Renda Variável


Bancos | Prévias 2T23

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Matheus Amaral

Publicado 18/jul5 min de leitura

Chegamos ao pico? Ainda de olho na qualidade de crédito

Chegamos ao trimestre em que desde o início do ano se esperava que a inadimplência atingiria seu pico. Porém, conforme vimos nos dados de crédito mais recentes, a qualidade de crédito segue se deteriorando, principalmente em linhas clean no varejo bancário e, mais recentemente, foi intensificada no ramo corporativo. Esperamos ainda sinais de que o pico possa realmente estar próximo, seja neste ou no segundo semestre, já que ainda vemos indicadores macroeconômicos pressionando o endividamento das famílias e os juros nos níveis atuais não contribuem para a redução do endividamento, seja das famílias ou das empresas.

Em nossa visão, os resultados para os bancos seguirão em um ritmo parecido com o observado no primeiro trimestre deste ano, com a qualidade de crédito ainda no radar. Estaremos de olho no NPL Formation que mostrará o ritmo da inadimplência e se o pico se aproxima. Além disso, já que as concessões foram mais fracas no período, esperamos uma pressão no NII dos bancos, que pode mostrar algum efeito de desaceleração. No geral, devemos ver ROAEs em linha com o que vimos no trimestre passado, com o Itaú Unibanco e Banco do Brasil mantendo níveis de 20% e com Santander e Bradesco podendo apresentar uma tímida melhora.

Seguimos mais otimistas com os resultados do Banco do Brasil e Itaú Unibanco, onde de um lado, o Banco do Brasil ainda colhe frutos de um forte desempenho com tesouraria, que ainda se beneficia de uma Selic elevada e de uma carteira de crédito naturalmente de maior qualidade que os pares privados. Do outro lado, o Itaú mantém seu balanço sólido, com uma qualidade de carteira invejável aos pares privados incumbentes, vindo do seu mix mais elevado que os competidores ao público de alta renda. Por outro lado, com a queda do dólar no trimestre o Itaú pode sentir algum impacto em seu hedge feito para cobrir sua exposição de equity ao exterior.

Recuperando timidamente os resultados, o Bradesco ainda pode sentir a inadimplência pressionar seu custo do risco e a tesouraria ainda negativa deve ver algum alívio com a curva fechando neste trimestre, mas não esperamos um ROE normalizado por enquanto dado os desafios que o banco ainda enfrenta na qualidade de crédito. Algum efeito positivo pode vir dos resultados de marcação a mercado de ativos disponíveis para venda vindo da queda dos juros, mas no geral esperamos um bottom-line ainda tímido.

Devolva a minha Provisão. Esperamos que o Santander veja uma inadimplência em leve ritmo de alta, mas podemos ver um sinal positivo na formação da inadimplência do banco, que deve continuar mostrando efeitos positivos de renegociações, pé no freio nas concessões e mix de carteira mais colateralizado do que safras passadas. Os efeitos de fechamento da curva podem trazer algum benefício no resultado com tesouraria do banco, mas o NII com clientes ainda deve mostrar um avanço tímido refletindo um menor ritmo de concessões e um mix mais voltado a créditos colateralizados, que trazem menores spreads. Além disso, o Santander tem um dilema a resolver após as decisões contrárias aos bancos no STF sobre os casos de PIS/Cofins, isso porque no 1T23 o banco retirou cerca de R$4,2 bilhões das contingências para processos judiciais e realocou para provisões para crédito. Desta forma, com o caso tendendo negativamente para os bancos, é de se esperar que o banco provisione novamente esse saldo, mas como fará esta realocação ainda não sabemos e dessa vez pode ser que passe pelos resultados, caso o banco não queira retirar o reforço feito para o crédito.

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