Ano fecha com avanços, apesar do trimestre fraco
Apesar de ter fechado mais um ano de resultados fortes, com evolução importante não só em vendas, mas também em suas margens, o 4T22 decepcionou. Esperávamos resultados fracos em razão do momento sazonal mais comedido do fim de ano, além do efeito Copa do Mundo e Eleições, que comprometeram o apetite dos clientes no período. Mas mesmo com as expectativas reduzidas, os resultados vieram abaixo do esperado, com receitas totais fechando em R$ 17.964 mm (-6,4% R/E). Os custos também seguiram em patamares elevados, apesar de em ritmo menor, mas a redução não foi suficiente para segurar a pressão sobre o EBITDA, que encerrou em R$ 3.630 mm, 10% menor que o estimado. Na visão anual, entretanto, precisamos ressaltar os avanços na rentabilidade das operações, em especial na ON América do Norte, que opera com margens em duplo-dígito, novo patamar.
Já para 2023, esperamos recuperação dos baixos níveis de vendas vistos no 4T22, uma vez que, conforme observado, parte da queda ocorreu por efeito sazonal. Os segmentos de atuação da empresa devem sentir efeito dos juros restritivos, em especial o setor de Construção. Contudo, ainda vemos demanda resiliente no setor de infraestrutura e óleo&gás nos Estados Unidos, além de recuperação do nível de produção do setor automotivo, conforme vemos regularização da cadeia de suprimentos global e arrefecimento da crise de semicomponentes. Neste sentido, mantemos o preço-alvo de GGBR4 para o fim de 2023 em R$ 34,00/ação, com recomendação de Compra.
A companhia anunciou o pagamento de R$ 333 mm em dividendos, sendo R$ 0,20/ação, a serem pagos em 23/03/23 (ex em 15/03/23). Com isso, no ano, a companhia distribuiu R$ 6,1 bi em proventos, o que, somado aos programas de recompra de ações, refletiram em um payout de 70%.
Resultado Consolidado: ano fecha com avanços, mas trimestre decepciona. A produção de aço bruto da companhia totalizou 2.866 kton, queda de 3,3% t/t e 12,6% menor a/a, com as vendas também recuando para 2.672 kton (-8,8% t/t e -15,6% a/a), após um 2021 recorde com processo de reestocagem na indústria, mas também refletindo desaceleração mais forte da demanda no trimestre. A receita líquida consolidada somou R$ 17.964 mm, 6,4% menor que o 3T22. O CPV seguiu o menor volume produzido, com menor volume de insumos consumidos, além da queda no preço de algumas commodities e recuou 8,4% t/t, fechando em R$ 15.036 mm (-2,7% R/E). O EBITDA somou R$ 3.630 mm, recuando 32% t/t e ficando 10% menor que nossas estimativas. No total anualizado, as receitas somaram R$ 82.412 mm, subindo 5% a/a, com um EBITDA de R$ 21.500 mm, queda de 7,4% a/a.
ON Brasil: demanda fortemente afetada por sazonalidade e mudança de humor no trimestre. A receita líquida da ON Brasil somou R$ 6.877 mm, queda de 19% t/t, refletindo volume de vendas 13,5% menor que o observado no 3T22, com especial queda de 20% nas vendas no mercado interno. O CPV caiu em reflexo ao menor volume de vendas e à redução tanto no volume quanto no preço de insumos. Com isso, o EBITDA encerrou o trimestre em R$ 757 mm, 52% menor que o 3T22. Em 2022, as receitas totalizaram R$ 32.971 mm, recuo de 5,1%, enquanto o EBITDA fechou em R$ 6.559 mm, redução de 49% a/a.
ON América do Norte: nova operação, novo patamar. Mesmo com desaceleração, entendemos que a operação já é uma nova unidade, com margens em double-digit que devem se manter ao longo do ano. Mesmo assim, no trimestre, a receita líquida somou R$ 6.472 mm, queda de 17% t/t e 7,4% menor que nossas estimativas. O EBITDA da operação também recuou, para 1.824 mm, reduzindo 29% t/t, mas com margem de 28,2% no trimestre. Em 2022, as receitas da ON somaram R$31.099 mm, alta de 1,7%, mas o EBITDA revê salto de 59% a/a, fechando em R$ 9.951 mm.
ON Aços Especiais: automotivo volta a aparecer. A demanda no segmento teve efeito sazonal, mas apresentou evolução a/a, principalmente para veículos leves, que retomam as vendas após choques na cadeia. A Receita Líquida totalizou R$ 3.274 mm, 6% menor que o 3T22, mas 8% acima do 4T21. O EBITDA recuou 17% t/t (-3% a/a), registrando R$ 525 mm. No ano, contudo, vimos evolução das receitas de 24%, somando R$ 13.626 mm, com um EBITDA de R$ 2.776 mm, um crescimento de 40% a/a.
Endividamento e Resultado Líquido. O resultado financeiro encerrou negativo em R$ 498 mm, com receitas financeiras somando R$ 218 mm e despesas R$ 363 mm. Também vimos efeito de variação cambial negativo em R$ 371 mm. A dívida bruta somou R$ 12,6 bi, enquanto a dívida líquida registrou R$ 7,2 bi. A alavancagem da empresa seguiu em nível bastante confortável, em 0,33x. Por fim, o lucro líquido reportado foi de R$ 1.218 mm versus R$ 3.022 mm no 3T22 e o fluxo de caixa livre encerrou o trimestre em R$ 1.124 mm, também beneficiado por um capital de giro mais controlado. No ano, o lucro líquido somou R$ 11.480 mm e o FCL fechou em R$ 10.457 mm.
Avanços em ESG
SiderPeru, braço da empresa no Peru, recebeu a Certificação B, reconhecimento internacional pelos altos padrões ESG dentro da organização.
E. A companhia reportou a diminuição em 3% ante os valores de 2020 na emissão de gases de efeito estufa, chegando a 0,90tCo2/t aço produzido. A companhia fechou parceria com a Newave Capital na criação da Newave Energia, com o objetivo de desenvolver projetos de geração elétrica, com foco em fonte solar e eólica. A companhia também anunciou, em conjunto com Gerando Falcões e a PMSP, o The Town, projeto que beneficiará mais de 290 famílias via fornecimento de água encanada, asfalto, saneamento e reparação de residências.
S. A companhia manteve sua taxa de frequência de acidentes abaixo da média da indústria, mas destacamos a zeragem no ano nessa métrica.
G. Não houve menção nesse quesito.