Cenário e operacional mistos trazem desafios e oportunidades
Seguindo o observado em todo setor, os papéis da CSN e da CSN Mineração vêm sofrendo com a volatilidade dos noticiários internacionais no que tange a recuperação econômica da China, bem como com o cenário interno menos pessimista, mas que ainda não se reflete na demanda local. No operacional, a companhia tem apresentado evolução nos seus segmentos de Mineração, Cimento, Logística e Energia, seguindo as aquisições e investimentos feitos nos últimos anos e onde vemos oportunidades. Contudo, na Siderurgia, os desafios são maiores. Problemas internos têm comprometido a produção e, consequentemente, as vendas, que ainda sentem a demanda interna e externa mais enfraquecidas. Os custos continuam pressionando margens, mas devem apresentar melhoras ao longo do 2S23. Aliás, o segundo semestre poderá dar início à parte da materialização do otimismo que tomou conta dos mercados desde maio, uma vez que poderemos ver reaquecimento da demanda em alguns setores e contribuição deste cenário efetivamente nos números da companhia.
Com as novas premissas em nossos modelos, chegamos a um preço-alvo de CSNA3 em R$ 19/ação (R$ 20, anteriormente) e para CMIN3 de R$ 7/ação (R$ 6, anteriormente) e mantemos a recomendação de Compra para ambos os papéisem virtude do upside dos preços atuais aos nossos alvos e considerando que, em termos de resultados, apesar de ainda esperarmos números ruins para o 2T23, poderemos ver gradual melhora ao longo do 2S23, em especial com relação aos custos e com o cenário interno mais favorável ao consumo, e no cenário externo mantemos cautela com China, mas revisamos nosso preço de minério de ferro ao final deste ano de US$ 90/t para US$ 95/t, considerando o atual patamar da commodity nos mercados internacionais.
Para o 2T23, esperamos números fracos na comparação anual e na trimestral. A receita consolidada deve mostrar recuperação na siderurgia – mesmo com problemas na aciaria que comprometeram a produção – e nos demais negócios da companhia, exceto por Mineração que, apesar de esperarmos boa recuperação dos volumes de vendas, deve sentir o impacto de preços realizados menores no balanço. Na linha de custos, devemos ver efeito de maior diluição de custos por conta do aumento da produção, mas o efeito positivo deverá ficar mais claro no segundo semestre do ano, refletindo em recuperação de margens.
E o que esperar para os próximos trimestres? Nas últimas semanas, dúvidas quanto à chegada de estímulos mais eficazes para impulsionar a demanda na segunda maior economia do mundo trouxeram grande volatilidade aos preços de minério de ferro e dos produtos de aço nos mercados internacionais, assim como ao setor. No Brasil, as perspectivas de inflação mais baixa, crescimento econômico maior e, consequentemente, início de ciclo de corte da Selic trazem esperança de um segundo semestre melhor. Já se observa sinais de recuperação em importantes setores como linha branca, além da resiliência da Construção. Na indústria, vemos ainda desafios, mas que podem apresentar leve melhora para o próximo ano, conforme projetos apresentados pelo governo como PAC e MCMV refletem em toda a cadeia. O setor automotivo também poderá ser beneficiado com o cenário de juros menores e com maior oferta de semicomponentes. Contudo, o ponto de atenção fica por conta das importações, que seguem em patamar elevado e podem pressionar os preços no mercado local.
Já para a companhia, na siderurgia, esperamos que a produção se normalize após os problemas enfrentados no início do ano com a sua aciaria, fazendo com que os volumes de vendas recuperem ao longo do ano, com mercado interno apresentando leve melhora e compensando a possível queda nos volumes exportados. Nos custos, como mencionado, devemos ver gradual melhora com a evolução da produção, mas principalmente pelo reflexo dos preços menores de insumos passando pelo balanço da empresa. Na Mineração, mantemos a cautela com relação à China, mas não vemos efeitos nocivos no volume de vendas da companhia que deve entregar o guidance de 39 – 40 Mt. Já os preços nos mercados internacionais devem corrigir ao longo do ano, mas em patamar maior que o esperado anteriormente, comprometendo maiores avanços da receita e, em consequência, a maior contribuição da mineração nos resultados. Já para as demais operações, devemos ver importante avanço do top line com as recentes aquisições da empresa, como a incorporação da LafargeHolcim e compra da CEEE-E, além de retomada das operações de logísticas após sazonal mais fraco do 1T23.