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CSN | Revisão de Preço e Resultado do 2T22

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Gabriela Joubert

Publicado 16/ago8 min de leitura

Resultado em linha, mas perspectivas revisadas

Os resultados do 2T22 da CSN trouxeram comportamento misto, mostrando números levemente abaixo do esperado na Siderurgia em conjunto com avanços nos negócios menos influentes da companhia – como Cimento e Logística –, mas Mineração mais uma vez pesando negativamente. A Receita Líquida consolidada, apesar de em linha com nossas estimativas, apresenta sinais de desaceleração não só na Mineração – por conta da queda esperada nos preços do minério de ferro –, mas também com leve deterioração na Siderurgia, especialmente quando comparado aos pares. Além disso, com os resultados ainda afetados por chuvas na mineração, o EBITDA veio levemente abaixo das nossas estimativas (-2,2% R/E), em R$ 3.262 mm, mas retraindo 31% t/t e 60% a/a.

Diante disso, incorporamos em nossas estimativas um cenário mais desafiador no ano para o setor, tendo em vista a nossa visão mais comedida para a economia chinesa e, consequentemente, a demanda por minério de ferro, mantendo a pressão sobre os preços das commodities nos mercados internacionais. Incorporamos também as novas projeções para a CSN Mineração, incluindo o novo guidance apresentado pela empresa, tanto para menores volumes produzidos no ano quanto para custo caixa C1 médio maior, o que implica em menor contribuição deste negócio para o consolidado, prejudicando as margens. Na Siderurgia, também vislumbramos um cenário de demanda arrefecendo para o setor, mas estamos corrigindo mais rapidamente os preços dos produtos de aço, uma vez que já vemos estes voltando aos patamares mais normalizados, seguindo os preços das commodities. Elevamos também as contribuições referentes às companhias de energia adquiridas pela companhia, refletindo em menor custo de energéticos para o futuro. Sendo assim, trazemos novo preço-alvo YE23 para CSNA3, agora em R$ 25/ação (ante R$ 36 anteriormente) e rebaixamos a recomendação para Neutra, colocando na conta as atuais incertezas no mercado externo com China e uma possível desaceleração ainda mais acentuada do que a precificada pelo mercado.

Agenda ESG: bons avanços. A CSN divulgou seu Relato Integrado 2021 seguindo as diretrizes GRI, SASB e TCFD, padronizando assim o formato de seu relatório. Assinaram também juntamente com a Shell International Petroleum um MOU visando desenvolvimento de soluções de descarbonização para a companhia. Ressaltamos a evolução dos ratings ESG da CSN no MSCI e na Moody’s ESG, bem como o avanço da diversidade no quadro da empresa, com destaque para a presença de mais mulheres. A companhia também deu início ao processo de eletrificação de veículos na Casa de Pedra, além do projeto de coprocessamento de resíduos na sua operação de Cimentos, em Arco.

Resultado Consolidado: mineração sofre e enquanto siderurgia se mantem estável. A receita líquida da companhia somou R$ 10.566 mm, em linha com as nossas estimativas, mas 11% menor t/t e 32% abaixo a/a, impactado pelo resultado aquém do esperado na Mineração. O CPV totalizou R$ 7.560 mm, um avanço de 4% t/t (+14% R/E), novamente refletindo a alta dos preços dos insumos, em especial coque e carvão, além de maiores gastos com combustíveis. As despesas VG&A avançaram 11% no trimestre, ficando em R$ 651 mm, com recuperação dos volumes vendidos na CSN Mineração e no braço de Cimentos, bem como em razão de maiores despesas de frete. Assim, o EBITDA Ajustado totalizou R$ 3.262 mm, volume 2,2% abaixo das nossas estimativas, 31% menor que o 1T22 e 60% abaixo do 2T21.

Endividamento e Resultado Líquido. A dívida líquida no período fechou em R$ 21,03 bi, com uma alavancagem medida pela DL/EBITDA de 1,31x, acima da meta de 1x firmada pela companhia e devendo fechar o ano por volta de 1,4x, pontualmente. O resultado financeiro fechou negativo em R$ 890 mm, em reflexo à receitas financeiras de R$ 346 mm e despesas de R$ 1.819 mm, bem como uma variação cambial positiva de R$ 583 mm. Por fim, o lucro líquido da companhia fechou em R$ 369 mm ante R$ 1.364 mm no 1T22, com um FCF totalizando R$ 830 mm no período.

