Inter Insights Ed.004
Bancos
#1 Fed lança linha de emergência para salvar bancos nos EUA. Banco central dos EUA diz que está “preparado para lidar com quaisquer pressões de liquidez que possam surgir” (Valor)
Insights: Acreditamos que os riscos de contágio para o sistema financeiro no Brasil sejam limitados, a situação nos Estados Unidos deverá ser contida pelo Fed e pelo FDIC e o maior risco por lá seja uma corrida bancária em instituições de menor porte e aumento de custo de funding. Pode haver por aqui alguma pressão de curto prazo para instituições de menor porte, mas não vislumbramos risco de liquidez no sistema financeiro nacional.
#2 BC não vê um 'credit crunch', mas monitora riscos. Os dados agregados disponíveis ainda não corroboram uma crise de crédito, algo que seria mais sistêmico. (Valor)
Insights: Alguns casos específicos de companhias renegociando dívidas, entrando em RJ e o caso de Fraude na Americanas colocaram os Bancos em modo mais restritivo nas concessões, que esperamos trazer impactos mais relevantes nos dados de crédito de fevereiro, mas também não acreditamos em um credit cruch e sim em um ano com desaceleração no crédito corporativo maior do que o esperado. Contudo, vale acompanhar os níveis de alavancagem da indústria que tem se deteriorado com a elevada taxa de juros e o cenário macro ainda desafiador.
#3 Crédito dá sinais de piora, mas bancos não veem crise. No mercado de capitais, que ganhou força nos últimos anos, percepção de deterioração é maior. (Valor)
Insights: Notícia corrobora com nossa visão de um ano ainda desafiador para o crédito, não só na pessoa física, mas também no crédito corporativo, com emissões no mercado de capitais também sentindo efeitos de renegociações ou eventuais atrasos.
#4 BNDES discute medidas para enfrentar aversão ao risco e problemas de crédito na crise da Americanas. Aloizio Mercadante disse que o banco aguarda um parecer do Ministério da Fazenda. (Valor)
Insights: Atuação do BNDES visa preencher a lacuna na oferta de crédito, principalmente a empresas do varejo, após maior restrição do setor privado após o caso Americanas. Ações como estas, podem manter aliviar taxas e condições na ponta, o que deve gerar uma maior competição no crédito vinda do setor público.
#5 Com acordo, CVC posterga para 2026 pagamento de debêntures que venceriam em abril e junho. Em troca do acréscimo de três anos e seis meses aos prazos, a companhia de turismo vai pagar aos credores juros até o fechamento efetivo do acordo e fazer uma amortização parcial da dívida. (Valor)
Insights: Esse caso evidencia a pressão que o crédito corporativo deve sofrer no ano vindo da maior alavancagem das companhias e juros elevados, o que requer cautela à títulos de crédito privado e bancos concentrados nas atividades de mercado de capitais e crédito PJ, além de fundos de investimento em crédito privado.
#6 Estamos confiantes no crescimento da carteira de crédito; vamos intensificar ações, diz presidente do BB. Nas projeções de 2023 do banco, há uma previsão para o avanço carteira entre 8% e 12%. (Valor)
Insights: A sinalização atual, mostra que o banco se alinha com o discurso atual do governo de ampliar o crédito, mesmo em um cenário de maior restrição. Tendo em vista o discurso da atual presidente do banco de controle da inadimplência, é importante acompanhar se o banco crescerá com qualidade nas concessões. Acreditamos que o BB possui boa qualidade na carteira de crédito e o desafio será crescer mantendo a inadimplência controlada em um ano desafiador. Por outro lado, o banco possui uma carteira ainda muito defensiva e bem colateralizada, que traz menor sensibilidade ao cenário atual versus outros players.
#7 Santander vende fatia de 40% na Webmotors por R$ 1,240 bilhão. Banco já havia vendido fatia de 30% para a Carsales, que passa a ser controladora da plataforma (Valor)
Insights: O banco permanece com exclusividade na Webmotors, uma das líderes na venda de veículos no país, o que mantém seu ecossistema de crédito e seguros em veículos competitivo. Não vemos impactos relevantes para o banco e a notícia é neutra para os papéis.
