À frente do seu tempo
A Gerdau sediou sua Reunião Apimec 2022 ontem (08/12/22), em São Paulo, a qual contou com a presença do C-Level da companhia para discussões e atualização de suas expectativas para o próximo ano e o futuro da empresa.
A mudança observada na última década, tanto cultural quanto estrutural, focada em inovação e alterando a maneira operacional da siderurgia e aplicabilidade do aço, coloca hoje a Gerdau à frente de seus pares, liderando o processo de transformação digital não só internamente, mas em toda a cadeia, com clientes, fornecedores e pares. Diversificada, mas sem abandonar seu core business, atuando em diferentes geografias com diversos produtos, a companhia se coloca em posição estratégica para lidar com as oscilações do mercado. A Gerdau Next, braço de inovação e tecnologia da companhia, vem fazendo seu papel e moldando, de fato, o futuro da empresa e fala-se, inclusive, em possível IPO. Apesar dos desafios para o próximo ano, no qual ainda vemos custos pesando, mesmo que em menor nível, e demanda acomodando, com cenário de desaceleração global, vemos a Gerdau bem-posicionada dentre seus pares e segue como nossa favorita no setor. Mantemos a recomendação de Compra para GGBR4, com preço-alvo para o fim de 2023 em R$ 34,00, apesar do baixo upside para o papel.
ON Brasil: cenário macro é desafiador, mas ainda vemos oportunidades. Apesar do cenário de desaceleração e da elevação dos receios de juros mais altos por mais tempo no país, o que deve limitar parte dos avanços esperados para o próximo ano, ainda vemos oportunidades vindo de setores-chave para a economia, como construção civil, por conta dos programas sociais que devem ganhar ímpeto no próximo governo, e indústria, em especial a agrícola, com o recorde de safra esperado para os próximos trimestres. Além disso, o avanço da demanda por energia renovável, em especial solar e eólico, tem aberto um novo mercado para o aço nos últimos anos e deve manter o ritmo forte de crescimento para 2023, conforme visto nas últimas movimentações de M&A das empresas atuantes no setor.
ON Aços Especiais: setor automotivo em recuperação. Após a crise de oferta de semicondutores que comprometeu a produção de veículos global, vemos normalização da cadeia e a produção tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil entra em rota de recuperação. Com isso, devemos ver aumento da demanda por aços em ambos os países para o próximo ano, principalmente para retomada de vendas de veículos leves. Nos Estados Unidos, a exigência de que 70% dos veículos produzidos na região contenham aço local deverá potencializar ainda mais o mercado automotivo e fornecedores local. Por fim, a alta do petróleo deve continuar impulsionando novos projetos no setor de Óleo&Gás, contribuindo para uma demanda ainda resiliente em 2023.
ON América do Norte. Após a reestruturação na operação nos últimos cincos anos, vemos um novo patamar de margens que deve ser mantido. Pelo lado da demanda, o setor de construção e infraestrutura deve continuar com sólido apetite para 2023, apesar do cenário de desaceleração esperado para a economia norte-americana por conta da política monetária mais restritiva. O processo de onshore que ganha força após a pandemia, também abre espaço para novos negócios e parcerias. Com um governo mais equilibrado e em favor de Joe Biden, o pacote de infraestrutura poderá contribuir para novos projetos e demanda adicional no setor, isso em um cenário de custos mais baixos, em razão da queda dos preços das commodities, da sucata e da inflação esperada para 2023.
Gerdau Next: moldando o futuro da empresa. O braço de inovação e tecnologia da Gerdau ganhou força e notoriedade ao longo dos últimos anos ao colocar a Gerdau como protagonista na transformação digital do setor, levando consigo clientes, fornecedores e até mesmo seus pares. Com foco na diversificação de negócios, mas todos relacionados à cadeia do aço, via novas parcerias e projetos, a Gerdau Next já provê e prevê diferentes atuações, inclusive por meio de JVs, como por exemplo a Addiante, empresa em parceira 50/50 com a Randon para locação de veículos pesados e equipamentos, mercado ainda subpenetrado e de margens bastante elevadas. Dentro dos segmentos de atuação da empresa, como indústria, mas também construção e energia, a Gerdau abre novas oportunidades de negócios, sem deixar de lado o foco em sustentabilidade, aderente à agenda ESG que também ganha cada vez mais força.
Agenda ESG: a caminho da transformação, com estratégia desenhada. No âmbito ambiental, as práticas e perfil da Gerdau se destacam no setor, evidenciando um planejamento estratégico claro, com metas plausíveis e já encaminhadas. Apesar dos desafios frente ao desenvolvimento de uma tecnologia disruptivapara as emissões no setor, a companhia se apresenta cética ante aos obstáculos, com uma meta de redução palpável de 0,83 tCO2, o que representa uma queda de cerca de 11%, considerando as emissões de 0,93 tCO2 que a Gerdau efetua no momento. Para o setor, de acordo com os dados da Worldsteel, a média de emissões dos GEEs é de1,89 tCO2, o que ranqueai a Gerdau em uma posição alta, em virtude, principalmente, dos benefícios do uso da sucata na sua matriz produtiva, que assim mitiga a sua dependência da produção de aço por meio do minério de ferro. A Gerdau possui um plano estruturado para alcançar o seu objetivo, pautado em aumentar a sua eficiência operacional, expandir o seu segmento de sucata, ampliar a sua base florestal e de energia renovável, assim como investir em novas tecnologias. Vemos que os desafios para o setor continuam no radar, no qual ainda há um longo caminho a se percorrer, tanto na questão de regulamentação pelos governos, quanto pelas companhias de cada setor, contudo, reconhecemos que a Gerdau se apresenta transparente ante ao cenário, com metas concebíveis e em busca do seu protagonismo no quesito.