Ajustando nosso preço aos riscos
Estamos atualizando nosso preço-alvo do Bradesco para R$ 21 FY23 (anteriormente R$ 25). Após os resultados do 3T22 mostrarem tendências negativas na qualidade de crédito (pior que pares privados) e em linhas importantes do resultado, como o resultado com tesouraria ainda negativo e com previsão de melhora só ao final de 2023, ajustamos nossas perspectivas para o banco, que ao lado do Santander, tem reportado resultados mais fracos que seu par privado Itaú Unibanco e que o par estatal Banco do Brasil. Seu ROAE no 3T22 foi de 13,5%, menor nível dos últimos 10 anos ex-covid, aliado à uma inadimplência ainda em ascensão em um cenário de pressão na qualidade de crédito na pessoa física, e reforça que o Bradesco pode continuar perfomando mal nos próximos resultados. Apesar do atual desconto que o mercado vem dando às ações do banco, que negociam a 0,9 vezes seu valor patrimonial esperado para 2023 e a 6 vezes lucros esperados para 2023, não enxergamos como uma boa oportunidade de compra, haja vista que a situação de recuperação na solidez do balanço e resultados no curto prazo ainda não é clara e que esperamos uma melhora gradual na rentabilidade após o final do ano. Comparando ao Itaú, que apresentou melhor qualidade de crédito e resultados sólidos, mesmo com a pressão do cenário macroeconômico, o par negocia a 8 vezes lucros esperados para 2023, sendo uma melhor opção dado o desconto que os players do setor estão sofrendo.
Inadimplência e tesouraria ainda devem decepcionar em 2023.Os últimos resultados do Bradesco mostraram que a qualidade de crédito tem sido um desafio para além do cenário macroeconômico de maior endividamento das famílias e que vem surpreendendo em níveis acima da média de 2019 no segmento de pessoas físicas em linhas sem garantia. O problema para o Bradesco tem sido o perfil dos clientes, que possuem menor renda se comparado a players como o Itaú, além da maior exposição que os pares no segmento de PME. Com isso, em um cenário macro mais desafiador, o Bradesco acaba sentindo mais os efeitos da inadimplência, o que gera maior custo de risco (desp. c/ PDD). Além disso, os resultados com tesouraria do banco, que sabemos que possuem sensibilidade negativa ao aumento da taxa de juros, mostraram-se pior do que o esperado, enquanto seu par, Itaú, performa com um resultado já baixo (como esperado), mas não negativo, o que traz alguma dúvida sobre sua gestão de ALM atual.
ROAE com melhora gradual. Com base nas expectativas para o banco de maior custo do risco com maiores desafios na inadimplência, fraco desempenho com tesouraria pelo menos até o final de 2023 e um cenário macroeconômico ainda desafiador, ajustamos nossas expectativas de lucratividade para o Bradesco, que deve reportar um lucro líquido de R$ 27.780 milhões em 2023 com ROAE de 16,4%, melhorando para 16,7% em 2024 e gradativamente melhorando no médio prazo.