Siderurgia: levemente abaixo do esperado. A operação de siderurgia continua apresentando resultados sólidos, apesar de levemente abaixo do esperado. A produção de placas somou 890 kton, em linha com o trimestre anterior, enquanto as vendas totalizaram 1.067 kton, recuo de 7,8% t/t que foi mais acentuado no mercado externo, tendo em vista a menor atividade comercial na Europa. A companhia reafirmou o guidance de 5kton em vendas para este ano, o que implica em volumes de venda de 1.500 kton nos próximos trimestres, bastante arrojado em nossa opinião. A Receita Líquida do segmento somou R$ 7.706 mm, 2% menor t/t (-3,9% R/E), com a queda de volumes vendidos sendo parcialmente compensada pela alta de 5,3% nos preços médios realizados. O custo de placas continuou avançando em reflexo ao aumento dos insumos, em especial carvão e gás para a siderurgia, bem como à menor diluição de custo fixo diante da menor produção no período. Com isso, o EBITDA da operação totalizou R$ 1.905 mm, 5,8% menor que o 1T22.

Mineração: volumes recuperam, mas preços corroem resultados. A receita líquida da CSN Mineração totalizou R$ 2.679 mm, 5% menor que nossas projeções e 31% abaixo do observado no 1T22, refletindo a menor precificação do minério de ferro nos mercados internacionais e, também, a precificação inferior praticada pela companhia. A receita líquida por produto da empresa mostrou além dos efeitos do menor preço realizado, impactos de maior custo do frete marítimo e maior impacto do sistema de preços, com maior presença de preços provisionados. O CPV subiu 14% no trimestre, ficando em R$ 1.835 mm, e o Custo Caixa C1 avançou 3,8% t/t, ficando em US$ 24,3/t, reflexo de (i) maior preço do diesel, (ii) maiores gastos com transporte, parcialmente compensados por (iii) maior diluição de custo em função do aumento da produção, bem como (iv) impacto da variação cambial e (v) menores despesas portuárias e demurrage. Em vista disto, a companhia revisou sua projeção de Custo Caixa C1 para o ano, agora entre US$ 20/t – US$ 22/t, com expectativa de melhora para o 2S22. Por fim, o EBITDA ajustado encerrou o trimestre em R$ 907 mm, 9,1% abaixo das nossas projeções, bem abaixo dos R$ 2.415 mm do 1T22. Reduzimos nosso preço-alvo para CMIN3 de R$ 9/ação para R$ 7/ação visando o fim de 2023. Apesar do menor preço-alvo e dos riscos acima ponderados, no atual nível de negociação que as ações se encontram, ainda vemos como boa oportunidade e mantemos nossa recomendação de Compra.

Cimentos: recuperação. O volume vendido no trimestre totalizou 1.261 kton, 6% maior t/t, recuperando da sazonalidade mais fraca no 1T. As receitas somaram R$ 475 mm, 20% maior que o esperado e 23% acima do 1T22, resultado dos maiores volumes vendidos, mas também de maiores preços realizados no período. O custo da operação seguiu afetado pelo maior preço do coque do frete na distribuição e, com isso, o EBITDA fechou em R$ 163 mm, 64% maior t/t.

Aquisições no trimestre. A CSN, em continuidade ao seu plano de tornar-se autossuficiente em energia, anunciou a aquisição de três operações ao longo do trimestre, (i) PCH’s Santa Ana e Sacre, com capacidade de 36,3 MW, cuja produção será direcionada à operação de Cimentos, (ii) UHE Quebra-Queixo, com 120 Mw de capacidade e que deverá ser utilizada para abastecer a CSN Mineração e (iii) saiu vencedora do leilão da CEEE-G, no Rio Grande do Sul, maior ativo até agora, e com capacidade de 920 MW, a qual deve atender todo o conglomerado da companhia. Apesar do business totalmente fora do seu core, vemos as aquisições como estratégicas para abastecimento e redução do custo de produção da empresa, ao mesmo tempo que atende seus objetivos de redução de emissões de CO2.

Fonte: Companhia e Inter Fonte: Companhia e Inter Research.
Fonte: Companhia e Inter Fonte: Companhia e Inter Research.

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