A BB Seguridade (BBSE3) reportou um resultado positivo e acima das nossas expectativas, com lucro líquido de R$ 1,4 bilhão (+86,5% a/a e +20% vs. Inter Research), mais um trimestre quebrando o recorde desde o IPO. Beneficiada pela Brasilseg com uma sinistralidade normalizada versus o 2T21, principalmente no ramo de vida e um desempenho comercial duplo dígito com ajuda do ramo rural, além de um resultado financeiro em constante melhora com a elevação da taxa de juros, a companhia mostrou mais uma vez lucros resilientes em crescimento. Mesmo na Brasilprev, que reportou um resultado mais fraco que o 1T22 por conta do velho conhecido descasamento contábil entre ativos e passivos indexados ao IGP-M e IPCA que desfavoreceu o resultado financeiro, até mesmo em um resultado negativo observamos melhora, sendo bem menor que o reportado no 2T21, refletindo uma melhor gestão de ALM. A companhia também mostrou boa performance operacional e financeira na Brasilcap e como consequência de boas vendas na Brasilseg, a BB Corretora também trouxe bons números. Mantemos nossa recomendação de compra para BBSE3, com preço-alvo de R$30/ação.
Brasilseg | Forte crescimento em prêmios emitidos e sinistralidade normalizada em pessoas:
o lucro líquido da Brasilseg foi de R$ 734,1 milhões (+202% a/a e +106,8% t/t), em função de três fatores: (i) avanço de 22,9% a/a nos prêmios emitidos, impulsionados pelo forte crescimento no ramo rural (+42% a/a); (ii) melhora na sinistralidade, com queda dos sinistros retidos de -36,8% a/a, direcionada pela normalização da sinistralidade no ramo de vida, agora em 24,4%, 21,1 p.p. abaixo do 2T21, no qual a companhia enfrentava maior número de óbitos por covid-19, e (iii) avanço do resultado financeiro (+119,7% a/a), em função da alta da taxa Selic e pelo maior saldo médio dos ativos financeiros. Operacionalmente gostamos do desempenho comercial da Brasilseg, que se beneficiou do maior volume no ramo agrícola com maior liberação de recursos do Plano Safra Verão 22/23 no Banco do Brasil, além também de uma maior reprecificação das apólices refletindo o maior risco, observado na sinistralidade no ramo que continua elevada, mas mostra sinais de melhora, saindo de 164,9% no 1T22 para 155,8% no 2T22, quando era 54,5% no 2T21.
Brasilprev | Ainda há pressão em resgates, mas com tendência de queda na taxa e resultado financeiro mesmo ruim, veio melhor que o 2T21:
o lucro líquido da Brasilprev foi de R$ 229,7 milhões (+346% a/a e -42,9% t/t) com um resultado operacional crescendo 4% a/a em função de maiores receitas com taxa de gestão (+4,3% a/a) e um resultado financeiro, que mesmo com prejuízo de R$ 89 milhões no 2T22, ainda foi melhor que o prejuízo de R$ 368,1 milhões no 2T21, mas ainda sofreu efeitos de marcação a mercado com a abertura da curva de juros e do descasamento temporal e contábil entre ativos e passivos indexados ao IGP-M e IPCA. Operacionalmente, a subsidiária ainda enfrenta desafios quanto aos resgates, onde as captações líquidas foram de R$ 273 mm no 2T22 e acumulam R$ 748 mm no 1S22. Neste sentido, ainda vemos não só um cenário macroeconômico doméstico e global que desafia o consumidor - que acaba resgatando reservas tanto para consumo quanto para outros investimentos - e aqui a companhia ainda sofre o mal de ser líder no setor, já que novos players vem crescendo em previdência privada e a companhia ainda usa bastante o canal do Banco do Brasil e explora pouco o mar aberto. Porém, a companhia tem mostrado uma tendência de queda no índice de resgate que caiu de 12% no 1T22 para 11,1% no 2T22, porém ainda elevado frente ao 2T21 onde a taxa era de 10%.
Brasilcap | Resultado financeiro impulsiona, mas arrecadação também contribui:
a Brasilcap reportou um lucro líquido de R$ 64,2 milhões (+201% a/a e +20,7% t/t), explicado pelo forte avanço de 313% do resultado financeiro com o aumento da taxa Selic e com o hedge com efeito positivo à exposição a títulos pré-fixados da subsidiária. A operação também foi bem, com a arrecadação com títulos de capitalização crescendo 26,9% a/a vindo do maior ticket médio dos títulos de pagamento único e evolução de quantidade de títulos de pagamento mensal. As receitas com cota de carregamento evoluíram em menor ritmo, avançando 15,4% a/a com redução de 1 p.p. na cota média devido à maior participação de títulos com pagamento único com prazos mais curtos no mix de arrecadação.
BB Corretora | Forte desempenho comercial na Brasilseg dita o tom:
a BB Corretora reportou um lucro líquido de R$ 631,8 milhões (+20,7% a/a e 9,8% t/t) refletindo o bom desempenho operacional e financeiro da subsidiária. As receitas de corretagem registraram alta de 12% a/a, seguindo o bom momento comercial da Brasilseg, principalmente no ramo rural. Apesar disso, a margem operacional caiu 0,4 p.p. a/a, contabilizando 80,6% no 2T22, com o maiores provisões para devoluções de comissões na Brasilprev devido aos resgates ocorridos no período e também com maiores despesas com TI e promoções de vendas. O resultado financeiro, que também contribuiu para o bom resultado, avançou 393% a/a, refletindo a evolução do saldo médio dos ativos e da maior taxa Selic no período. Ressaltamos a estratégia para diversificação da distribuição em mar aberto, onde a companhia firmou parcerias com cooperativas no agro, correspondentes bancários, bancos digitais e também para venda de grandes riscos e transportes no atacado, que ainda não exploravam.