Tese mantida: resiliência, robustez e preparada para o que vier
A Gerdau trouxe, mais uma vez, resultados sólidos, mesmo em meio aos desafios de custos e cenário mais incerto, demonstrando a resiliência de suas operações e a robustez de seus negócios, confirmando a tese de investimentos de uma companhia favorecida por um mix não só de produtos, mas também de geografia que a coloca em posição mais confortável tanto em momentos de bonança quanto em momentos de intranquilidades, como o vivido agora. Como resultado, a empresa anunciou pagamento de R$ 3,5 bi em proventos, sendo R$ 2,15 por ação, a serem pagos em 14/12/22.
Apesar dos desafios que a empresa e o setor devem enfrentar para o próximo ano, em especial com (i) custos ainda elevados, mesmo que em tendência de normalização após a queda de preços das commodities nos mercados internacionais, e (ii) demanda global desacelerando, vemos a empresa bem-posicionada para navegar tanto em mares favoráveis, como em 2021, quanto em águas mais turbulentas como as esperadas agora. Neste sentido, revisitamos nosso modelo, incorporando os dados dos 9M22, bem como atualizando nossas premissas de longo prazo para a empresa e chegamos a um preço-alvo para o fim de 2023 em R$ 34,00/ação para GGBR4 com nossa recomendação de Compra mantida, confirmando nossa preferência pela empresa no setor.
Na ON Brasil, a companhia ainda deve lidar com custos elevados, mas já observamos tendência de desaceleração seguindo o movimento dos preços das commodities nos mercados externos. A demanda deve sentir leve desaquecimento, em especial pela acomodação de alguns segmentos, como o imobiliário, mas parcialmente compensada pelo apetite ainda grande do setor de máquinas e equipamentos, principalmente na linha amarela, e no segmento de energia. Contudo, devemos ver pressão nos preços do aço, limitando, em partes, possíveis aumentos de preços efetuados pela companhia.
Já nos Estados Unidos, vemos um cenário mais turbulento com ciclo de aperto monetário e sinalização do FED de juros mais altos por mais tempo podendo limitar o avanço econômico no país, especialmente no setor de construção. Outro fator de atenção fica por conta dos resultados das eleições de meio de mandato nos Estados Unidos que podem trazer maioria republicana ao Congresso e dificultar a aprovação de projetos nos próximos dois anos do governo Biden. Mesmo assim, a ON América do Norte alcançou um patamar diferenciado e bem superior ao nível histórico observado e deve continuar a trazer margens de dois dígitos, beneficiada por uma estrutura mais enxuta e rentável.
Para a ON Aços Especiais, estamos considerando recuperação do setor automotivo via normalização da cadeia de suprimentos que deve amenizar a crise de semicondutores ao longo de 2023, bem como consumo ainda forte advindo do setor de óleo e gás, principalmente nos Estados Unidos. Em relação à ON América do Sul, o FMI projeta que o PIB do Peru e do Uruguai avance 3,2% e 2,7% em 2023, respectivamente, motivado pela demanda na construção, majoritariamente, o que deve ajudar o crescimento da unidade para os próximos trimestres.
Resultado Consolidado: demanda resiliente, mas preços pesam na receita e custos ainda em patamar elevado. A produção de aço bruto da companhia totalizou 2.965 kton, queda de 13,5% t/t e 13,2% menor a/a, com as vendas também recuando para 2.930 kton (-9,7% t/t e -9,9% a/a), após um desempenho mais forte em 2021 em razão do processo de reestocagem em toda a cadeia. A receita líquida consolidada somou R$ 21.149 mm, 7,9% menor que o 2T22, refletindo demanda ainda forte nos negócios de atuação da companhia, mas preços mais baixos em razão das correções dos preços do aço nos mercados internacionais. O CPV, no entanto, apresentou contração t/t, somando R$ 16.411 mm, mostrando o recuo de menores preços de insumos, especialmente do carvão e da sucata, e que devem manter tendência baixista para os próximos trimestres. As despesas também se mantiveram comportadas, com o G&A representando 5,2% da ROL, e fechando em R$ 371 mm. Por fim, o EBITDA somou R$ 5.369 mm, recuando 19% t/t, em reflexo ao cenário mais desafiador para todo o setor no trimestre.
ON Brasil: demanda interna forte, mas exportações recuam e limitam avanços da operação. A receita líquida da ON Brasil somou R$ 8.484 mm, queda de 11% t/t, refletindo produção e vendas 18,7% e 12,9% menores, respectivamente, que o observado no 2T22. Entretanto, ressaltamos que o volume de vendas no mercado interno teve leve aumento de 1,6% t/t, confirmando o ainda bom momento para o consumo doméstico. O CPV fechou em R$ 7.101 mm, 5,1% menor t/t, ajudado pelo menor nível de vendas. Com isso, o EBITDA encerrou o trimestre em R$ 1.563 mm, 32% menor que o 2T22, com margem em 18,4% versus 23,9% observado no trimestre anterior.
ON América do Norte: nova operação, novo patamar. Mesmo com a cautela dos clientes locais diante de um cenário de desaceleração econômica nos Estados Unidos, a ON América do Norte surpreendeu positivamente ao trazer uma margem EBITDA em 32,9%, com o melhor terceiro trimestre da história, refletindo os ajustes feitos na operação há alguns anos. A receita líquida somou R$ 7.832 mm, queda de 8,6% t/t, resultante de menores volumes vendidos, mas de um metal spread ainda bem favorável. O CPV por sua vez caiu 8,4% t/t, registrando R$ 5.608 mm, com menor patamar de preços de insumos. Com isso, o EBITDA da operação totalizou R$ 2.579 mm, recuo de 9,1% t/t, mas 36% maior a/a.
ON Aços Especiais: setor de energia ainda favorece a operação. A demanda pelo setor de energia, especialmente Óleo&Gás, continua aquecida e impulsionando as vendas da operação no braço na América do Norte. Aqui no Brasil, o setor automotivo mostra recuperação, embora ainda abaixo do nível histórico. A Receita Líquida totalizou R$ 3.477 mm, 4,9% menor que o 2T22, mas 21% acima do 3T21. O EBITDA, contudo, recuou 32% ante o trimestre anterior, totalizando R$ 631 mm.
Endividamento e Resultado Líquido. O resultado financeiro encerrou negativo em R$ 530 mm, com receitas financeiras somando R$ 159 mm e despesas R$ 388 mm. Também vimos efeito de variação cambial negativo em R$ 316 mm. A dívida bruta somou R$ 12.856 mm, enquanto a dívida líquida registrou R$ 4.266 mm. A alavancagem da empresa registrou seu menor patamar, em 0,18x. Por fim, o lucro líquido reportado foi de R$ 3.022 mm versus R$ 4.298 mm no 2T22 e o fluxo de caixa livre encerrou o trimestre em R$ 3.093 mm, também beneficiado por um capital de giro mais controlado.