Sólido e surpreendente resultado em mais um trimestre
O resultado do 3T22 do Banco do Brasil veio positivo e acima das nossas expectativas e do mercado, com lucro líquido de R$ 8.360 milhões (+7,1% t/t e +17% Inter Research) e ROE de 21,8% (1,2 p.p. t/t e +3,1 p.p. Inter Research). O forte resultado foi direcionado principalmente pelos seguintes fatores: (i) forte desempenho em tesouraria beneficiando a margem bruta e mais que compensando o avanço do custo de captação, que ainda pressiona a receita financeira das operações de crédito e (ii) crescimento acima do esperado nas receitas com serviços vindo do avanço robusto em seguros (+20,3% t/t) e consórcios (+50,6% t/t). O BB apresentou boa performance no top line, mesmo com as despesas de PCLD avançando como esperado para fazer frente ao aumento da inadimplência, que no BB foi um avanço gradual. Com uma maior PCLD, o Banco retornou a níveis normalizados de provisionamento sobre o New NPL (91,24% no 3T22 vs 74,44% no 2T22), mesmo que ainda tenha apresentado redução na sua cobertura, que ainda reporta níveis acima do mercado, cobrindo com 235% da inadimplência. Com isso, com NII e Fees em crescimento, custo do risco e Opex controlados e uma eficiência em contínua melhora, o banco mostrou um sólido resultado.
O banco revisou seu guidance para 2022, com aumento do crescimento da carteira de crédito para faixa de 15% a 17%, com redução em pessoas físicas (faixa de 11% a 13%), maior avanço de empresas (faixa de 15% a 17%) e mantendo projeções para o agronegócio (faixa de 18% a 22%). Também houve aumento no guidance para o NII (faixa de 19,5% a 21,5%), receitas com serviços (faixa de 9 a 11%) e lucro líquido para a faixa de R$ 30,5 a R$ 32,5 bilhões, e foram mantidos os guidances de PCLD em R$ 17 a R$ 14 bilhões e das despesas administrativas entre 4% e 8%. Tendo em vista a nova projeção esperamos uma tendência positiva para o 4T22 que deve continuar com ROAE elevado, ainda que o banco mantenha ou eleve um pouco mais sua PCLD. Mantemos nossa recomendação de Compra para os papéis do Banco do Brasil (BBAS3) com preço-alvo de R$ 52.
Forte desempenho em tesouraria garante avanço no NII, custo de captação ainda pressionar apesar do aumento do spread global. Mesmo com maior custo do risco, margem financeira líquida avança. A margem financeira bruta foi de R$ 19.558 milhões no 3T22 (+14,6% t/t e +10,8% Inter Research) sendo o principal vetor o crescimento do resultado de tesouraria que avançou 36,3% t/t, beneficiado pelo resultado da carteira de títulos de renda fixa. No resultado com crédito, apesar do avanço de 10,2% t/t na receita financeira de operações de crédito, que foram beneficiadas pela reprecificação da carteira com mix avançando em linhas de maior risco/retorno, as despesas financeiras de captação comercial acabaram inibindo avançando 21,2% t/t, refletindo a maior taxa média Selic e mais dias úteis no período. Desta forma o spread global registrou 4,2% (+40 bps t/t). Com a PCLD avançando 53,8% t/t, vindo do maior custo de crédito compensado pelo bom nível em recuperação, o banco reportou uma margem financeira líquida de R$ 15.041 milhões (+6,5% t/t e +9,3% Inter Research) com spread ajustado pelo risco de 3,2% no 3T22 (+10 bps t/t).
