Inflação no radar, além de tarifas
Mercados amanhecem em tom de cautela hoje, ainda tentando entender os possíveis efeitos das tarifas nos resultados corporativos, nas relações exteriores e, finalmente, na inflação. Esta semana, temos CPI nos Estados Unidos e IPCA no Brasil, com ambos, Fed e Bacen, atentos à evolução destes indicadores para suas decisões de política monetária. Em momentos de incertezas, ativos defensivos se destacam e o ouro bate novo recorde.
Estados Unidos
Apesar de terem encerrado em alta ontem, com especial destaque ao Nasdaq, futuros em Nova Iorque amanhecem em campo negativo hoje, enquanto investidores acessam os possíveis efeitos das respostas retaliativas de alguns países às medidas protecionistas de Trump. Ontem, os Estados Unidos anunciaram 25% de tarifas ao aço e ao alumínio importado, inclusive de países parceiros, como Canadá e México. Investidores também aguardam pelo CPI amanhã, que deve mostrar uma desaceleração da inflação m/m, avançando 0,3%. Além disso, mercado também monitora testemunho de Powell diante do Congresso, além de falas de outros membros do Fed, em busca de sinais mais concretos sobre as expectativas de inflação e mercado de trabalho, o que poderia definir os próximos movimentos de juros.
Mundo
Do outro lado do mundo tivemos um dia de correção para os mercados, também afetados pelas notícias de tarifas. No Japão, o Nikkei ficou fechado por conta do feriado nacional. Já na China, depois de um rali de seis dias, com sentimento positivo em razão da deepseek, mercados cederam, influenciados pelos impactos das tarifas no setor siderúrgico chinês, que vem compensando o menor consumo interno por meio das exportações. Na Europa, a atenção se volta para a decisão do Reino Unido em não retaliar os Estados Unidos junto com a Europa e buscar um acordo bilateral. Evidências de que a economia inglesa desacelera, tem elevado as apostas de mais cortes de juros pelo BoE. O frio extremo na Europa vem preocupando quanto à produção de gás e os preços batem as máximas de dois anos.
Brasil
O Ibovespa fechou em alta de 0,76% ontem, enquanto o dólar recuou a R$ 5,78. O maior movimento positivo veio das empresas de commodities, em especial as siderúrgicas e mineradoras, com os investidores tentando aproveitar algum movimento de resposta às tarifas. Hoje, no entanto, o cenário externo negativo pode pesar no índice local, com investidores aqui monitorando também os dados de inflação, com IPCA que deve mostrar avanço de 0,16% em janeiro. Além da inflação, fica no radar também encontro de Haddad com as lideranças do Senado para tratar a agenda econômica do governo. Teremos também encontro de Lula com ministros da Fazenda, Planejamento, Casa Civil e Gestão para possível reformulação do orçamento 2025.
Abertura
Na abertura, o índice dólar (DXY) opera estável, enquanto futuros em Wall Street têm pressão negativa. Os juros das Treasuries avançam, com o T-Bond de 10 anos em 4,52%. Bitcoin sobe e encosta nos US$ 98 mil, enquanto ouro bate novo recorde. Petróleo também avança.