Credores da Americanas revelados e impactos nos bancos
Na última terça-feira (24/01/2023), a Americanas entregou à 4a Vara Empresarial do Rio de Janeiro, que aceitou o pedido de recuperação judicial da companhia, sua lista de credores com quase 8 mil nomes. Dentre pessoas físicas, jurídicas e públicas, a dívida total da companhia totaliza R$ 41,2 bilhões, sendo 99,6% referente à classe III (dívida com terceiros). Portanto, podemos ter agora uma maior clareza dos impactos de um eventual provisionamento total da exposição de crédito de cada banco que cobrimos para com a companhia.
Em nosso teste de stress realizado antes da divulgação dos credores (veja aqui), havíamos observado a exposição da carteira de crédito de cada banco ao setor de varejo, que nos trazia uma maior exposição do Santander e do Bradesco. Agora, com a lista de credores divulgada, o teste mostrou uma tendência correta aos mais impactados, que neste caso seguem como o Santander e o Bradesco. Em Saldo, o maior credor da nossa cobertura foi o Bradesco com R$ 4,8 bilhões em crédito para a Americanas, seguido pelo Santander com R$ 3,7 bilhões, Itaú Unibanco com R$ 2,8 bilhões e Banco do Brasil com R$ 1,4 bilhões.
Nos demais credores nos chamou atenção do Deutsche Bank* com R$ 5,2 bilhões emprestados, seguido pelo o BTG Pactual possui cerca de R$ 3,5 bilhões, Banco Safra com R$ 2,5 bilhões, Votorantim* com R$ 3,3 bilhões e a Caixa com R$ 501 milhões. Das companhias do grupo como a JSM Global com R$ 3,5 bilhões e a AME, carteira digital do grupo que possui cerca de R$ 1 bilhão.
Portanto, ao avaliarmos os impactos de um cenário em que 100% da dívida com a Santander e o Bradesco Americanas seria provisionada causando prejuízo, o continuam com os maiores impactos, com a dívida do Santander representando 0,8% da carteira de crédito total do banco, seguida pelo Bradesco, onde a dívida representou 0,5% da carteira de crédito total, enquanto o Itaú e o BB apresentaram 0,2% de exposição da carteira total em saldo com a Americanas. Em termos de impactos no patrimônio líquido destes bancos, o Santander sofreria com 4,5% do PL total, seguido pelo Bradesco com 3,1%, Itaú com 1,8% e BB com 0,9%.
Se somarmos todos os bancos da nossa cobertura, o saldo total da dívida somaria cerca de R$ 12,6 bilhões representando 31% da dívida total da Americanas e a a exposição da carteira de crédito total destes bancos seria de apenas 0,4% com impactos no patrimônio líquido de 2,3%. Desta forma, consideramos o efeito Americanas com impactos limitados ao setor, não ocasionando maiores prejuízos no médio e longo prazo que possa afetar substancialmente o valor destas instituições.
*Logo após a publicação da lista de credores da Americanas (AMER3), o Deutsche Bank e o BV contestaram os valores informados pela varejista. Segundo o banco alemão, não existem empréstimos nem qualquer exposição de crédito junto à Americanas. O Deutsche Bank apenas atua como agente fiduciário de dois títulos de dívida de US$ 500 milhões cada, emitidos no exterior no segundo semestre de 2022. Já o Banco Votorantim alega ser credor de Cédulas de Crédito Bancário com saldo devedor de aproximadamente R$ 206 milhões (contra R$ 3,3 bilhões informados pela Americanas).
Além dos bancos, empresas de tecnologia, fabricantes de alimentos e eletrodomésticos figuram entre os principais credores. A lista ainda inclui centenas de micro e pequenas empresas.