Carteira com bom crescimento em todas as linhas, destaque para MPME com Pronampe. Qualidade deteriora 34 bps e em PF já reporta níveis acima de 2019. A carteira ampliada totalizou R$ 969,2 bilhões (+5,4% t/t e +19% a/a) com bom crescimento em todas os segmentos, mas destacamos o MPME que avançou 11,1% t/t devido a maiores desembolsos com o Pronampe. Em PF o banco cresceu modestamente a 2,7% t/t com destaques para o crédito consignado (+2,4% t/t e +8,3% a/a), empréstimo pessoal (+3,9% t/t e +22,6% a/a) e cartão de crédito (+3,4% t/t e +31,5% a/a). Já no Agro, o banco cresceu 9,1% t/t e 26,7% a/a com maiores destaques para operações de custeio, investimento e Pronaf. A inadimplência continua avançando pouco versus os players privados dado a boa qualidade da carteira do banco e registrou 2,34% no 3T22 (+34 bps t/t e +52 bps a/a). Segmentando o NPL, a carteira PF reportou forte avanço na Inadimplência com taxa de 5,25% (+95 bps t/t) influenciado pelo cenário macroeconômico e em linha com a estratégia de crescimento da carteira em linhas de melhor risco/retorno. Em PJ o nível ainda é controlado e abaixo da média histórica, o banco reportou inadimplência de 1,47% com avanço de 22 bps t/t e no agro o NPL é ainda menor registrando 0,47% (estável t/t). Com a deterioração concentrada no ramo PF, o banco reportou queda no índice de cobertura de 271% no 2T22 para 234,9% no 3T22, mas continua com um nível saudável versus os pares.
Serviços e Opex contribuem para um sólido desempenho. As receitas com serviços totalizaram R$ 8.524 milhões (+8,6% t/t e +6% Inter Research) com maior desempenho no trimestre vindo do resultado com seguros (+20,6% t/t) e consórcios (+50,6% t/t), mas também foi importante notar o crescimento em conta corrente (+9,5% t/t) e cartões (+10,7% t/t). Já as despesas administrativas totalizaram R$ 8.405 milhões, avançando apenas 1,2% t/t e em linha com o que esperávamos, desta forma o banco apresentou um índice de eficiência de 31,6% no 3T22 com melhora de 60 bps t/t, tanto por um melhor controle das despesas, quanto pelo forte avanço das receitas.
Avanços em ESG
- O Banco foi listado novamente na FTSE4 Good Index Series. Em estudo da consultoria Walk The Talk, o BB foi o banco mais associado à sustentabilidade do país. O banco já participa de índices de sustentabilidade como: Dow Jones (DJSI), ISE da B3 entre outros.
- A Carteira de crédito com negócios sustentáveis totalizou R$ 321,2 bi (+13,9% a/a) em set/22, resultando em 63% da meta de atingir R$ 250 bilhões até 2025, sendo 42,9% voltados a Negócios Sociais, 25,5% a Boas Práticas Socioambientais, 19,6% a Agricultura de Baixo Carbono e 12,1% Empresarial.
- O BB assinou em setembro os primeiros contratos de crédito de carbono, sendo três de projetos de originação de créditos de carbono nnos biomas Amazônia e Cerrado, e um negócio de comercialização de créditos na região sul.
- O banco tem trabalhado no engajamento para o investimento em ativos sustentáveis pelos clientes, desta forma o investimento responsável alcançou R$ 8,3 bilhões em set/22 (+28,2% a/a) com destaque para o crescimento de 7,3% no volume captado em LCA Verde que possui objetivo de fomentar a carteira de agricultura de baixo carbono do BB e atingiu R$ 4,7 bilhões em set/22.
- O BB realizou parceria com a Agência de Desenvolvimento Francesa (AFD) para viabilizar empréstimo de € 100 milhões para financiamento de projetos no setor de energia renovável.
- Formalizado acordo com o Banco de Desenvolvimento do BRICS onde serão disponibilizados US$ 200 milhões para ampliação da carteira ESG do BB e estabelecer um plano de cooperação para seleção de projetos sustentáveis.
- Captação de US$ 500 milhões com o Banco Mundial para promover a redução da emissão e a remoção de GEE.
- Até ago/22 foram migrados 55 prédios administrativos para o Ambiente de Contratação Livre, garantindo consumo de energia limpa e economia de R$ 43,5 milhões. Até o fim de 2022 o banco espera migrar mais 7 unidades e até 2023 mais 3 unidades.
- De janeiro a setembro/22 a Fundação Banco do Brasil mobilizou R$ 115,14 milhões em investimento social, somando recursos do Banco do Brasil, empresas do conglomerado e parceiros, viabilizando apoio a 232 projetos e ações socioambientais iniciadas, sendo 53% superior aos 9M21.
- Não houve menção acerca de novos avanços no aspecto de governança no trimestre.