#8 BB libera crédito para auxiliar produtores afetados pela sexa no RS. Primeiro assinatura de desembolso ocorreu durante a Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque. (Valor)
Insights: Dado a sua relevância no crédito rural e reforços da nova gestão de se manter relevante no segmento, o BB deve continuar fomentando e avançando na carteira de crédito agro, que é um importante fator de qualidade da carteira do Banco.
Frigoríficos
1# ‘Vaca louca’ afeta embarque de carne bovina parcialmente. Dados das exportações de carne bovina em fevereiro apontou para uma 16% a/a do volume comercializado, segundo dados da Abrafrigo. (Valor)
Insights: Recuo nas exportações podem ser explicados por três pontos: recuo do preço da carne, estocagem da China para o Ano Novo Chinês e caso de ‘vaca louca’. Com menor demanda por carne e consequente aumento dos estoques, vemos uma contração dos preços em todas as pontas, o que tira vantagens competitivas do setor. A China também passou grande parte do mês estocada de carne, tendo em vista o período pós Ano Novo. Por fim, pouco foi visto sobre a ‘vaca louca’, dado que o embargo início no dia 23/02, final do mês. Manteremos a atenção para retomada das exportações com resultado atípico para doença, assim como, comportamento da demanda chinesa, com muitas incertezas na mesa, mas pelo que tudo indica, veremos um consumo mais consistente no ano.
2# México reabre seu mercado à carne bovina brasileira após 12 anos. Ministério da Agricultura anunciou 34 novas habilitações de plantas de frigoríficos para exportação para o México, após 12 anos. (Valor)
Insights: De modo geral, desde o forte avanço do consumo de carne bovina pela China, a necessidade dos frigoríficos de diminuírem a sua exposição ao país se intensificaram, visto que uma maior diversidade de clientes mitiga os riscos de um embargo. Assim sendo, vemos as novas habilitações como um fator muito favorável, levando em conta que o México é um dos maiores consumidores de carne do mundo, além da tendência de redução tarifaria em alimentos pelo governo, em busca de auxiliar no recuo da inflação no país, que podem impulsionar as suas importações. Os questionamentos também ficam para ampliação da demanda dos Estados Unidos, após anos de negociação com o Brasil para aumento da cota ou alguma parceria comercial. Lembrando que o país possui uma cota de importação que é facilmente atingida no início do ano.
3# Exportações de carne de frango crescem 10,6% no 1° bimestre. Em fevereiro, o volume exportado de carne de frango aumentou 1,3%, mas com recuo dos preços refletindo na receita. (ABPA)
Insights: Oversupply de carne de frango no mercado externo continua a prejudicar os preços finais, ao passo que os custos para os avicultores pouco arrefeceram, principalmente na alimentação dos animais com grãos ainda elevados. Apesar de redução dos estoques das companhias no 4T22, no mercado internacional preços ainda não respondem, ao mesmo tempo que ganhos com volumes não superam os custos, o que pode refletir em margens ainda pressionadas para as companhias, com atenção para BRF e Seara, da JBS. Para o ano, é esperado uma estabilização da oferta e demanda, contudo, gripe aviária se aproximando do Brasil continua no radar.
Óleo e Gás
#1Parceria entre Petrobras e Shell pode render frutos. Petrobras e Shell firmam acordo para colaborar em exploração e redução de emissões. (Valor)
Insights: De certo modo, a atual gestão da Petrobras tem demonstrado proatividade na busca de ampliar investimentos, com avenidas de crescimento alternativas.
#2 Processo a vista? Petroleiras entram na Justiça contra imposto de exportação. (Valor)
Insights: Companhias privadas do setor de O&G foram afetadas com o imposto sobre exportação de óleo cru, mas entraram na justiça para revisitar este. Assim, as empresas da bolsa como 3R, Prio e outras podem se beneficiar com uma possível revisão.
#3 Secou a fonte? A Petrobras recuou venda de subsidiaria de biocombustíveis. (Valor)
Insights: Muitos rumores foram levantados nos últimos dias quanto a paralização total da venda de todos os ativos que estão sendo negociados pela Petrobras, o que pode afetar empresas como a 3R que tem ativos relevantes em negociação avançada.
