Resultados normalizam, mas continuam consistentes
Os resultados reportados pela Irani no 2T23 mostram desaceleração dos níveis recordes dos anos anteriores, mas ainda consistentes. A demanda apresenta sinais de desaceleração, mas a queda relevante dos custos tem ajudado a limitar o recuo nas margens das empresas. No trimestre, a companhia reportou receitas de R$ 394 mm, recuo de 8% a/a e 3% t/t, resultante de queda tanto dos volumes de vendas quanto dos preços realizados no período. Os custos, por sua vez, totalizaram R$ 248 mm, estável na comparação trimestral e 3,4% menor que o 2T22, em reflexo à queda dos preços das aparas, importante insumo para a operação da companhia. O EBITDA registrou R$ 117.060 mil, queda de 8,7% ante o 1T23, mas com margem ainda de 29,7%.
O primeiro semestre do ano mostrou um arrefecimento da demanda local tanto para embalagens como para papel para embalagens e a Irani tem reportado redução ainda maior de vendas seguindo sua estratégia de manutenção de preços sobre volume. No entanto, para o 2S23, devemos ver um período sazonal de vendas mais fortes, seguindo possível melhora no cenário macro com as expectativas de início de cortes na Selic e melhores perspectivas de crescimento econômico para o país. A entrada da nova caldeira em Santa Catarina deve trazer economia de custos para o próximo ano e os resultados da Plataforma Gaia começam a surtir efeitos com Gaia II podendo adicionar 194 kton de capacidade operacional e já pronta para eventual recuperação do mercado. Apesar do início de ano mais fraco, ainda vemos resiliência na demanda pelos produtos da empresa, principalmente considerando a representatividade do setor de alimentos no escopo de clientes da Irani, setor que tende a apresentar menor volatilidade independente do ciclo econômico.
Com relação aos preços, apesar da queda nos mercados, a companhia tem conseguido segurar parte destas reduções, resultado de sua estratégia de preço sobre volume. Assim, esperamos estabilidade nos preços realizados ao longo do ano, uma vez que vemos pouco upside para novos aumentos nas dinâmicas que recuperam, mas ainda seguem apertadas. Já nos custos, a surpresa positiva no 2T23 do recuo dos preços de aparas deve levar à mesma tendência para o restante do ano, seguindo a menor demanda de papel reciclado no país. Desta forma, poderemos ver evolução das margens da empresa – via não só menor pressão das aparas, mas também pelos benefícios de ganhos de eficiência da plataforma Gaia. Os pontos de atenção neste momento ficam por conta das restrições sanitárias aos frigoríficos no país, grande consumidor de embalagens da empresa, e a não-consolidação da recuperação econômica esperada.
Isto posto, revisamos nossas premissas para a companhia, considerando agora um WACC de 12,3%, crescimento na perpetuidade de 4% e chegamos a um preço-alvo para o final deste ano em R$ 13/ação e mantemos nossa recomendação de Compra para RANI3.