Dificuldades internas e externas
Com dificuldades para retomar o ritmo de produção e vendas, além do já esperado impacto de menores preços realizados de minério de ferro no período, a CSN Mineração trouxe resultados abaixo das nossas expectativas e uma perspectiva nada animadora para o restante do ano. A companhia revisou para baixo seu guidance de produção para 2022, agora entre 36 Mt – 38 Mt (antes 38 Mt – 40Mt), após os impactos mais fortes que o esperado das chuvas no 1S22, bem como para cima suas expectativas do custo caixa C1, agora entre US$ 20/t - US$ 22/t (ante US$ 18/t, previamente), o que indica um cenário melhor de custos para o 2S22. Com a dificuldade operacional mostrada e com base em nossas estimativas mais conservadoras para a demanda de minério de ferro, tendo em vista os recentes dados da economia chinesa, vemos os desafios de curto prazo se ampliarem para a mineradora. Ao mesmo tempo, vemos a companhia aderente ao seu plano de expansão e vemos com bons olhos a inclusão da UHP Quebra-Queixo no portfólio, empresa de energia adquirida para auxiliar no processo de expansão da CSN Mineração.
No longo prazo, acreditamos na tese da companhia e em seus planos de se tornar um dos maiores players globais, inclusive de produtos premium. Contudo, considerando as recentes postergações no plano de investimentos e na capacidade de produção e levando em consideração o valor do dinheiro no tempo, reduzimos nosso preço-alvo para CMIN3 de R$ 9/ação para R$ 7/ação visando o fim de 2023. Apesar do menor preço-alvo e dos riscos acima ponderados, no atual nível de negociação que as ações se encontram, ainda vemos como boa oportunidade e mantemos nossa recomendação de Compra.
Agenda ESG. A companhia tem apresentado importantes avanços em sua agenda ESG e no trimestre submeteu pela primeira vez seus dados ao CDP e ao Inventário GHG, nos segmentos água e clima, nos quais obteve a nota ESG C e B-, respectivamente. No 2T22, a companhia finalizou a descaracterização de mais uma barragem, agora a Auxiliar do Vigia, além de ter iniciado processo de eletrificação de veículos em Casa de Pedra. No quesito ambiental, a empresa está aquém do objetivo de redução de emissão de CO2 e utilização de água previstos no ano, mas avança na agenda social e governança, com maior diversidade no quadro.
Produção e Vendas. A produção da companhia totalizou 8.299 kton, avanço de 28,3% t/t, recuperando parcialmente dos impactos das chuvas mais fortes do 1T22 – que ainda afetaram as operações no atual trimestre - e ficando 21,5% abaixo na comparação anual. As vendas totalizaram 7.574 kton, avançando menos, apenas 9% ante o 1T22, em razão das fortes chuvas no Rio de Janeiro no período, onde fica localizado o Porto da companhia, e que afetaram os embarques. Para os próximos trimestres, devemos ver maior ritmo de produção e vendas com a normalização das operações e menor impacto das adversidades climáticas. Contudo, conforme guidance da empresa, esperamos um ritmo de produção trimestral em torno de 10.500 kton, com vendas levemente acima deste patamar.
Desempenho Operacional. A receita líquida da CSN Mineração totalizou R$ 2.679 mm, 5% menor que nossas projeções e 31% abaixo do observado no 1T22, refletindo menores preços para o minério de ferro nos mercados internacionais, mas também menor preço realizado pela companhia. A receita líquida por produto da empresa mostrou além dos efeitos do menor preço realizado, impactos de maior custo do frete marítimo e maior impacto do sistema de preços, com maior presença de preços provisionados. O CPV subiu 14% no trimestre, ficando em R$ 1.835 mm, e o Custo Caixa C1 avançou 3,8% t/t, ficando em US$ 24,3/t, reflexo de (i) maior preço do diesel, (ii) maiores gastos com transporte, parcialmente compensados por (iii) maior diluição de custo em função do aumento da produção, bem como (iv) impacto da variação cambial e (v) menores despesas portuárias e demurrage. Em vista disto, a companhia revisou sua projeção de Custo Caixa C1 para o ano, agora entre US$ 20/t – US$ 22/t, com expectativa de melhora para o 2S22. Por fim, o EBITDA ajustado encerrou o trimestre em R$ 907 mm, 9,1% abaixo das nossas projeções, bem abaixo dos R$ 2.415 mm do 1T22.
Endividamento e Resultado Líquido. A CSN Mineração fechou o trimestre com caixa líquido de R$ 600 mm e um nível de endividamento medido pela Dívida Líquida/EBITDA em -0,12x. O Fluxo de Caixa Livre no trimestre ficou positivo em R$ 1,2 bi. O resultado financeiro fechou positivo em R$ 568 mm, resultado de receitas financeiras de R$ 55 mm, despesas de R$ 149 mm e variação cambial positiva de R$ 662 mm. Por fim, o lucro líquido totalizou R$ 826 mm versus R$ 739 mm no 1T22.