Papel e Celulose
1# MST desocupa fazendas da Suzano que foram invadidas na Bahia. Todas as fazendas da Suzano foram desocupadas, após Justiça exigir evacuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). (Valor)
Insights: Com todas as suas fazendas livres, a Suzano passa por um processo de apuração dos danos caudados pela invasão. Em resposta aos recentes movimentos, a bancada ruralista anunciou que buscará enrijecer as penas para invasão de terras produtivas. Com rápida resolução do caso, não vemos o ocorrido com um empecilho para o desempenho da companhia, por ora, apesar dos riscos de novos incidentes como este aumentarem a partir de agora.
Real Estate
#1 Governo atualiza valores do subsídio para dar continuidade ao Faixa 1 do MCMV O teto do subsídio passará de R$ 96 mil para 140 mil em áreas urbanas, bem como de R$ 60 mil nas localidades rurais. (CNN)
Insights: A notícia é mais uma importante informação sobre as diretrizes do novo programa habitacional para 2023 que, com nível maior de subsídios a serem concedidos, deverá fomentar a demanda por habitações no segmento de baixa renda neste ano.
#2 Setor de construção abre 38.965 novos postos líquidos de trabalho Segundo setor com maior criação de vagas líquidas, a construção reverte os dados negativos dos meses anteriores. (UOL)
Insights: Os dados surpreenderam positivamente, pois mostra que o segmento reagiu ao elevado pessimismo registrado nos meses anteriores, que haviam deteriorado os dados de emprego do setor nos últimos dois meses, mesmo com a sazonalidade. Com isso, entendemos que o setor registra melhora marginal nas expectativas para o ano.
Seguradoras
#1 BB libera crédito para auxiliar produtores afetados pela sexa no RS. Primeiro assinatura de desembolso ocorreu durante a Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque. (Valor)
Insights: A notícia evidência o potencial de maior sinistralidade no ramo agro no 1T23 devido as secas e geadas na região, por outro lado, segundo dados da Susep de janeiro, a sinistralidade mensal no segmento agro ainda assim, tem sido bem menor que o observado em janeiro/22.
#2 Retomada do seguro automóvel está entre as melhores perspectivas do setor. Para 2023, além da manutenção da alta do seguro de vida, as melhores perspectivas são da retomada do crescimento do automóvel, juntamente com a subida do agro. (Revista Apólice).
Insights: A notícia corrobora com nossas expectativas de inflexão de margens no seguro automotivo, com maior precificação e retorno gradual da produtividade no ramo após a crise de semi-condutores. Seguimos com nossa top-pick para o setor sendo a Porto Seguro (PSSA3).
#2 IRB vai voltar à lucratividade em 2023, diz CEO. O IRB apurou prejuízo de R$ 630,3 milhões em 2022, queda de 7,7% comparado a 2021. (Valor).
Insights: Vimos boa tendência nos indicadores operacionais no resultado do 4T22 e até mesmo aqueles contratos em run-off devem trazer impactos menos relevantes para o resultado. Porém, a companhia continua com índice de solvência ainda delicado em 101% e a companhia tem contado com um ano tranquilo para se manter lucrativa. Ressaltamos que apesar de em menor nível que no ano passado, a sinistralidade no ramo rural, onde a companhia possui exposição importante pode pressionar o resultado, então ainda precisamos acompanhar os próximos trimestres para ter maior confiança de uma volta à normalidade da companhia.
Siderurgia e Mineração
1# China's new premier seeks to reassure private sector as parliament wraps up. O recém-nomeado primeiro-ministro chinês reassegurou o apoio ao setor privado, dizendo que o ambiente para empreendedorismo no país deve melhorar e que tanto empresas públicas quanto privadas terão mesmo tratamento. (Reuters)
Insights: Os desafios quanto ao ritmo da recuperação econômica na China continuam no radar dos investidores, mas também do governo chinês. Com a sinalização em prol do setor privado, o governo espera repassar parte desta responsabilidade ao setor, reduzindo a participação governamental, postura que já vem sendo observada nos últimos anos. Vemos o posicionamento como positivo, o que poderia impulsionar a competitividade no país, elevando o potencial de crescimento, que, em nossa opinião, segue ainda com viés limitado, em razão do menor apetite interno que vimos observando, além dos impactos externos, com efeitos da desaceleração global.
