Com ROAE de banco privado, BB surpreende novamente. Alteramos nosso preço-alvo.
O Banco do Brasil apresentou mais uma vez um forte resultado, bem acima das nossas expectativas e do mercado, reportando um lucro líquido de R$ 7,6 bi (+14,5% t/t e +15,1% vs. Inter Research) e ROAE de 20,6% (+250 bps t/t e +250 bps vs. Inter Research). Em mais um resultado surpreendendo as estimativas, o BB mostrou bom desempenho operacional, com o NII contribuindo, principalmente com fortes números em tesouraria e despesas com PDD ainda abaixo do New NPL, se beneficiando da seu alto índice de cobertura e baixa inadimplência com uma qualidade de crédito melhor que os pares, dado a característica defensiva da sua carteira. Destacamos também os serviços, que avançaram em administração de fundos, com a melhor performance e saldo dos fundos exclusivos e um controle das despesas, mantendo a tendência de melhoria da eficiência do banco, o que resultado em resultado recorde e ROAE de 21%.
O BB revisou seu guidance para 2022 com melhora no lucro líquido para uma faixa entre R$ 27 a R$ 30 bi (anterior R$ 23 a R$ 26 bi) vindo das expectativas com o NII com crescimento entre 13% a 17% (anterior 11% a 15%), PDD entre -R$ 17 a -R$14 bi e carteira de crédito com crescimento entre 12% a 16% (anterior 8% a 12%) com avanço em PF entre 11% A 15%, PJ entre 8% a 12% e Agro entre 18% a 22%. Em serviços o banco espera um crescimento de 6% a 9%. Ficando o único guidance mantido nas despesas administrativas entre 4% a 8%. Entendemos que o guidance atual traz melhores perspectivas em termos de crédito em linhas de maior risco/retorno, que trazem maior NII, além do aumento das taxas e a melhor percepção por parte da gestão quanto à qualidade do crédito. Com um forte resultado e incorporando e indicação de que a boa rentabilidade do banco veio para ficar, mantemos nossa recomendação de Compra em BBAS3, com preço-alvo atualizado para de R$ 54 FY22.
O banco, fechou parceria com a fintech Yours Bank como estratégia de rejuvenescimento da base de clientes para o futuro. A fintech conta com 1,67 milhão de clientes universitários e cresceu +53% jun22/dez21. Além disso, a plataforma de marketplace do BB gerou R$ 430 milhões em vendas no 1S22 e pagou R$ 300 milhões em cashback, mostrando adaptação da plataforma à tendências feitas por fintechs
NII favorecido com forte resultado com tesouraria e maiores taxas nas operações de crédito. A margem financeira bruta totalizou R$ 17,1 bilhões no 2T22 (+11,2% t/t e +3% Inter Research), com destaques para as receitas com operações de crédito (+9,6% t/t) que se beneficiaram da reprecificação da carteira vindo da elevação das taxas médias em todos os segmentos e do resultado com tesouraria (+27,2% t/t) que contou com o crescimento da carteira de títulos de renda fixa, se beneficiando a alta dos juros. Por outro lado, a elevação das receitas foram compensadas pelo aumento expressivo das despesas com captação comercial (+16,4% t/t). Com isso, o spread global do banco avançou 30 bps t/t para 3,8%, por outro lado, na medida gerencial, o spread do banco reduziu 10 bps t/t registrando 7,2%, com queda de -30 bps t/t no segmento PF a 13,5% e -20 bps t/t no agro a 4,5%, ficando o segmento PJ com o avanço no spread de +20 bps t/t com taxa de 5,3%.
Baixa PDD beneficiada pela boa cobertura e qualidade do crédito controlada, com pressão no varejo em linha com cenário. As despesas com PDD permaneceram em níveis baixos, totalizando R$ 2,9 bilhões (+2,1% t/t e -12% Inter Research), beneficiadas por um provisionamento de 74,4% do New NPL, suportado pelo ainda alto nível do índice de cobertura, que vem sendo consumido gradualmente com as baixas provisões e registrou 271% (queda de 26 p.p. t/t) ainda assim, acima do setor. A qualidade de crédito do banco se mostrou controlada, com a inadimplência reportando aumento de 11 bps t/t para 2% no 2T22, influenciado principalmente pela carteira pessoa física, que subiu de 3,82% no 1T22 para 4,31% no 2T22 com a pressão vinda do cenário macroeconômico. Destacamos também o NPL em PJ que mantém a tendência do setor em níveis abaixo da normalidade a 1,25% (+0,2 p.p. t/t).
Carteira de crédito com maior avanço em PJ e no varejo cartão de crédito e consignado são destaque. A carteira de crédito ampliada registrou saldo de R$ 919,5 (+4,1% t/t e +73% a/a), com destaque no trimestre para o crescimento da carteira PJ que totalizou R$ 264,4 bilhões (+5% t/t e 11,5% a/a) com destaque às linhas de capital de giro, TVM privados e garantias. Já a carteira PF mostrou avanço de 2,1% t/t e 14% a/a com saldo de R$ 273 bilhões, com melhor performance no crédito consignado (+2,3% t/t e 10,5% a/a) e do cartão de crédito (+5% t/t e 51,7% a/a). No agro o banco reportou saldo de R$ 240,8 bilhões (+2,9% t/t e +27,3% a/a) com destaque para os certificados de direitos do agronegócio (+34,8% t/t e 463,4% a/a) e cédula de crédito rural (+28,8% t/t e +74,4% a/a). Destacamos o maior apetite do banco no plano safra 22/23 e também ao Pronampe, além de atuar com maior apetite que no passado a crédito de maior relação risco/retorno.
Serviços avançam com melhor performance em fundos e operações de crédito. As receitas com serviços totalizaram R$ 7,8 bilhões no 2T22 (+4,3% t/t e +3,3% Inter Research) com destaques para a principal linha, administração de fundos, que avançou 8,7% t/t vindo do melhor desempenho de fundos exclusivos com aumento do saldo médio, além disso a linha de operações de crédito avançaram 26% t/t com o crescimento de operações estruturadas. Em seguros, mesmo com o forte avanço da BB Seguridade, a companhia mostrou queda de 3,2% t/t.
Eficiência. As despesas administrativas totalizaram R$ 8,3 bilhões (+1,3% t/t e +0,1% Inter Research) impactadas pelo avanço das despesas com pessoal de +3% t/t pressionadas pelo reajuste salarial dos bancários ocorrido no ano passado. Por outro lado, houve redução das outras despesas administrativas de -1,7% t/t com a redução das outras despesas administrativas de -24,5% t/t, compensadas pelo aumento de 7,7% t/t em serviços de vigilância, segurança e transporte após repactuação de contratos de vigilância armada e aumento de transportes de valores devido ao saque extraordinário de FGTS no período. A eficiência operacional do banco seguiu com a tendência de melhora direcionada principalmente pelo avanço das receitas e mostrou redução de 280 bps t/t para 30,8% no 2T22.
ESG. A carteira de negócios sustentáveis do BB reportou saldo de R$ 292,2 bilhões no 2T22 (+13,3% a/a). Além disso, o banco realizou por meio do Congresso Mercado Global de Carbono, apoio aos clientes na originação, desenvolvimento e negociação de créditos de carbono. O banco também realizou através do programa BB pra Elas soluções para as mulheres como crédito no Pronampe de R$ 2,6 bilhões direcionados a mulheres empreendedoras e 24 mil empresas lideradas por mulheres, além de ações voltadas à educação empreendedora e saúde e bem-estar.