactadas por maiores custos com frete e G&A espelhando os efeitos de maior pressão inflacionária. Com isso, o EBITDA encerrou o trimestre em R$ 137.368 mil, 3,7% menor que nossas estimativas, mas 2,8% acima t/t e 2,5% maior a/a.
Embalagens Sustentáveis (P.O.). Os volumes vendidos no trimestre totalizaram 45,8 kton, avançando 14,5% t/t, expandindo acima do mercado – que avançou 8,6% de acordo com a Empapel. O desempenho da operação mostra a robustez da demanda doméstica, impulsionada pelos segmentos de Alimentos e Bebidas, em especial para exportação, bem como a expansão da capacidade produtiva da companhia com Gaia II em Santa Catarina. O preço médio ficou em R$ 7.394/t, em linha com o observado no 2T22.
Papel para Embalagens e Florestal. Apesar da alta de 2,4% t/t na produção, foram vendidos 76,8 kton de papéis para embalagens no trimestre, 7,7% abaixo do 2T22, em virtude da menor disponibilidade pelo direcionamento de matéria-prima para a unidade de Embalagens Sustentáveis. Mesmo assim, vimos os preços médios avançando nesta frente de negócios, respondendo à melhor demanda no mercado local. Os preços médios de flexíveis, utilizados em sacos e sacolas para lojas, tiveram uma alta de 5% t/t, ficando em R$ 6.253/t, seguindo a demanda mais forte e o movimento de substituição de plástico nas embalagens. Rígidas também teve aumento de 4,5% ante o 2T22, ficando em R$ 4.372/t, apesar do recuo de 18,1% a/a. Já́ para Breu e Terebentina, a produção somou 3.008 t, um recuo de 23,5% t/t, o que impactou o desempenho das vendas, que retraíram 28,8% t/t, para 3.021 t. Os preços também reduziram na comparação trimestral, -8,8% e -12%, para o Breu e Terebentina, respectivamente.
Resultado Financeiro e Endividamento. A Irani apresentou resultado financeiro negativo de R$ 15,1 mm, proveniente de receitas de R$ 16,0 mm, despesas de R$ 30,0 mm e impacto de variação cambial de R$ 961 mil. A Dívida Bruta somou R$ 1.048 mm e a Dívida Líquida ficou em R$ 649 mm, levando a alavancagem, medida pela Dívida Líquida sobre o EBITDA, de 1,18x. O custo médio da dívida da companhia ficou em 14% ao ano. O lucro líquido, por sua vez, foi reportado em R$ 95,5 mm versus R$ 84,6 mm no 2T22. O Fluxo de Caixa Livre Ajustado fechou em R$ 83 mm, excluindo os investimentos feitos na Plataforma Gaia, bem como proventos e recompra de ações.
No trimestre, a Irani anunciou a emissão de R$ 720 mm em debêntures verdes com lastro para CRA, estruturada em duas séries, sendo a primeira de cinco anos e CDI +1,4% e a segunda de sete anos e CDI +1,75%. A companhia também anunciou a contratação de um FINAME junto ao BNDES, no valor de R$ 484 mm, com prazo de 16 anos (sendo três de carência), ao custo de IPCA +6,24%, para investimentos na plataforma Gaia. Por fim, a empresa anunciou novo programa de recompra de ações, visando um total de 9.833.806 ações, totalizando 10% das ações ONs em circulação.
Avanços em ESG
No trimestre, a companhia recebeu o prêmio Melhores e Maiores da Revista Exame, além de listar entre os ganhadores do ranking Inovação Brasil.
E. A Irani emitiu suas Debêntures Verdes (green bonds), que lastrearam um CRA no valor de R$ 720 mm.
S. Não houve menção sobre evolução neste quesito.
G. A companhia foi premiada pela sua transparência no seu processo de práticas contábeis.