2# Top China homebuilder Country Garden to book net loss for 2022. A maior empresa de real estate do país informou que espera divulgar seu primeiro prejuízo anual desde que foi listada em 2007 devido ao forte enfraquecimento do mercado imobiliário no país e sinalizou uma possível queda pior que o esperado dos lucros para este ano. (Reuters)
Insights: A notícia contribui para os receios de que o mercado imobiliário deva seguir em crise, mesmo com os recentes estímulos anunciados pelo governo, limitando, assim, o avanço do consumo de aço no país e, consequentemente, de minério de ferro. O governo chinês tem sido incisivo em seu apoio ao setor, porém limitando o capital especulativo que tem dominado o segmento há alguns anos e levando os preços dos imóveis a níveis acima do considerado "justo".
Transportes
#1 Movida 4T22 | Resultado fraco e abaixo do esperado. A Movida divulgou seu resultado do 4T22 na segunda-feira, após o fechamento do mercado. (Confira o relatório completo)
Insights: O Evolução do ticket médio e volume não compensou perda de margens advinda, em especial, de maior serviço da dívida, elevação da depreciação e normalização da lucratividade de seminovos. Destaque positivo foi a desalavancagem da companhia, impulsionada por melhor dinâmica na renovação de frota e operação de venda de recebíveis.
#2 Simpar 4T22 | Acima das nossas expectativas. A Simpar divulgou seu resultado do 4T22 na terça-feira, após o fechamento do mercado. (Confira o relatório completo)
Insights: A Simpar apresentou um robusto resultado, impulsionado pelo desempenho da JSL, Vamos e empresas não listadas, enquanto a Movida pesou na ponta oposta.
Utilities
#1. Transmissão pode receber R$ 186 bi até 2032, indica EPE. Valores foram revelados no Caderno do PDE 2032, divulgado pela EPE no dia 10 de março. (Canal Energia)
Insights: Os novos investimentos podem ser oportunidades para as empresas de transmissão de energia como a Taesa que tem parte expressiva do seu portfólio de concessões com prazo previsto para encerrar até o fim de 2030.
#2. Temperatura do oceano indica possível final do La Niña. Segundo o NOAA, o fenômeno climático La Niña apresenta sinais de que pode estar chegando ao fim após três anos. (Canal Energia)
Insights: Por consequência, a disponibilidade de ventos na região Nordeste deve ter situação normalizada, sendo isso um driver importante para a Ômega Geração, empresa que apresenta cerca de 90% de sua capacidade instalada concentrada em geração eólica.
#3. Obras do linhão Manaus-Boa Vista começam em julho, afirma Alupar. Projeto com 11 anos de empecilhos e atrasos finalmente deve ter um desfecho. (Canal Energia)
Insights: O projeto da linha de transmissão que liga Roraima ao SIN prevê a construção de 720 km de linha após acordo entre a Transnorte Energia, órgãos federais e o povo indígena Waimiri Atroari. Por se tratar de um projeto grande, caso ocorram os devidos ajustes e atualizações na RAP, pode significar um importante driver de valor para a Alupar no futuro.
#4. Comercializadoras são autorizadas para importar e exportar energia. Foram publicados na sexta-feira, 03 de março, Portarias autorizando comercializadoras a importar e exportar energia elétrica. (Canal Energia)
Insights: As comercializadoras terão permissão para importar e exportar energia elétrica interruptível com a Argentina e com o Uruguai. Essa decisão pode ser interessante para as empresas como a Engie trading que poderá negociar com players estrangeiros e dolarizar parte de suas receitas.
Varejo
#1 Marketplace endurece regras para lojistas. Grandes plataformas aumentam exigências, reduzem subsídios e elevam taxas de comissão. (Valor)
Insights: Em ambiente macroeconômico restritivo, as mudanças visam proteger as empresas listadas, que perderam muito valor nos últimos dois anos. O impacto deve ser refletido no preço e sortimento de alguns produtos, que podem acabar desaparecendo das plataformas por falta de margem dos parceiros. Como as maiores empresas adotaram a mesma postura, o impacto deve ser homogêneo.
#2 ICMS: decisão do STF cria risco de R$ 5,6 bi a Magalu, Carrefour e varejistas. Impacto de julgamento sobre ICMS pode afetar a estrutura do negócio e, consequentemente, a cotação das ações. (Estadão)
Insights: O debate jurídico promete ser intenso, já que as principais varejistas do país não devem aceitar facilmente essa decisão. Caso avance, nossa interpretação é bastante negativa e impactará certamente os fluxos de caixa das companhias e, consequentemente, resultará em repasses de preços ao consumidor final.