Custos seguem pesando, mas margens ficam estáveis
Mais uma vez, a Irani trouxe resultados resilientes, a despeito dos desafios de custos e desaceleração observada em um de seus principais mercados, o de caixas de papelão, que vinha sendo positivamente impactado pelos efeitos do e-commerce na pandemia. Assim, a companhia manteve suas entregas avançando, com receitas e EBITDA, 8,2% e 7,1%, respectivamente, acima das nossas expectativas e margens em linha. Vemos a companhia colhendo os frutos dos investimentos na Plataforma Gaia, o que deve ajudar ainda mais na eficiência operacional da companhia, contribuindo para amenizar o cenário um pouco mais adverso que podemos ver para a demanda este ano, a qual deve reduzir, mas se manter em patamar ainda elevado. Bem como os custos, que devem seguir pressionando. Incorporamos os resultados do 2T22 em nosso modelo e, apesar das mudanças no projetado, o preço se manteve inalterado. Assim, mesmo com os desafios, mantemos nossa recomendação de Neutra para RANI3, com TP YE22 em R$ 8/ação.
Resultados Consolidados: receitas e EBITDA absoluto acima do esperado, margem estável. A receita da companhia somou R$ 428.907 mil, alta de 5,1% t/t e expansão de 6,4% a/a (+8,2% R/E), impactada por volumes vendidos maiores no t/t, em virtude da sazonalidade mais fraca do 1T22, bem como melhores preços realizados, favorecidos pelos aumentos anunciados e implementados. A representatividade do mercado interno se manteve alta, em 83%, com avanço de 7,9% t/t (+5,0% a/a, mesmo com arrefecimento da demanda). Os custos com aparas seguem no patamar normalizado e o valor ficou em R$ 764/t FOB, queda de 57% a/a e -8,1% t/t. Porém, demais insumos continuam pesando no balanço da companhia e, com isso, o CPV totalizou R$ 256.883 mil, 10% maior que o 1T22, mas 2,5% menor a/a. As despesas VG&A somaram R$ 65.178 mil, 36% acima das nossas projeções, 45% maior t/t. Com isso, o EBITDA encerrou o trimestre em R$ 144.816 mil, 7% maior que nossas estimativas (+6,0% t/t e +22% a/a).
Embalagens Sustentáveis (P.O.). Os volumes vendidos no trimestre totalizaram 39,9 kton, avançando 16% t/t, diante da sazonalidade mais fraca do 1T, e recuando levemente, -1,4% a/a, seguindo a dinâmica de acomodação que temos observado no mercado de caixas de P.O., mesmo que em patamar mais elevado. O preço médio ficou em R$ 7.464/t, 4,3% menor t/t e 1% acima a/a, refletindo a forte demanda do mercado consumidor, principalmente o setor de Alimentos (em especial, frigoríficos) – que representou 65% das vendas da companhia –, que mesmo com a desaceleração no mercado interno, tem conseguido direcionar volumes às exportações, com mercado externo ainda aquecido.
Papel para Embalagens e Florestal. Foram vendidos 32,7 kton de papéis para embalagens no trimestre, 3% acima do 1T22 e avanço de 6,8% sobre o 2T21, mostrando forte vendas de sacos e sacolas para lojas, em reflexo à retomada do setor de varejo no trimestre. Com relação aos preços, na média a Irani reportou preços de R$ 5.957/t, subindo 1,3% t/t. Já para Breu e Terebentina, a produção somou 3.934 t, um recuo de 8,4% t/t, porém com avanço nas vendas de 1,9% ante o 1T22, que totalizaram 4.240 t. A receita líquida do segmento fechou em R$ 48.710 mil, queda de 11% t/t, seguindo a normalização dos preços nos mercados globais.
Resultado Financeiro e Endividamento. A Irani apresentou resultado financeiro negativo de R$ 15,8 mm, proveniente de receitas de R$ 19,0 mm, despesas de R$ 34,9 mm. A Dívida Bruta somou R$ 1.099 mm e a Dívida Líquida ficou em R$ 620 mm, levando a alavancagem, medida pela Dívida Líquida sobre o EBITDA, de 1,11x. O custo médio da dívida da companhia ficou em 13,6%. O lucro líquido, por sua vez, foi reportado em R$ 84,6 mm versus R$ 112 mm no 1T22. O Fluxo de Caixa Livre Ajustado fechou em R$ 132 mm, excluindo os investimentos feitos na Plataforma Gaia, bem como proventos e recompra de ações.