Abertura da semana
Após Trump anunciar tarifas de 25% a países como México, Canadá e China, mercados globais fecharam o primeiro pregão da semana em queda, com o S&P caindo 0,76% e a Nasdaq recuando 1,2%, repercutindo o anúncio, que ao longo do dia foi suspenso, enquanto Trump negocia com seus alvos. O Ibovespa por sua vez, acompanhou o mau humor global, mas apresentou uma queda mais contida de 0,13%, sem maiores catalisadores. Apesar do movimento de ontem ter feito o dólar ganhar força frente aos pares, por aqui, vimos o dólar recuar.
Hoje mercados seguem em tom de cautela e monitoram balanços no exterior e os desdobramentos da guerra comercial. Por aqui, a ata do Copom é destaque, enquanto investidores aguardam o início da temporada de resultados com grandes bancos inaugurando a sessão nesta semana.
O crescimento dos ETFs no Brasil
Recentemente estava dando uma olhada na minha carteira e vi que estava pouco diversificado. Eu, como mero mortal, nem sempre disponho do financeiro para alocar eficientemente ou consigo despender de tempo para ter a profundidade necessária para entender algum case específico isoladamente. Numa dessas, a gente perde oportunidades.
Mas a indústria financeira é criativa e sempre traz soluções para nós, investidores. Uma delas e que já ganhou popularidade com o investidor americano há três décadas são os ETFs, os fundos negociados em bolsa, conhecidos também como Exchange-Traded Funds. E eu particularmente já fui fisgado pelas facilidades que o mercado financeiro nos proporciona.
Os ETFsoferecem uma maneira acessível e eficiente para investidores diversificarem seus portfólios, combinando características de fundos mútuos e ações. Os ETFspermitem a negociação em bolsa como ações individuais, mas replicam o desempenho de um índice ou classe de ativos, proporcionando maior liquidez e transparência.
A popularidade dos ETFscresceu exponencialmente e qual seria a razão para todo esse sucesso? Respondo:
- Baixos custos: ETFsgeralmente têm taxas de administração menores do que fundos de investimento tradicionais.
- Diversificação:Permitem exposição a diversos ativos sem a necessidade de compra individual de cada um.
- Liquidez:Podem ser negociados em tempo real durante o pregão, ao contrário dos fundos de investimento tradicionais, que só podem ser resgatados no final do dia.
A explosão do mercado nos EUA. Os Estados Unidos são o berço da indústria de ETFs, tendo lançado o primeiro fundo desse tipo em 1993. Desde então, o setor se expandiu exponencialmente. O primeiro ETF do mundo e também o maior do mundo hoje, o SPDR S&P500 ETF Trust (SPY), foi lançado em 1993 pela StateStreet Global Advisors. Esse fundo foi projetado para replicar o desempenho do índice S&P 500 e rapidamente se tornou um dos veículos de investimento mais populares do mundo. Nos anos 2000, o mercado de ETFsnos EUA começou a se expandir rapidamente, impulsionado por avanços tecnológicos, maior aceitação entre investidores institucionais e o desenvolvimento de novos produtos. Em 2000, existiam cerca de 80 ETFsnos EUA, um número que saltou para 950 em 2010 e superou 3.000 em 2024. Consequentemente, os ativos sob gestão também aumentaram significativamente.

E para quem quiser entender um pouco mais sobre a indústria de ETFsnos Estados Unidos, pode conferir tudo no nosso Inter&CoPodcast: The success behind ETFs and the man behindit
Uma indústria em crescimento no Brasil.Embora o mercado de ETFsnos EUA tenha crescido exponencialmente desde os anos 1990, o Brasil iniciou sua jornada nesse setor apenas em 2004, com o lançamento do PIBB11, primeiro ETF brasileiro. O PIBB11 foi criado pelo governo com o objetivo de facilitar o acesso do investidor comum a uma carteira diversificada de ações. No entanto, a adoção inicial foi lenta, pois muitos investidores desconheciam esse tipo de produto e o mercado ainda estava em estágio inicial. O número de ETFslistados na B3 aumentou significativamente nos últimos anos com a introdução de ETFs de renda fixa, de setores específicos e até mesmo de criptomoedas, o que ajudou a aumentar a atratividade desse mercado.

Embora o Brasil tenha avançado significativamente na adoção de ETFs, o mercado ainda é relativamente pequeno em comparação aos EUA. A principal diferença entre os dois mercados é o tamanho do próprio mercado, com os EUA possuindo mais de 3.000 ETFs e US$ 10 trilhões em ativos sob gestão, enquanto o Brasil possui 112 ETFs e cerca de R$ 50 bilhões de ativos sob gestão.
Alguns desafios. No Brasil alguns fatores contribuem com o mercado ainda pequeno, como o baixo conhecimento do investidor sobre ETFs, maior custo relativo em comparação aos EUA, onde a indústria é bastante competitiva, menor liquidez do mercado brasileiro e restrições regulatórias e tributárias. Apesar dessas diferenças, há um potencial significativo para a expansão do mercado de ETFs no Brasil, à medida que mais investidores adotam estratégias de investimento passivas e buscam diversificação. O futuro da indústria de ETFspromete continuar crescendo, tanto nos EUA quanto no Brasil.
O perfil do investidor de ETFsno Brasil.Segundo dados da B3, existem 713 mil investidores em ETFs no Brasil hoje, deles, 581 mil investidores são pessoa física. Hoje os principais investidores de ETFssão Investidores Institucionais com 57,6% de participação no mercado, seguido pelas Pessoas Físicas com 33,3% da custódia e investidores estrangeiros com 6,4% e o restante com os demais. Fato interessante é que no volume negociado, os investidores institucionais e os estrangeiros juntos, respondem por 73% do total, o que evidencia um mercado ainda patrocinado por formadores de mercado.

A preferência do investidor. No Brasil os ETFssão divididos basicamente em 4 categorias, ETFs de Renda Fixa e Renda Variável que se dividem entre os que investem apenas no Brasil ou no exterior em ambos os tipos. A preferência do investidor brasileiro por ETFshoje é para investir em renda variável que investe em ativos no exterior, com 57% dos investidores preferindo este tipo de ETF dada a facilidade de investir domesticamente no exterior evitando questões tributárias e também aproveitando o benefício da diversificação. O segundo tipo mais investido são os ETFs de renda variável que investem em ativos locais, com 33% da preferência do investidor. Os ETFs de renda fixa ficam empatados entre locais e internacionais com 23% cada um.

A indústria de ETFstransformou o mercado financeiro global ao oferecer uma maneira eficiente, acessível e transparente para investidores diversificarem seus portfólios. Nos EUA, os ETFs já são a principal ferramenta de investimentos, e no Brasil, apesar do crescimento mais lento, há um enorme potencial para expansão e o investidor tem preferido cada vez mais essa modalidade.
Lembrando que no total temos 112 ETFslistados, sendo 96 deles de renda variável, Listamos os 10 maiores ETFslistados na B3 nos dois segmentos, renda variável e renda fixa. Confira abaixo:
