Positivo. Diversificação importa, sim.
A Gerdau trouxe mais um trimestre de resultados fortes, apesar dos desafios de custos e inflação que pressionam margens no geral. A diversificação de seus negócios segue como seu principal trunfo enquanto vemos a ON Brasil reportando resultados resilientes e ON América do Norte com margem EBITDA em impressionantes 33% – especialmente quando comparamos com um passado recente de margens low single digit – e, com isso, a companhia reporta o melhor EBITDA semestral da sua história. Embora vejamos desafios aumentando no cenário externo, com receios de recessão nos Estados Unidos, entendemos que os resultados da companhia devem seguir saudáveis, amparados no mercado interno ainda positivo e a recuperação que temos observado nas operações de Aços Especiais com amenização da crise de semicomponentes nos mercados internacionais. Segue como nossa favorita no setor e reiteramos nossa recomendação de compra para GGBR4, com TP YE22 em R$ 35/ação.
Resultado Consolidado: Resultados fortes com receitas em alta, segurando margens. A produção de aço bruto no trimestre totalizou 3.429 kton, estável tanto na comparação anual quanto trimestral. As vendas, por sua vez, somaram 3.245 kton, avanço de 4,2% t/t, sazonalmente mais fraco, e em linha como 2T21, refletindo demanda na construção e na indústria ainda fortalecida, bem como a retomada no setor automotivo. Assim, também beneficiada por aumentos de preços no período, a Receita Líquida veio em R$ 22.968 mm, 3,2% maior que o estimado, 10,4% acima do 1T22 e 20% melhor a/a. O CPV no 2T22 avançou 13% t/t, ficando em R$ 17.065 mm (+4% R/E), impactado pela alta dos preços dos insumos, em especial o carvão, minério de ferro e gusa, além de maiores preços de sucata no Brasil. As despesas VG&A avançaram em velocidade abaixo do esperado, novamente, resultado dos contínuos ganhos de eficiência da empresa, e levaram a um EBITDA recorde no trimestre de R$ 6.680 mm, 5,1% melhor que o esperado pelo Inter Research (+14,6% t/t e +13,3% a/a), com uma margem EBITDA de 29,1%.
Agenda ESG: no rumo certo. A Gerdau foi destaque no prêmio Melhores ESG da Revista Exame, na classificação Siderurgia e Mineração. A Companhia também divulgou seu Relatório de Sustentabilidade 2021. Vimos avanço no percentual de mulheres em cargos de liderança, agora em 23,8% e mais próximo da meta de 30% até 2025, e leve avanço na redução de emissões de CO2 por tonelada de aços (-3% a/a).
ON Brasil: resultados avançam com exportações, mas mercado interno desacelera. A produção de aço bruto fechou o trimestre em 1.576 kton, 3,2% acima t/t, enquanto as vendas totalizaram 1.529 kton, avançando 10,5% t/t. No mercado interno, as vendas subiram 9,3% t/t, em razão da sazonalidade mais fraca do 1T22, e já observamos certa acomodação, mesmo que em patamar elevado, principalmente com resiliência na construção e infraestrutura retornando, impulsionada por projetos de energia eólica e pelo setor de Óleo&Gás. As receitas na ON totalizaram R$ 8.097 mm, estável R/E, e 20% maior que o 1T22. Contudo, atentamos para a queda de 5% nas receitas no mercado interno ante o 2T21. Os custos foram impactados por maiores preços de carvão, sucata e gusa e somaram R$ 7.481 mm, levando a um EBITDA de R$ 2.288 mm.
ON América do Norte: ainda brilha, desafios aumentam. A ON América do Norte foi destaque novamente, com margens mantidas em 33%, espelhando um setor de construção não- residencial e manufatura bastante aquecido, apesar de desacelerando. A produção, que segue em total capacidade, somou 1.145 kton, 5,7% menor t/t. As vendas totalizaram 1.121 kton, 2,4% maior t/t. A Receita líquida totalizou R$ 8.573 mm, levemente acima das nossas estimativas, +4,3% t/t e +30% a/a, resultado de um metal spread favorável e maior receita líquida por tonelada no período. Os custos registraram R$ 6.121 mm, e o EBITDA totalizou R$ 2.836 mm, novo recorde, mantendo a margem EBITDA em impressionantes 33%.
ON América do Sul e Aços Especiais: retomada do setor automotivo favorece ON Aços Especiais. Na ON América do Sul, as vendas recuaram 12% t/t, com menor performance no Peru, mas sem impactar fortemente as receitas, que somaram R$ 1.894 mm (+12,4% R/E, +14% t/t e +38% a/a), refletindo preços mais elevados. O EBITDA reportado ficou em R$ 740 mm versus R$ 483 mm no 1T22. Na ON Aços Especiais, os volumes de produção cresceram 2,6% no t/t, ficando em 507 kton. As vendas cresceram novamente, totalizando 435 kton (+4% t/t), com recuperação do setor automotivo, em razão da amenização da crise global de semicomponentes. As receitas na ON somaram R$ 3.657 mm (+12,4% R/E), avanço de 13,6% t/t e 38% a/a. O EBITDA totalizou R$ 928 mm ante R$ 692 mm no 1T22.
Endividamento e Resultado Líquido. O Resultado financeiro ficou negativo em R$ 361 mm, impactado por receitas somando R$ 141 mm, despesas em R$ 400 mm e variação cambial negativa de R$ 47 mm, além de despesas de recompra de Bonds de R$ 51 mm. A dívida bruta somou R$ 12,4 bi e a dívida líquida ficou em R$ 4,7 bi, com custo de 7,64% a.a e prazo de oito anos. A DL/EBITDA fechou em 0,18x contra 0,20x no 1T22. O lucro líquido foi de R$ 4.298 mm ante R$ 2.940 mm no 1T22, levando a um fluxo de caixa livre total de R$ 3,2 bi. Com isso, a Gerdau anunciou o pagamento de dividendos no valor total de R$ 1,2 bi, ou seja, R$ 0,71/ação, a serem pagos em 25/08/22. Do plano de Recompra de ações, a companhia já adquiriu 32,3% do previsto.