Tendências ainda negativas e inadimplência piora muito no trimestre.
O resultado do Bradesco veio acima das nossas expectativas, com lucro líquido de R$ 4.280 milhões (+168,3% t/t e +11% Inter Research) com ROAE de 10,6% (+6,5 p.p. t/t e +0,7 p.p. Inter Research). De modo geral o resultado trouxe tons mistos, com a margem financeira praticamente estável trazendo queda no NII com clientes e melhoria no NII com mercado. A PDD expandida apesar de ter mostrado melhora na comparação trimestral, não foi suficiente para manter os níveis de cobertura acima de 200%, dado que vimos forte avanço na inadimplência, que saiu de 4,3% no 4T22 para 5,1% no 1T23, com piora significativa em pessoas físicas e MPMEs. O bottom-line acabou sendo beneficiado pela menor alíquota de imposto no período devido ao benefício fiscal no pagamento de JCP. Continuamos enxergando desafios no resultado do Bradesco devido a pressão na qualidade de crédito, que neste trimestre mostrou um forte avanço, por isso mantemos cautela com o banco e após este resultado alteramos nossa recomendação de neutro para venda de BBDC4, mantendo nosso preço-alvo em R$ 13,00 FY23.
NII refletindo cenário restritivo de crédito, mas tesouraria mostra melhora. A margem financeira do Bradesco reportou saldo de R$ 16.653 milhões (-0,1% t/t e -2,6% Inter Research) e trouxe tom misto com piora no NII com clientes (-2,9% t/t e -3,6% Inter Research), influenciada pelo menor volume após revisão das políticas de crédito e maior rigor nas concessões, além de um foco em produtos mais colateralizados que trazem menores spreads. Por outro lado, o NII com mercado trouxe melhora com saldo ainda negativo de R$ 312 (melhora de 61,1% t/t e melhora de 37,6% vs. Inter Research). A Carteira de crédito expandida caiu 1,4% t/t com principal redução no segmento PJ (-3,2% t/t) e em PF o crescimento foi de 1,2% com maior destaque ao cartão de crédito (+3,3% t/t ) apesar do avanço da inadimplência no segmento.
Despesas com PDD melhoram (ex-Americanas), mas no nível atual consumiu índice de cobertura, enquanto inadimplência mostra um avanço significativo no trimestre. As despesas com PDD reportaram saldo de R$ 9.517 milhões (-36% t/t e +4,1% Inter Research), ainda impactadas pelas condições macroeconômicas. A inadimplência do banco reportou taxa de 5,1% (+8 p.p. t/t) influenciada principalmente pelos segmentos PF e MPMEs que reportaram taxas de 6,3% (+8 p.p. t/t) e 6,2% (+9 p.p. t/t). Para além dos segmentos de varejo, notamos também uma piora em grandes empresas que reportaram taxa de 0,2% (+0,1 p.p. t/t) com piora significativa no NPL de 15 a 90 dias que saiu de 0,1% no 4T22 para 1,4% no 1T22. Com a evolução da inadimplência e uma despesa com PDD que representou queda no custo do risco para 4,3% (-0,2 p.p. t/t ex-Americanas) o índice de cobertura do Bradesco piorou para 182% (-22 p.p. t/t), indicando queima de cobertura.
Serviços e seguros retraem com sazonalidade e opex mostra melhora com redução de despesas administrativas. A receita com serviços totalizou R$ 8.746 milhões (-5,5% t/t e -3,3% Inter Research) mostrou piora com a sazonalidade principalmente em rendas com cartão, mas também com queda em conta corrente. Em seguros, o resultado foi de R$ 3.669 milhões (+11,7% a/a e -3,3% Inter Research), impactado ainda pela elevada sinistralidade no ramo de saúde. Por outro lado, o Bradesco mostrou melhora nas despesas operacionais que reduziram 4,8% t/t, influenciada principalmente pela redução de custos com serviços de terceiros, com isso sua Eficiência Operacional mostrou ligeira melhora no 1T23 para 47,1%, nível ainda elevado.