Renda Variável


Inter News | Renda Variável

matheus1

Matheus Amaral

Publicado 14/jan5 min de leitura

Abertura da Semana

Começamos a semana resistindo ao mau humor global. Enquanto indicadores em Nova York começam a semana em queda acentuada, refletindo preocupações com os próximos passos da política monetária nos Estados Unidos, que ao que tudo indica tem se direcionado para juros elevados por mais tempo até que a inflação americana retorne à meta de 2%, e hoje está em 2,7%. Os dados do payroll na semana passada não ajudaram e essa semana o mercado aguarda ansiosamente o CPI (inflação ao consumidor) e também o PPI (inflação ao produtor) para terem mais pistas sobre a trajetória dos juros.

Do outro lado do mundo, a China reportava dados acima do esperado nas exportações, o que ajudou as commodities, principalmente as metálicas. O que de alguma forma nos ajudou por aqui, mas não ajudou os índices de renda variável por lá. Desta forma o Ibovespa conseguiu escapar dos pares globais e tivemos um pregão puxado basicamente por papéis de commodities e bancos. Por outro lado, o mercado segue de olho em qualquer novidade sobre novos ajustes no corte de gastos pelo governo.

Uma seca de IPOs, mas um futuro promissor

Você se lembra do último IPO (oferta pública inicial) da bolsa? É triste dizer, mas não foi no ano passado, nem no ano retrasado, mas sim em agosto de 2021. Diga-se de passagem, naquele mês foram 5 ofertas públicas e naquele ano contamos com 46 novas companhias listadas, seguidos de um ano de 2020 com 28 companhias listadas.

O momento de mercado.Uma característica para um bom IPO, do ponto de vista da empresa que está listando é ser feito em um bom momento de mercado. Obviamente, em um bull market o investidor está com melhor apetite para tomar risco e consequentemente os preços e a demanda a serem fechados tendem a ser mais altos. Na outra ponta, em momentos em que o mercado ou está de lado ou em baixa, ninguém quer lançar suas empresas a “preço de banana”.

Fato é que, de 2015 até 2020, a bolsa avançou 175% ou uma taxa de 18% ao ano. E essa onda positiva, claro, gerou uma série de IPOs, que se intensificou em 2020 e 2021, totalizando só naquele biênio devido ao momento conhecido como financial deepening, onde o sistema financeiro ficou mais desenvolvido, competitivo em conjunto com pessoas que passaram a se interessar mais por investimentos tendo em vista as baixas taxas de juros vivenciadas naquela época que chegaram a atingir 2%.

Mas aqui é Brasil! Não demorou muito para a bolsa desandar desde 2021, onde nos últimos 4 anos a bolsa só subiu 14% com uma taxa anual de 3,5%. E claro, estávamos vivenciando um mundo diferente, com inflação elevada no mundo todo e os bancos centrais com juros altos para conter o dragão da inflação. Ambiente este que não favoreceu novos IPOspor aqui. Além disso, diversos fatores inerentes ao Brasil acabaram não favorecendo para novas ofertas.

E para completar, não só não tivemos IPOsmas o fluxo de cancelamentos de listagens seguiu seu rumo, mas nada fora do normal. Se considerarmos o histórico de 2004 até hoje, tivemos 234 IPOs e 415 cancelamentos, tornando o saldo líquido entre IPOs e cancelamentos negativo desde o boom de ofertas vivenciado em 2007.

Um histórico que não ajuda. O histórico dos IPOstalvez não ajude tanto, tendo em vista que, na maioria dos casos o investidor acaba comprando caro da mão de investidores de saída. Mas o que eu mais gosto é que essas companhias com o passar do tempo podem ser encontradas a bons preços, mas existem sim boas oportunidades em IPOs. Veja bem, se considerarmos todos os IPOs na B3 desde 2020, das 71 empresas, 85% apresentaram performance negativa até hoje e só os 15% restante estão no positivo. A média de performance negativa é de 66% enquanto a média de performance positiva é de 74%.

Um futuro promissor?Toda essa história triste, apesar dos pesares, pode ter um final muito feliz. É evidente que estamos em um ciclo ruim para a bolsa, mas esse ciclo uma hora tende a virar, afinal de contas o mercado é feito de ciclos, a vida mesmo tem seus altos e baixos. O fato é que hoje a bolsa conta com apenas 366 empresas listadas e a capitalização de mercado é de um total de US$ 663 bilhões, considerando o free floatdas companhias de US$ 432 bilhões e 92% dele está no Ibovespa, em um eventual momento de bull market, talvez faltará opções para o investidor estrangeiro alocar e o movimento nesses casos onde há muita demanda e pouca oferta, pode resultar em altas vertiginosas. Portanto, esteja preparado pois o futuro é logo ali.

Receba nossas análises por e-mail